20 de outubro de 2014 | 13:50 Autor: Fernando Brito
Aécio disse ontem no debate que não foi Presidente da República, embora tenha sido figurão nos oito anos de Governo FHC.
Mas foi governador de Minas, por oito anos e sucedido por um correligionário, como Dilma fez a Lula.
E certamente poderia, por lá, ter demonstrado sua preocupação com a situação de pobreza aguda de muitas cidades e povoados mineiros.
A bela reportagem, de Patrícia Britto, da equipe do Brasil, blog da Folha, é uma lição aos pretensiosos.
Porque os 69 eleitores de Galho de São Domingos, um comunidade do pequeno município de Bonito de Minas, habitada por seres humanos como nós comparou seus dois governantes: Aécio e Dilma.
É uma gente estranha, talvez, por querer muito pouco: poder plantar, comer, não ver os filhos morrerem de inanição.
E a Dilma deram todos os votos, sem faltar nenhum.
Como fizeram quase todos os 4822 eleitores de Bonito de Minas, ao qual pertence Galho de São Domingos e sua pobreza, no qual Dilma venceu com 86,6% dos votos daqueles mineiros, que só deram 10,8% ao homem que os governou por oito anos e manda lá por mais quatro, com seu “choque de gestão”.
Que bom que o meu voto valha tanto quanto o deles, gente que dá muito e quase nada recebe.
Porque o que me faz humano e brasileiro é entender que eles o são tanto quanto eu.
Se lhes matam a fome do estômago, matam a fome de minha consciência.
Se lhes acendem uma luz elétrica à noite, a mim também clareiam.
Se os reconhecem como seres humanos, a mim permite viver sem tantas culpas, por ter mais do que tiveram meus pais e meus avós.
O que eles querem é tão simples, tão singelo, tão pouco que chega a dar vergonha das nossas sofisticações.
Diz lá o seu Domingos, servente como eu, que acho servir de muito:
“A gente não quer sofrer”.
Só.
E tem gente por aqui que acha que o senhor quer muito, Seu Domingos.
E que eles é que sofrem, em meio a abundância em que vivem.
Aécio disse ontem no debate que não foi Presidente da República, embora tenha sido figurão nos oito anos de Governo FHC.
Mas foi governador de Minas, por oito anos e sucedido por um correligionário, como Dilma fez a Lula.
E certamente poderia, por lá, ter demonstrado sua preocupação com a situação de pobreza aguda de muitas cidades e povoados mineiros.
A bela reportagem, de Patrícia Britto, da equipe do Brasil, blog da Folha, é uma lição aos pretensiosos.
Porque os 69 eleitores de Galho de São Domingos, um comunidade do pequeno município de Bonito de Minas, habitada por seres humanos como nós comparou seus dois governantes: Aécio e Dilma.
É uma gente estranha, talvez, por querer muito pouco: poder plantar, comer, não ver os filhos morrerem de inanição.
E a Dilma deram todos os votos, sem faltar nenhum.
Como fizeram quase todos os 4822 eleitores de Bonito de Minas, ao qual pertence Galho de São Domingos e sua pobreza, no qual Dilma venceu com 86,6% dos votos daqueles mineiros, que só deram 10,8% ao homem que os governou por oito anos e manda lá por mais quatro, com seu “choque de gestão”.
Que bom que o meu voto valha tanto quanto o deles, gente que dá muito e quase nada recebe.
Porque o que me faz humano e brasileiro é entender que eles o são tanto quanto eu.
Se lhes matam a fome do estômago, matam a fome de minha consciência.
Se lhes acendem uma luz elétrica à noite, a mim também clareiam.
Se os reconhecem como seres humanos, a mim permite viver sem tantas culpas, por ter mais do que tiveram meus pais e meus avós.
O que eles querem é tão simples, tão singelo, tão pouco que chega a dar vergonha das nossas sofisticações.
Diz lá o seu Domingos, servente como eu, que acho servir de muito:
“A gente não quer sofrer”.
Só.
E tem gente por aqui que acha que o senhor quer muito, Seu Domingos.
E que eles é que sofrem, em meio a abundância em que vivem.
Conheça a comunidade rural onde Dilma teve 100% dos votos
Patrícia Britto, na Folha
Em um povoado da zona rural de Bonito de Minas, município do norte mineiro a 644 km de Belo Horizonte, todos os 69 eleitores que votaram no primeiro turno das eleições deste ano têm algo em comum: escolheram a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição.
Para chegar até a Escola Municipal de Galho de São Domingos II, onde foi a votação, a urna eletrônica da zona eleitoral mineira de número 148, seção 378, teve que ser levada em um veículo com tração nas quatro rodas, desde o centro de Bonito de Minas, por 46 km de uma estrada que toda um areão.
Esse percurso dura mais de uma hora e cruza cenários que vão de um balneário no rio Catulé a terrenos com árvores típicas do cerrado brasileiro, com folhas ressecadas nesta época do ano. O cheiro de queimada é frequente nos meses de seca.
Ao lado do prédio, cercado de mato e areia, a placa apoiada numa árvore informa: “Escola rural de uma sala de aula”.
Nesta sala única, 22 alunos de quatro séries diferentes dividem a atenção da professora, também moradora da comunidade. Com cerca de 50 metros quadrados, a escola tem ainda dois banheiros e uma cantina.
É lá onde votam as 38 famílias que vivem no Galho de São Domingos II, uma das 35 comunidades rurais de Bonito de Minas. Um desses eleitores é o servente Domingos Armindo Ribeiro, 54, que tem uma relação antiga com o local: foi ele quem construiu o primeiro prédio da escola, há 16 anos –na época, uma rudimentar casa de pau-a-pique.
Para a família de Domingos, a vida no povoado se transformou nos últimos anos com a chegada de programas federais como o Bolsa Família, que seus quatro filhos recebem.
“Se o governo não tivesse ajudado meus filhos, o que eu ganho seria pra partilhar com eles”, diz o servente, que recebe um salário mínimo para limpar a escola e fazer a merenda dos alunos.
O servente Domingos Armindo Ribeiro, 54, em comunidade rural de Bonito de Minas – Foto de Ernesto Rodrigues/Folhapress
Antes da construção da escola, seu Domingos fazia bicos para sobreviver, cortando lenha, enquanto a mulher trabalhava na roça.
“Eu nunca tive moleza na vida não, pra mim tudo foi duro, mas está bom. Se o governo não tivesse ajudado, eu já tinha ido pra debaixo da terra.”
O voto em Dilma, diz ele, é para tentar garantir os benefícios que recebem: “A pessoa não quer trocar o certo pelo duvidoso. Antes um na mão do que dois avoando”.
“Os pobres não pulam pro outro lado por medo. Às vezes, os candidatos fazem uma promessa, dizem que vão fazer isso e aquilo, e quando chegam no poder dizem que só vão fazer o que quiserem, e temos que aguentar por quatro anos. A gente não quer sofrer.”
Atualmente, mais da metade dos moradores de Galho de São Domingos II são beneficiados pelo Bolsa Família. A energia elétrica chegou em 2007. Há ainda bolsa para afetados pela estiagem, moradias em construção pelo programa Minha Casa, Minha Vida, e as estradas começaram a ser melhoradas com ajuda de máquinas doadas pelo governo federal.
Segundo o prefeito José Reis (PPS), por muitos anos o município teve dificuldades para se desenvolver por estar em uma “zona cinzenta” entre Nordeste e Sudeste, o que começou a ser superado com a chegada dos programas federais.
“O Norte de Minas tem características climáticas do Nordeste, mas quando apresentamos propostas temos certa restrição porque estamos na área geográfica do Sudeste. Não recebemos nem os incentivos do Nordeste nem os benefícios do Sudeste. Ficamos numa zona cinzenta, num vácuo de divisão geográfica, de investimento e de reconhecimento pela União e Estado.”
Para Eustáquio Gonçalves dos Santos, 62, que preside a associação de moradores do povoado, foram esses benefícios que fizeram Dilma conquistar o voto de todos os eleitores do local.
“O trabalho que o Lula fez permitiu que a Dilma desse continuidade. Aqui melhorou foi 100%, e o povo carente não quer perder de jeito nenhum”, disse.
A opinião é compartilhada pela dona de casa Francisca de Assis Viana dos Santos, 60, mulher de Eustáquio.“Antes, o pessoal vivia como se fosse escravidão. A gente tinha que dividir o que tinha com as pessoas ao redor que não tinham o que comer. Hoje, você pode ver, ninguém perturba mais ninguém pedindo, hoje todas as pessoas da roça têm o que comer.”
Apesar das melhorias, o povoado espera mais avanços, como água encanada e saneamento básico. A água usada para beber e cozinhar, por exemplo, ainda é tirada de um rio que passa ali perto, o Galho Grande, que nos meses de seca tem o nível do leito mais baixo que o normal. E o posto de saúde mais próximo fica no centro da cidade, a 46 km de estrada de terra.
Tijolaço
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