quarta-feira, 4 de março de 2015

RENAN AO 247: 'NÃO SE AUMENTA IMPOSTO COM MP'


Em entrevista exclusiva ao 247, o presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), explicou sua decisão de rejeitar a medida provisória que tratava do fim da desoneração na folha trabalhista; "matéria tributária tem que ser discutida por meio de projeto de lei e a presidente Dilma fez bem em reencaminhar a proposta da maneira correta", disse; segundo ele, sua decisão não decorre de qualquer insatisfação com a Lava Jato ou com demandas por cargos no governo federal; "essa investigação é um ponto alto da democracia e eu só lamento que o procurador-geral não tenha dado a oportunidade às pessoas de se defender previamente", afirmou o senador, que está na lista de Rodrigo Janot; ele afirmou,ainda, que o Palácio do Planalto rebaixou a relação com o PMDB, seu principal aliado, e tentou inflar artificialmente o PSD, de Gilberto Kassab

4 DE MARÇO DE 2015 ÀS 12:36


247 - O senador Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Congresso Nacional, não parece preocupado com os desdobramentos da Operação Lava Jato. Incluído na lista do procurador-geral Rodrigo Janot, ele será alvo de um pedido de inquérito ao Supremo Tribunal Federal. Ao que tudo indica, o motivo é a declaração da ex-contadora do Alberto Youssef, Meire Poza, que relatou uma tentativa do doleiro de realizar negócios com fundos de pensão sob influência do PMDB. "Não conheço esse senhor, nunca o vi e ele próprio afirmou que não conseguiu ter nenhuma reunião comigo", afirmou Renan ao 247, na manhã desta quarta-feira (4), na residência oficial do Senado. "Só lamento que o procurador-geral não tenha dado oportunidade às pessoas citadas de se defenderem previamente".

Renan se queixa da atitude do procurador-geral, Rodrigo Janot, que atirou diversos nomes na vala comum, sem oportunidade de defesa. "A Lava Jato é um ponto alto da democracia e todo homem público deve ser questionado", afirma. "Mas nenhum cidadão pode ser violentado em suas garantias individuais", completa.

Ontem, no mesmo dia em que teve seu nome envolvido na Lava Jato, Renan tomou uma decisão surpreendente. Devolveu a Medida Provisória, que tratava da desoneração sobre a folha de pagamento. Retaliação? "Claro que não", disse ele. "A questão é que a matérias tributárias não podem ser tratadas aqui por meio de medida provisória e a presidente Dilma agiu bem ao enviar um projeto de lei, que agora terá seu trâmite normal", diz ele. Segundo Renan, dentro de 45 dias, a questão poderá ser resolvida.

Ele lembra que, três meses atrás, as desonerações foram tornadas permanentes. Agora, tudo muda. "O Brasil já tem custos de produção altíssimos e é essa mudança permanente nas regras que mina a confiança de empresários e investidores".

Renan se diverte ao ser confrontado com os "21 motivos" que foram apontados na imprensa como a explicação para o fato de ter devolvido a MP. "Falaram de tudo", diz ele. Uma das razões apontadas seria sua suposta insatisfação com o fato de não ter feito o sucessor de Sergio Machado, que era seu indicado na Transpetro. "Eu fui o primeiro a sugerir que ele saísse. O que eu posso dizer sobre ele é que fez um grande trabalho na Transpetro, ajudou a fazer renascer a indústria naval e não há uma única prova contra ele até agora", afirma. 

Outro dos motivos apontados na imprensa seria a frustração com a provável substituição de Vinícius Lage, seu aliado, no Ministério do Turismo – ele deverá ser substituído pelo ex-deputado Henrique Eduardo Alves, cujo nome não consta da 'lista de Janot'. "Eu apoio o Henrique Eduardo no Turismo", diz Renan. "Já disse isso a ele, à presidente e ao ministro Mercadante", afirma. "O Vinícius é um quadro técnico, que fez um excelente trabalho e poderá ser aproveitado em outras funções".

O partidão de Kassab

Há, porém, um ponto que realmente atingiu em cheio a aliança entre PT e PMDB: a estratégia do Palácio do Planalto de turbinar o projeto político de Gilberto Kassab, que pretendia recriar o PL e fundi-lo com o seu PSD. "Lá atrás eu disse à presidente que nós, do PMDB, estávamos percebendo que havia aliados de primeira e segunda classe", afirmou. "O PMDB é um partido grande porque conquistou seu espaço nas ruas, no voto, assim como o PT e o PSDB. Não dá para aceitar uma manobra totalmente artificial".

Ontem, no entanto, o Senado deu o troco, ao aprovar um projeto que, na prática, impede a fusão entre o PSD e o PL. Dentro de 15 dias, a presidente Dilma poderá sancionar o texto – é essa a expectativa do PMDB – ou vetá-lo. Caso opte pela segunda alternativa, estará se distanciando ainda mais daquele que, no primeiro mandato, foi um dos seus principais aliados.



Brasil 247

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