Advogado do senador Ciro Nogueira (PP-PI), o criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, comentou a Operação Politeia, que, nesta terça-feira, cumpriu buscas e apreensões nas casas de três senadores, incluindo seu cliente; "estou estarrecido com o que aconteceu", diz ele; "o delegado não apresentou a decisão que amparava a invasão"; Kakay disse ainda que, além de quebrado o tênue equilíbrio que separa os poderes, o direito de defesa foi violentado; "como eu posso defender meu cliente de uma violência tão grande se não é possível saber do que ele é acusado?"; numa petição apresentada nesta noite ao STF, comandado por Ricardo Lewandowski, ele pede acesso às justificativas da busca e apreensão, formuladas pelo ministro Teori Zavascki e também à delação do empresário Ricardo Pessoa; em nota, Senado condenou "violência ao estado democrático"
14 DE JULHO DE 2015 ÀS 22:13
Brasília 247 – O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, um dos mais notórios de Brasília, deu o tom do que será a reação dos senadores à Operação Politeia, deflagrada nesta terça-feira pela Polícia Federal, atingindo três parlamentares: Ciro Nogueira (PP-PI), Fernando Collor (PTB-AL) e Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE). "O Supremo Tribunal Federal violentou o Senado Federal", disse Kakay, como é chamado o advogado, ao 247.
Segundo ele, que defende Ciro Nogueira, os policiais que cumpriram os mandados de busca e apreensão não apresentaram as decisões que ampararam o que chamou de "invasões" ilegais. "Como eu posso defender meu cliente se não sei do que ele é acusado?", questiona Kakay. "Hoje, eu me sinto completamente tolhido no papel de exercer o direito de defesa". O advogado defende ainda que a Ordem dos Advogados do Brasil se manifeste sobre o que ocorreu nesta terça-feira.
Nesta noite, Kakay fechou uma petição encaminhada ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski. Nela, pede que sejam explicitadas as razões que levaram o ministro Teori Zavascki a determinar os mandados de busca e apreensão. Kakay pede ainda para ter acesso à íntegra dos depoimentos do empresário Ricardo Pessoa, em sua delação premiada. "Da forma como foi feita a ação desta terça-feira, foi quebrado o tênue equilíbrio entre os poderes".
Nesta terça-feira, em nota, o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), condenou o que chamou de "violência ao Estado Democrático". Leia, abaixo, reportagem da Reuters:
Renan diz que ação da PF contra senadores foi "violência ao Estado Democrático"
Reuters - O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse nesta terça-feira que a operação de busca e apreensão realizada pela Polícia Federal em apartamentos funcionais de senadores representa uma "violência contra as garantias constitucionais em detrimento do Estado Democrático de Direito".
Em nota lida no plenário do Senado, Renan afirmou que a ação da PF "beira a intimidação" e disse ainda que o Senado não abre mão que qualquer operação da PF em instalações da Casa sejam acompanhadas pela Polícia do Senado. Ele afirmou também que os agentes federais não apresentaram os mandados judiciais para realizaram busca e apreensão.
"A busca e apreensão nas dependências do Senado Federal deverá ser acompanhada da Polícia Legislativa. Disso não abriremos mão", afirmou o parlamentar.
"Buscas e apreensões sem a exibição da ordem judicial, e sem os limites das autoridades, que as estão cumprindo, são invasão. São uma violência contra as garantias constitucionais em detrimento do Estado Democrático de Direito."
Nesta terça-feira, a PF cumpriu determinação dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Melo, Ricardo Lewandowski e Teori Zavascki e realizou operação de busca e apreensão em imóveis ligados aos senadores Fernando Collor de Mello (PTB-AL), Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) e Ciro Nogueira (PP-PI), entre outras pessoas.
As investigações contra Collor e os demais políticos com foro privilegiado foram autorizadas pelo STF, após pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Os imóveis funcionais de alguns parlamentares, como o de Collor, também foram alvo da operação.
A ação foi um desdobramento da operação Lava Jato, que investiga esquema bilionário de corrupção na Petrobras.
"As instituições, entre si independentes, precisam estar atentas e zelosas ao cumprimento e respeito aos limites legais estabelecidos na Constituição Federal para que não percamos garantias que foram duramente reconquistadas", afirmou Renan ao finalizar a nota.
A Polícia Federal informou, por meio da assessoria de imprensa, ainda não ter tomado conhecimento da nota de Renan, mas afirmou, em resposta a críticas anteriores feitas à operação desta terça-feira, que a ação não está subordinada ao regimento interno do Senado, que determina que a Polícia da Casa acompanhe os agentes na operação.
Lembrando que a busca e apreensão foi determinada por decisão do STF, a PF negou ainda que os agentes não apresentaram a decisão da Justiça ao cumprirem o mandado.
De acordo com a Polícia Federal, os mandados de busca e apreensão foram sim apresentados, mas não foram entregues aos membros da Polícia do Senado, pois eles não têm "legitimidade" para receber este documento.
(Reportagem de Eduardo Simões, em São Paulo)
Brasil 247
Nenhum comentário:
Postar um comentário