quarta-feira, 15 de julho de 2015

Quando a “baderna institucional” é feita pelas instituições, precisa-se de um líder

15 de julho de 2015 | 12:31 Autor: Fernando Brito



A manchete da Folha retrata o que ontem se disse aqui: é questão de tempo – e pouco – uma ação do Ministério Público contra Eduardo Cunha e Renan Calheiros.

E prossegue com o retrato da baderna institucional que as instituições, elas próprias, se encarregaram de impor ao país: a Justiça (Moro e os que não lhes puseram os freios que mereciam sua espetaculosidade e métodos prisionais “medievais”, para ficar na expressão, verdadeira mas oca e inútil do Ministro Teori Zavascki); a Polícia Federal desgovernada, transformada em máquina de conspiração e um Ministério Público que adota métodos de persecução da verdade – ou do conveniente – com o espírito da Inquisição, onde o encarceramento e a opressão do acusado levam à produção da declaração do que se quer ouvir.

A Folha narra o impensável, como algo absolutamente “normal”: o Procurador Geral da República “baixar” às quatro da matina na reunião dos policiais que se preparavam para as “batidas” nas casas dos senadores acusados para dar “palavras de incentivo”

“O procurador ensaiou uma fala motivadora no briefing da madrugada. Citou até Mahatma Gandhi.”, descreve o jornal.

Tudo passou a ter caráter político e promocional, desde que se permitiu a Sérgio Moro adonar-se de um processo, como sendo o único e solitário cavaleiro da moralidade no Brasil e desfilar, garboso e armado, como “salvador”.

Não apenas seus abusos tornaram-se impossíveis de serem contrariados – quem se arrisca ao papel de “vilão” que isso trará – como o “vale-tudo” espalhou-se por todas as esferas de poder legislativo e judiciário.

Tudo passou a ser “aceitável” em matéria de mistura de investigação judicial e objetivos políticos.

Cunha e Renan “têm o direito” de arruinar as finanças públicas comoforma de contrariar o que acha ser a não interferência do Governo nas ações da Procuradoria contra eles.

O procurador-geral tem o direito de descer da liturgia que o cargo lhe impõe.

Os ministros do Supremo se tornam autorizadores de espetáculos mórbidos de exibição das suspeitas colloridas, com desfile de carros de luxo.

O ministro da Justiça é omisso, mudo e, quando abre a boca, é para dizer tautologias “republicanistas”.

A mídia toma os atos tresloucados de todos e, com eles como ingredientes, dá ao país o clima de “zorra total”.

Como querer que o um país enfrente assim uma grave crise?

É neste quadro que a ausência de liderança se torna, paradoxalmente, gigantesca.

O país quer se voltar para um líder que faça se normalizar a vida nacional – não, normalização não quer dizer impunidade – e o único de que o Brasil dispõe se chama Lula.

É evidente que é a ele que o pensamento mais equilibrado do país quer recorrer e a quem os “pescadores de águas histéricas” querem evitar.

Estes querem espanta-lo com pesquisas e intrigas sistematicamente plantadas pelo – desculpem, não consigo evitar a palavra usada pelo velho Brizola, no sentido que tem em espanhol, de associação indigna, pactos ilícitos, conspirações, etc…) “contubérnio” entre Justiça, Polícia, MP e mídia.

É natural que a Lula se voltem os olhares de quem tem esperança num Brasil de normalidade, legalidade e progresso.

E é incompreensível que aquela que tem à mão a fonte de sua própria legitimidade no cargo de Presidenta não lance mão de seu simbolismo, presa no círculo de giz da abulia e da soberba.


Tijolaço

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