quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Câmara aprova novas regras para as próximas eleições



30 setembro 2015                                         Carlos Eduardo



Acaba de ser publicada lei 5.735/2013, que institui a chamada "minirreforma eleitoral"

De agora em diante, ao invés de 90 dias serão apenas 45 dias de campanha. O prazo para o candidato se filiar a um partido antes das eleições também foi reduzido de um ano para seis meses. Quem trabalha nas eleições com carro de som, ou como cabo eleitoral, terá que contribuir com o INSS, como contribuinte individual.



Principais mudanças

1) O prazo de filiação partidária fixado em seis meses antes da data das eleições.

2) Janela: fica permitida a mudança de partido efetuada durante o período de 30 dias que antecede o prazo de filiação exigido em lei para concorrer à eleição, seja majoritária ou proporcional, que se realizará no ano anterior ao término do mandato vigente.

3) Fixação de teto para gastos de campanha:

a) Para os cargos de Presidente, Governador e Prefeito:

Se na eleição anterior houve apenas um turno, o teto será de 70% do maior gasto declarado para o cargo, na circunscrição eleitoral;
Se tiver havido dois turnos, o limite será de 50% do maior gasto declarado para o cargo, na circunscrição eleitoral;
Para segundo turno, o limite de gastos será de 30% do gasto efetuado no primeiro turno.

b) Para cargos de Senador, Deputado Federal, Deputado Estadual, Deputado Distrital e Vereador:

Limite de 70% do gasto contratado na eleição anterior, na circunscrição eleitoral.

4) Redução do período da campanha eleitoral de 90 para 45 dias.

5) Mudança na distribuição do tempo reservado à propaganda eleitoral:

Redução de 45 para 35 dias o período em que a propaganda deve ser transmitida pelas emissoras, antes das eleições gerais ou municipais;
90% serão distribuídos proporcionalmente ao número de representantes da Câmara dos Deputados, considerados:

Nas coligações das eleições majoritárias, o resultado da soma do número de representantes dos seis maiores partidos que a integrem;
Nas coligações das eleições proporcionais, o resultado da soma do número de representantes de todos os partidos que a integrem.

6) Voto impresso vetado.

7) Prazo mínimo de filiação do candidato ao partido pelo qual concorrerá na eleição seguinte passa de um ano para seis meses.

8) Manutenção da contratação de carros de som e cabos eleitorais. Porém, a partir de agora o pessoal contratado pelos candidatos ou partidos para as campanhas eleitorais deverão contribuir com o INSS, como contribuinte individual;

Novo calendário eleitoral

1) Convenções
De 20 de julho a 5 de agosto do ano da eleição.

2) Registro
15 de agosto do ano da eleição.

3) Duração da Campanha eleitoral
45 dias.

4) Propaganda Eleitoral
A partir de 15 de agosto do ano da eleição.

5) Vedação às emissoras de transmitir programa apresentado ou comentado por quem venha a ser candidato
30 de junho do ano da eleição

6) Propaganda Eleitoral gratuita na televisão e no rádio
35 dias anteriores à antevéspera das eleições.


O Cafezinho

Chico e Tom Jobim - Eu te Amo e Sabiá




You Tube

FUX: É INACEITÁVEL QUE CONGRESSO INSISTA EM DOAÇÃO PRIVADA


Segundo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux a votação de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que permita o financiamento empresarial de partidos e campanhas políticas após a decisão da Corte de declarar inconstitucionais as doações é “atentado à dignidade da jurisdição, uma maneira de burlar decisão do STF”; “É inaceitável que depois de decisão do Supremo o Congresso Nacional insista em algo que não é o sentimento constitucional admissível, qual seja o de que empresas que não têm ideologia nenhuma continuem a financiar campanhas políticas”, afirmou; na noite desta terça-feira, o presidente do Senado, Renan Calheiros, contrariou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que queria incluir o veto presidencial sobre a questão na pauta da sessão, na intenção de derrubá-lo e permitir a volta das doações privadas

30 DE SETEMBRO DE 2015 ÀS 05:15


247 - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux disse que é “inaceitável” que o Congresso vote uma proposta para restabelecer o financiamento empresarial de partidos e campanhas políticas após a decisão da Corte de declarar inconstitucionais as doações. Segundo ele, a votação pode ser um “atentado à dignidade da jurisdição, uma maneira de burlar decisão do STF”.

“O STF declarou a inconstitucionalidade (do financiamento empresarial) porque viola cláusulas pétreas relativas a democracia, sistema republicano. É inaceitável que depois de decisão do Supremo o Congresso Nacional insista em algo que não é o sentimento constitucional admissível, qual seja o de que empresas que não têm ideologia nenhuma continuem a financiar campanhas políticas”, afirmou o ministro, ao deixar sessão do Tribunal Superior Eleitoral.

Na noite desta terça-feira, o presidente do Senado, Renan Calheiros, contrariou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que queria incluir o veto presidencial sobre a questão na pauta da sessão, na intenção de derrubá-lo e permitir o financiamento empresarial de campanha nas eleições de 2016. “Há um pedido reiterado do presidente [da Câmara] de que esse veto seja apreciado amanhã, o que é impossível, porque há uma prioridade que é a conclusão da apreciação dos outros vetos, que estão pressionado o Brasil e precisam ser resolvidos”, afirmou Calheiros.


Brasil 247

DILMA CEDE A LULA E TIRA MERCADANTE DA CASA CIVIL


Presidente atende aos pedidos do antecessor e aceita tirar do comando da Casa Civil o ministro Aloizio Mercadante, considerado por ela seu principal aliado; saída era defendida até por alas do PT; Dilma Rousseff já teria conversado com Mercadante e lamentado ter de abrir mão do assessor; ministro deve voltar a assumir a Educação, pasta que comandava anteriormente; mais cotado para a Casa Civil é Jaques Wagner, da Defesa, que esteve reunido ontem com a presidente; nome do petista é defendido por Lula desde o ano passado

30 DE SETEMBRO DE 2015 ÀS 10:10


247 – Depois de muitas insistidas por alas do PT e principalmente pelo ex-presidente Lula, a presidente Dilma Rousseff decidiu ceder e tirar da Casa Civil o ministro Aloizio Mercadante, considerado por ela o principal aliado do Planalto.

A mudança acontecerá em um momento crucial para o governo, que precisa de votos no Congresso para manter os vetos da presidência da República a medidas que prejudicariam o ajuste fiscal e também para barrar um eventual processo de impeachment.

Mercadante, porém, não deixará o governo. Ele deve voltar a assumir o ministério da Educação, pasta que já comandou por dois anos e que hoje está com Renato Janine Ribeiro, da cota da presidente. 

Dilma já teria conversado com Mercadante na noite desta terça-feira e lamentado ter de abrir mão de seu grande assessor.

O nome mais cotado para a Casa Civil é o do atual ministro da Defesa, Jaques Wagner, defendido por Lula desde o ano passado. Ele foi chamado para uma conversa com Dilma na noite de ontem no Palácio do Planalto.

Aldo Rebelo, ministro da Ciência e Tecnologia, deverá assumir a Defesa no lugar de Wagner. Segundo o colunista Ricardo Noblat, Wagner passou o dia no Planalto nesta terça reunindo as informações necessárias para a mudança de função.

A reforma ministerial está prevista para ser anunciada nesta quinta-feira 1º. Dilma se reúne com Lula nesta quarta, em Brasília, para fechar as últimas mudanças. O redesenho dos cargos traz vantagem para o PMDB, que deverá ganhar sete ministérios, e deixa insatisfeito o PT, que perde espaço.



Brasil 247

Chico Buarque e Tom Jobim - Choro Bandido/Eu te Amo (1983)





You Tube

Quem ganha com as deserções na esquerda?

30 de Setembro de 2015


Atravessando crise brutal e alvo de ataques incessantes da velha mídia, o PT sofre sangramento sem transfusão em suas bancadas parlamentares e representações executivas, mas menos do que previsto, ao menos até o momento.

Perdeu um punhado de prefeitos em cidades pequenas, concentradamente em São Paulo, mas ganhou outro tanto no Piauí, em Minas e na Bahia, estados nos quais governa e pode oferecer algum atrativo a quem tem olhos postos nas eleições do próximo ano.

Não se pode menosprezar, no entanto, o impacto da saída de Luciano Cartaxo, prefeito de João Pessoa, ou a do importante deputado Alexandre Molon, o mais votado entre os parlamentares petistas do Rio de Janeiro.

O primeiro foi direto para o colo da direita, inscrevendo-se no PSD de Kassab, enquanto o segundo registrou-se na Rede Sustentabilidade, de Marina Silva.

Outras defecções ainda podem ocorrer.

O PCdoB também teve perdas em sua bancada, com dois dos dez parlamentares – o ex-judoca João Derly (RS) e Aliel Machado (PR) – pedindo baixa em sua filiação e também buscando oportunidades na sigla da ex-senadora acreana.

Não é fácil a vida de partidos progressistas, afinal, quando um governo do qual fazem parte gira contra sua própria base social e bate recordes de impopularidade.

A combinação entre desalento programático e possível definhamento eleitoral seiva o ambiente de ruptura tanto para militantes legitimamente dissidentes dos rumos adotados quanto para quadros afoitos por salvar o pescoço sem maiores compromissos com projetos coletivos.

Mas o curioso é que o PSOL, com todo o espaço para se apresentar como alternativa de esquerda e “diferente de tudo que está aí”, além do mais poupado pela imprensa, com alguns de seus integrantes adulados por certos veículos, tenha sofrido perdas relativas até piores que as de PT e PCdoB.

Não tem mais senadores, com o descolamento de Randolfo Rodrigues, e foi-se embora seu único prefeito de capital, o de Macapá.

Despediu-se definitivamente a vereadora Heloisa Helena, de Maceió, estrela máxima do partido em seus primeiros anos, a partir de agora também aderida à agremiação liderada por Marina.

Ganhou a adesão do deputado Glauber Braga e do vereador Brizola Neto, mas isso só prova que o partido continua, como opção viável e atraente, limitado ao Rio de Janeiro. Mesmo assim, fraquejando: o deputado estadual Paulo Ramos, o vereador carioca Jefferson Moura e seu colega de Rezende, Dr. Julianeli, também pegaram o chapéu e saíram de mansinho, igualmente tendo a Rede como destino.

O que está acontecendo, enfim, é mais um indício de que a derrota eventual do PT e do governo não carrega em seu bojo o fortalecimento de uma suposta esquerda da esquerda, mas a escalada das forças mais conservadoras.

A polarização política, mesmo ameaçada a médio e longo prazo, ainda está marcada pelo confronto entre dois campos blocados, um liderado pelo PT e outro pelo PSDB.

Esta é a expressão institucional do conflito entre esquerda e direita, trabalhadores e oligarcas, pobres e ricos. Uma disputa ao redor da qual, a propósito, se organizam o Estado e a sociedade há mais de vinte anos.

Não há qualquer sinal que o esvaziamento ou a derrocada do bloco petista criaria chances de uma alternativa à esquerda.

Enfraquecida, a hipótese principal de superação desta bipolaridade está ao centro, com uma costela oriunda do campo progressista (como é o caso da Rede) ou uma fração do conservadorismo governista (a exemplo do PMDB) assumindo o papel de liderar um bloco de partidos e classes capaz de reordenar a hegemonia burguesa no país, sobre os eventuais escombros do processo comandado pelo PT desde 2003.

A despeito das ilusões nas franjas aparentemente mais radicalizadas da esquerda, as correntes progressistas, gostem ou não da ideia, só terão futuro se forem capazes de resistir à ofensiva conservadora em curso, pressionando pela mudança de rumo do governo Dilma e viabilizando o aprofundamento da agenda vitoriosa há quase treze anos.

Fora dessa equação, o caminho que estará aberto é o da contrarreforma e o da restauração conservadora, pela via que tiver mais condições de sepultar a experiência petista por uma ou duas gerações, enterrando junto as demais variáveis de esquerda.



Brasil 247   -   Blog do Breno Altman

Adriana Calcanhotto - Naquela Estação





You Tube

Rita Lee - Mania De Você




You Tube

Maria Rita - Tá Perdoado





You Tube

Moro, Cardozo e PF agora boicotam CPI da Petrobras

POR FERNANDO BRITO · 29/09/2015




Estranha inversão de papéis: criada para ser um centro de desgaste do Governo, a CPI da Petrobras na Câmara passou a ser boicotada pelos “adversários” informais de Dilma Roussef: o juiz Sérgio Moro, o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo e a Polícia Federal.

Hoje, segundo nota publicada no site do PT, o relator da Comissão, o deputado petista Luiz Sérgio, reclamou publicamente dos três.

Cardozo não enviou à Comissão, como solicitado, o resultado da sindicância que apura os responsáveis pelo grampo colocado na cela do doleiro Alberto Youssef sem autorização judicial.

Moro recusou-se a enviar os dados do inquérito que corre em Curitiba, dizendo que estes “não vem ao caso”: “Como bem registrado pelo Ministério Público Federal, os fatos objetos de investigação neste inquérito policial diferem daqueles que estão sendo apurados pela CPI da Petrobras na Câmara dos Deputados”, escreveu o juiz a quem Gilmar Mendes, um dia, chamou de “juiz absolutista, acima da própria Justiça”.

E a Polícia Federal “justificou” o não comparecimento do delegado Renato Herrera e da agente Maria Inês Slussarek da seguinte e pitoresca maneira descrita pelo deputado: “A polícia informou que soube informalmente que eles vão entrar com licença médica. Eu nunca vi um órgão público justificar a outro órgão público que soube, informalmente, que o funcionário vai apresentar licença médica.”

Que beleza!

Alguém precisa avisar à Câmara dos Deputados que ela só serve para “impichar” a Dilma e que o Juiz Moro e a Polícia Federal devem cooperação a uma investigação que, embora tenha surgido por vontade política, é legal, constitucional e tem poderes inclusive de conduzir testemunhas.

Luiz Sérgio chamou de “brincadeira” o que está acontecendo.

Eu prefiro chamar de deboche.

Não apenas dos deputados ou da instituição Câmara dos Deputados. Deboche feito à apuração da verdade, que não é propriedade de Moro, de Cardozo ou dos delegados de polícia.



Tijolaço

As viagens do Aécio? "Muito adequadas"





Conversa Afiada

'JAQUES SUBSTITUI MERCADANTE NA CASA CIVIL'


Segundo a colunista do G1 Cristiana Lôbo, na tentativa de dar uma guinada no governo e reverter a crise política que vem se agravando a cada semana, a presidente Dilma Rousseff decidiu aprofundar a reforma ministerial em curso e substituir Aloizio Mercadante na Casa Civil; no lugar dele, irá Jaques Wagner, atual ministro da Defesa, e, para a Defesa, será deslocado o ex-deputado Aldo Rebelo (PCdoB), que deixará o Ministério da Ciência e Tecnologia, diz; Mercadante ficaria com a pasta da Educação

30 DE SETEMBRO DE 2015 ÀS 05:31


247 - A presidente Dilma Rousseff decidiu aprofundar a reforma ministerial em curso e substituir Aloizio Mercadante na Casa Civil. No lugar dele, irá Jaques Wagner, atual ministro da Defesa, e, para a Defesa, será deslocado o ex-deputado Aldo Rebelo (PCdoB), que deixará o Ministério da Ciência e Tecnologia. É o que afirma a colunista do G1 Cristiana Lôbo. Segundo ela, manobra é uma tentativa de dar uma guinada no governo e reverter a crise política que vem se agravando a cada semana.

Mercadante ficaria com a pasta da Educação.

A troca na Casa Civil foi uma sugestão do ex-presidente Lula, sob pressão do PT. A jornalista afirma que Jaques Wagner teve seu nome defendido pelo PT e pelo PMDB para a Casa Civil, tanto pela habilidade política quanto pela experiência administrativa em dois governos da Bahia.

As mudanças devem ser anunciadas na quinta-feira (leia aqui).



Brasil 247

O que mais Eduardo Cunha tem que fazer para ser detido? Por Paulo Nogueira

Postado em 30 set 2015
por : Paulo Nogueira




Intocável



O que mais Eduardo Cunha tem que fazer para que o detenham?

Assaltar um banco à luz do sol? Bater na sogra no Dia das Sogras?

Um, dois, três, quatro, cinco depoimentos coincidem em acusá-lo de coisas pesadíssimas no terreno da corrupção.

Daqui a pouco não haverá mais dedos para fazer essa contagem macabra.

E o que se vê é Eduardo Cunha conspirando como se estivesse livre de qualquer suspeita.

Sabe-se que ele quer agora derrubar uma decisão, a um só tempo, do STF e de Dilma, a que vetou dinheiro de empresas nas campanhas.

Cunha tenta achar uma gambiarra que permita a manutenção dessa que é a fonte primária de corrupção no país.

Em qualquer situação, seria um acinte. Nas presentes circunstâncias, é um crime de lesa pátria.

Como sempre, ele legisla em causa própria. Cunha simplesmente não existiria sem os milhões que as empresas investem nele para que, no Congresso, defenda os interesses delas.

Ele se elege com este dinheiro e, como sua capacidade arrecadadora é enorme, ajuda a eleger outros políticos que comerão depois em sua mão.

Foi assim que virou presidente da Câmara.

Tantas evidências se acumulam contra ele e Cunha age como um Napoleão do Congresso, para vergonha do país.

Por que essa impunidade não termina?

Cunha simplesmente desmoraliza a tese de que o Brasil trava um combate épico contra a corrupção.

Ao contrário, ele reforça a suspeita de muitos de que este combate épico é seletivo, cínico e demagógico. É fácil engaiolar Dirceu, Genoíno, Vaccari. E virtualmente impossível dar o mesmo destino ao outro lado, mesmo com a folha corrida de um Eduardo Cunha

Fiz a pergunta que abre este artigo no Facebook: o que Cunha tem que fazer para responder por suas delinquências?

Uma resposta foi aplaudida por muitos internautas: filiar-se ao PT.

Parece que esta é uma condição na Lava Jato de Moro e da PF: ser do PT.

Rir ou chorar?

Os filósofos sempre recomendaram rir da miséria humana em vez de chorar.

Riamos, então, da miséria da Justiça brasileira.


Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.



Diário do Centro do Mundo

PETROBRAS AUMENTA DIESEL EM 4% E GASOLINA EM 6%


Decisão de aumentar os preços de venda de seus combustíveis nas refinarias foi anunciada na noite de ontem e já vale a partir desta quarta-feira (30); “Os preços da gasolina e do diesel, sobre os quais incide o reajuste anunciado não incluem os tributos federais CIDE e PIS/Cofins e o tributo estadual ICMS”, especificou a estatal em nota; a recomposição de preços é uma estratégia da companhia, presidida por Aldemir Bendine, para recuperar sua situação financeira e permitir a manutenção dos investimentos previstos

30 DE SETEMBRO DE 2015 ÀS 05:11


Vladimir Platonow - Repórter da Agência Brasil

A Petrobras informou, na noite desta terça-feira (29), que decidiu reajustar os preços de venda de seus combustíveis nas refinarias. Os reajustes são de 6% na gasolina e de 4% no óleo diesel.

Os aumentos já valem a partir desta quarta-feira (30) e são em valores médios no Brasil. “Os preços da gasolina e do diesel, sobre os quais incide o reajuste anunciado não incluem os tributos federais CIDE e PIS/Cofins e o tributo estadual ICMS”, especificou a estatal em nota.

A recomposição de preços é uma estratégia da companhia para recuperar sua situação financeira e permitir que possa manter os investimentos previstos.



Brasil 247

terça-feira, 29 de setembro de 2015

PF TENTA MAIS UM TIRO CONTRA EX-PRESIDENTE LULA


E-mail interceptado pela Polícia Federal na fase Erga Omnes da Operação Lava Jato envolve o ex-ministro do Desenvolvimento do governo Lula, Miguel Jorge, que escreveu a dois executivos da Odebrecht, em fevereiro de 2009, que "PR fez o lobby" para a empreiteira ao presidente da Namíbia, com quem havia se encontrado na época; para os investigadores, a frase é uma "provável referência" ao Presidente da República; ao comentar o caso, Miguel Jorge foi tranquilo e defendeu que fazer lobby para as empresas do país é papel dos chefes de Estado e ministros; "A primeira visita da rainha da Inglaterra ao Brasil nos anos 70 foi especificamente para vender aviões ingleses, de uma empresa que depois foi uma das que formaram a Airbus. Acho que esse é o papel dos governantes, de realmente se esforçarem para ter um comércio exterior maior para os seus países", disse

29 DE SETEMBRO DE 2015 ÀS 19:26


247 - A Polícia Federal acaba de disparar mais um petardo contra o ex-presidente Lula. Um e-mail interceptado na fase Erga Omnes da Operação Lava Jato e divulgado nesta terça-feira 29 no blog do jornalista Fausto Macedo envolve o ex-ministro do Desenvolvimento do governo Lula, Miguel Jorge, que teria revelado a dois executivos da Odebrecht que o petista fez lobby para a empreiteira em um encontro com o presidente da Namíbia em fevereiro de 2009, na época Hifikepunye Pohamba.

"PR fez o lobby", escreveu Miguel Jorge a Marcos Wilson e Luiz Antonio Mameri, dois executivos da Odebrecht. A empresa também tem o seu presidente, Marcelo Odebrecht, preso no âmbito da Lava Jato. "Miguel Jorge afirma que esteve com os presidentes (do Brasil e da Namíbia) e que 'PR fez o lobby', provável referência ao presidente Lula", registra trecho da análise da PF.

Ao comentar o caso, segundo o Estadão, Miguel Jorge foi tranquilo e defendeu que fazer lobby para as empresas do país é papel dos chefes de Estado e ministros. "A primeira visita da rainha da Inglaterra ao Brasil nos anos 70 foi especificamente para vender aviões ingleses, de uma empresa que depois foi uma das que formaram a Airbus. Acho que esse é o papel dos governantes, de realmente se esforçarem para ter um comércio exterior maior para os seus países", lembrou o ex-ministro.

Questionado especificamente sobe o episódio envolvendo Lula e o presidente da Namíbia, o ex-ministro disse não se recordar.



Brasil 247

AO TENTAR BLINDAR CUNHA, JORNALISMO DA GLOBO COLECIONA VEXAMES



Jornalista Helena Sthephanowitz, da Rede Brasil Atual, analisa a cobertura da Globo sobre as recorrentes delações contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB); segundo ela, o Jornal Nacional atua "como a própria assessoria de imprensa do deputado" ao não aprofundar as denúncias e sem fazer apuração própria; "Parece até estar se justificando ao amigo Cunha", diz; "A TV dos Marinho parece manter acordo com Eduardo Cunha e "terceiriza" acusações contra presidente da Câmara", ressalta

29 DE SETEMBRO DE 2015 ÀS 21:03


Helena Sthephanowitz, para aRBA - Em depoimento na sexta-feira (25) aos investigadores da Operação Lava Jato, João Augusto Henriques, preso como operador do PMDB, afirmou ter aberto uma conta na Suíça para pagar propina ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Segundo Henriques, o pagamento teria sido ordenado por Felipe Diniz, filho do falecido deputado federal Fernando Diniz (PMDB-MG). A propina seria ligada à negociação de um campo de petróleo em Benin, na África, pela diretoria internacional da Petrobras, onde Cunha teria influência na época.

A notícia foi publicada primeiro no jornal O Estado de S. Paulo. Diante da grande repercussão, no sábado (26) o Jornal Nacional foi obrigado a reproduzir trechos do jornal impresso, sem fazer qualquer apuração própria. Os fatos até foram narrados de acordo com a notícia original, mas a chamada e principalmente a conclusão da matéria foram mais um vexame jornalístico da TV Globo.

O telejornal soltou esta pérola ao vivo e em cores para encerrar a matéria: "O Jornal Nacional não conseguiu falar com Eduardo Cunha sobre a nova denúncia, mas quando foi citado pelo delator Júlio Camargo como destinatário de US$ 5 milhões, Cunha disse que desmentia com veemência o que chamou de 'mentiras do delator'".

Traduzindo: Eduardo Cunha e sua assessoria fugiram de dar explicações sobre a nova denúncia, então o JN "vestiu a camisa do deputado" e publicou uma resposta antiga de uma denúncia anterior.

Isso não é jornalismo. O JN agiu como a própria assessoria de imprensa do deputado. Não é a primeira vez, como já mostramos em nota anterior aqui na Rede Brasil Atual.

Diante disso fica a pergunta: que acordo tem a TV Globo com Eduardo Cunha para dar tanto vexame jornalístico?

Quase toda a imprensa tradicional blindou Cunha quando ele se lançou candidato à presidência da Câmara dos Deputados, ignorando episódios polêmicos de sua biografia. Mas, a partir de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, persistiu em investigá-lo, a cada dia surgem fatos novos que complicam a situação do parlamentar. Fica cada vez mais difícil, pra não dizer impossível, esconder a investigação no noticiário.

Ontem (28), a Folha de S.Paulo desengavetou outra "novidade" antiga. Publicou que Cunha é investigado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por ter recebido dinheiro desviado do Prece – fundo de pensão da Companhia Estadual de Água e Esgoto (Cedae) do Rio de Janeiro – entre 2003 e 2006.

A "novidade" é antiga porque a processo na CVM foi aberto em 2012. Será que se a Folha tivesse publicado antes da eleição para presidente da Câmara, em fevereiro deste ano, Cunha teria chegado a presidente da Casa?

Na noite de ontem, novamente o Jornal Nacional reproduziu a notícia da Folha, também sem fazer apuração própria. Parecia até estar se justificando ao "amigo" Cunha: "Foi a Folha que soltou, então não teve como abafar".

É assim que vemos a imprensa tradicional se comportando como os ratos que abandonam o navio quando começa o naufrágio. Enquanto Cunha estava em ascensão, o bajulava, blindava e mantinha seu passado engavetado. Só quando despontou a real ameaça de cair em desgraça começaram a desengavetar os malfeitos sabidos há tempos.

Notícias desses desvios no Prece existem desde 2006, quando este fundo de pensão foi investigado na CPI dos Correios. O que seria novidade de fato é porque ainda "não veio ao caso" até hoje uma investigação séria feita pela Procuradoria-Geral da República, mesmo havendo um processo administrativo aberto há três anos na CVM.

Mas isso nenhum jornal da imprensa tradicional quer saber. Ainda.



Brasil 247

PMDB e Marta, farsa e comédia, por Bob Fernandes

TER, 29/09/2015 - 18:56


Enviado por Adilsonbb




Segue o Reality Show da Política. Fatos & Farsas, Tragédia & Comédia...Show pós-moderno, interação multimídia de atores e platéias.

Espetáculo por vezes grotesco, cenas de hipocrisia e cinismo. No sábado, Marta Suplicy filiou-se ao PMDB.

Tendo ao lado Eduardo Cunha e Renan Calheiros, Marta disse querer "um Brasil livre da corrupção". E tratou Sarney como "gigante da política".

E a platéia ainda aplaudiu e pediu bis, em coro: "Marta pra São Paulo e Temer pro Brasil". O vice de Dilma fez a habitual cara de paisagem.
Fernando Henrique opinou na Folha: "Dilma tenta vender a alma ao diabo para governar. E não vai governar, vai ser governada". 

Fernando Henrique tem razão. Entregar Saúde e mais quatro ministérios ao PMDB para tentar seguir no Poder é grotesco.

Fernando Henrique sabe o que diz. Fez pactos semelhantes, com os mesmos.

Renan foi seu ministro da Justiça, Eliseu Padilha, dos Transportes, Jáder Barbalho presidiu o Congresso... E muito mais. 

Fernando Henrique foi presidente amarrado a ACM e PFL. Duas vezes presidente do Congresso, ACM foi "dono" dos ministérios da Previdência e Minas e Energia.

Pouco antes de morrer, via fax, Sergio Motta aconselhou o amigo: "Presidente, não se apequene...".

Fernando Henrique diz faltar "narrativa convincente" para um impeachment. Mas falta, também, coesão ao PSDB.

Aécio quer pra já. Alckmin sabe que sua chance é 2018. Serra joga para ser com Temer o que Fernando Henrique foi com Itamar. 

O PSDB segue votando contra seu ideário, e hesita. Por temer pegadas e DNA na História, espera que seja o PMDB a comandar a derrubada.

Perdendo prefeitos, parlamentares, e Poder, o PT encolhe. Começa a pagar pelos erros. 

Teve grandes acertos, mas cometeu erros fundamentais. Inclusive o da corrupção, que com razão sempre criticou nestes adversários. 

O PMDB foi à Tv e rádio para seu Reality Show: Eduardo Cunha, Renan, Padilha, Romero Jucá... com Temer, e por Temer, em nome dos "sonhos" e da "verdade".


Jornal GGN

Melhores Músicas De Tom Jobim - Best Songs Of Tom Jobim




You Tube

Tocando em Frente, por Almir Sater





You Tube

Mad Men - Fly Me to the Moon - Tribute





Jornal GGN

A crise em perspectiva histórica


29 setembro 2015                            Carlos Eduardo



Análise Diária de Conjuntura - 29/09/2015

Por Miguel do Rosário, editor do Cafezinho


Como nos proteger emocionalmente de um envolvimento excessivo com as paixões políticas do nosso tempo?

Esse envolvimento, entendam bem, é inevitável e mesmo essencial.

Eu me refiro ao excesso.

Nunca gostei do termo "apartidário", que a meu ver tem reverberações hipócritas, convencionais.

Como blogueiro, não quero ser partidário, sobretudo por me reservar o direito de criticar, duramente, todos os partidos, inclusive aqueles pelos quais nutro mais simpatia.

Mas também não quero ser apartidário, porque me pareceria outro grilhão: gosto de pensar que a liberdade de expressão que a nossa democracia oferece a um cidadão, blogueiro ou não, nos permite defender ou atacar partidos.

Nos permite ser partidários ou apartidários, enfim, a depender do momento, do humor, das circunstâncias.

Se eu quiser defender o voto num determinado partido, fá-lo-ei quando me der na telha, independente dos dogmas arbitrários - hoje anacrônicos - sobre como deveria ou não se portar um jornalista.

O importante, na minha opinião, para um blogueiro, é a franqueza e a transparência, o único critério que permitirá ao leitor separar a informação da opinião.

O resto são falsidades.

Se acho que um partido cometeu erros políticos e éticos de grande monta, farei - se achar que é o momento de fazê-lo, ou me sentir preparado para fazer tais críticas - as devidas críticas em meu blog, entendendo que estarei contribuindo para seu aperfeiçoamento.

No Brasil, o trauma social da ditadura, produziu duas espécies de comportamento frente à política de nosso tempo: de um lado, os que preferem ignorar a realidade à sua volta; de outro, os que se engajam de maneira obsessiva, exagerada, descambando quase sempre para algum tipo de fanatismo.

O momento histórico da nossa democracia requer participação e envolvimento, mas de preferência um envolvimento racional, generoso, confiante e tranquilo.

Só que isso se torna extremamente difícil em momentos de crise, e mais ainda perante a ameaça de iniciativas politicamente dramáticas, como um impeachment de uma presidenta eleita com 54 milhões de votos.

Uma coisa é derrubar Fernando Collor, pertencente a um dos partidos mais insignificantes do congresso, o PRN. Uma legenda de aluguel, sem militância, sem ideologias, sem história.

Outra coisa é derrubar Dilma Rousseff, herdeira de uma luta secular por melhores condições de vida para a maioria pobre da população, pertencente a um grande partido, cujo defeito nunca foi a ausência de militância, e sim, talvez, o seu excesso, e ligado umbilicalmente a uma enorme quantidade de organizações e movimentos sociais.

É claro que isso representaria um outro trauma social grave, oferecendo perigosos desdobramentos, e o pior deles seria a criação de uma nuvem de suspeita sobre o processo democrático. Afinal, as campanhas mobilizam uma colossal carga de energia. As pessoas concentram e canalizam suas forças políticas nesse momento. Se esta energia é jogada fora, e as eleições se tornarem antes um joguete de tribunais, então mudará completamente a química de tudo.

No exato momento em que os tribunais pisotearem o solo sagrado da soberania popular, repetindo a infâmia cometida em 64 pelos militares, eles atrairão para si o olhar terrível e implacável da história.

Assim como os juízes hoje, os militares também conseguiram, com ajuda de uma campanha midiática maciça, apoio popular para derrubarem um presidente.

Mais ainda: tiveram ajuda de potências estrangeiras. Tanto que, imediatamente após o golpe de 64, todos os cofres do tio Sam e dos grandes mercados de capitais, se abriram ao Brasil.

Hoje, o apoio ao golpe vem de um conjunto de forças econômicas não apenas obscuras, como traiçoeiras. O apoio do setores do chamado "mercado internacional" à direita brasileira é também uma falácia: um apoio especulativo, falso, enganador.

Se os "mercados" enganaram e golpearam os governos mais neoliberais da história da humanidade, o de Bush filho nos EUA e os governos conservadores europeus, a troco de quê esperar solidariedade real dos mesmos em relação a eventuais administrações brasileiras conservadoras?

Entretanto, no momento em que marchamos tão próximos ao abismo é que precisamos de mais sangue frio, objetividade e calma. O nervosismo dá vertigens, desestabiliza, e nos faz ver apenas os adversários mais próximos, ignorando aqueles posicionados estrategicamente em posições mais distantes, à nossa espera.

E a única maneira de manter o espírito sereno é subir no alto de uma montanha e contemplar o grande quadro histórico, e não apenas do Brasil.

Para entender a política a gente precisa, de vez em quando, esquecer os jornais. Até porque, mesmo que os jornais no Brasil não fossem tão enviesados, ainda assim teríamos que esquecê-los de vez em quando, para deixar nossa mente elaborar sínteses com base em fundamentos mais largos do que as mesquinhezas do dia a dia.

Nos últimos dias, o blog fez movimentos que intrigaram alguns leitores, como elogiar e saudar a criação oficial da Rede, o partido de Marina Silva.

Num momento de forte tensionamento político, e com alguns partidos, sobretudo PSOL e PT, sofrendo importantes defecções para a Rede, entendo o nervosismo.

Para mim, foi um gesto de cavalheirismo político. A Rede é nova demais para que a julguemos com demasiada severidade. O alinhamento com Aécio Neves no segundo turno de 2014 foi uma opção pessoal, até onde eu entendi, de Marina Silva, e na minha opinião um grave erro político, que inclusive quase matou a Rede na nascença.

Mas foi um erro de Marina, não da Rede - até porque esta ainda não existia oficialmente.

No entanto, da mesma maneira que não quero fazer críticas precipitadas a um partido criança, também não poderia jamais me alinhar a alguma coisa que não conheço.

A Rede ainda terá de comer muito feijão com arroz antes de poder se dar ao luxo de ter apoio de setores realmente importantes da sociedade, nos sindicatos, movimentos sociais e blogosfera.

No entanto, a coisa mais estúpida que poderíamos fazer é sermos sectários, o que é a antipolítica por natureza.

A luta democrática não se fundamenta na força e sim na persuasão, de maneira que sempre tentarei atrair a Rede e seus quadros, através de argumentos, para a direção das bandeiras progresssistas, e o perfil do novo partido pode ajudar a incluirmos, na pauta da política nacional, algumas agendas que têm sido tolamente postas de lado nos últimos anos, como a gestão inteligente do lixo e uma política de consumo de água mais racional.

Eu acho incrível, por exemplo, que no exato momento em que grandes cidades brasileiras vivem à beira de um perigoso colapso no abastecimento de água, nenhum governante, em qualquer instância (municipal, estadual ou federal), patrocine campanhas para o seu uso racional.

Todo mundo tem medo de receber, para si, a "culpa" da crise, e assim caminhamos todos, de mãos dadas, na direção do desastre.

No último post, comentando o discurso de Dilma na abertura da Conferência das Nações Unidas, faço críticas à presidenta que irritaram alguns leitores. Respeito as opiniões divergentes, mas preciso me defender. Algumas críticas não são justas, porque não entendem que uma liderança apenas consolidará seu carisma se as pessoas aprenderem a tolerar seus defeitos. E todos temos defeitos; os de uma liderança, por ser liderança, sempre são mais evidentes.

Quanto à inteligência mediana da presidenta, refiro-me à inteligência política e emocional dela que conhecemos publicamente. Dilma não é capaz, como Lula, de inventar respostas criativas aos ataques que sofre diuturnamente. Isso não significaria, necessariamente, menor capacidade de governo. Numa conjuntura política, porém, em que os elementos parecem girar cada vez mais estreitamente em torno da presidenta, suas características pessoais têm pesado no jogo bruto de forças que tem sido jogado.

Talvez o machismo da classe política e da sociedade tenha alguma influência, mas prefiro não entrar neste campo minado.

Dilma, de qualquer forma, tem sido o ponto fraco do governo.

Não é apenas uma opinião pessoal, mas algo que tenho conversado com muita gente. Isso posto, é preciso resolver esse problema. O blog já deu várias ideias, a começar pela mais óbvia: a montagem de um conselho político dotado de poder real de decisão. A situação como está, com peso excessivo sobre Dilma, mesmo que ela fosse o melhor cérebro político da nossa história republicana, não tem como dar certo. É desumano esperar de Dilma a solução da crise política. O massacre de que ela é vítima na mídia tem de ser combatido pelos partidos que a apoiam, e as soluções deveriam ser encontradas por um conselho. Para isso, no entanto, Dilma precisaria transferir poder, tirar um pouco o peso de seus ombros, o que não parece ainda ter acontecido.

Voltemos à montanha, de onde contemplamos a crise de cima, afastados temporariamente do ruído histérico das manchetes dos jornais, das iniciativas erráticas de um governo confuso e das turbulências de uma classe política embriagada pelos riscos de uma nova ruptura institucional.

O que vemos?

Não é uma grande e jovem democracia, excitada consigo mesma, orgulhosa de seu próprio corpo, ansiosa por riscos e experiências?

Mesmo essas conspirações midiático-judiciais, não seriam a consequência natural, necessária, do livre exercício da vida democrática, que não inclui apenas o voto, mas também os estamentos judiciais, usando as circunstâncias políticas para testar seus limites?

Uma das características mais assustadoras dos procuradores da Lava Jato, e do próprio juiz Sergio Moro, é a sua irresponsabilidade.

É como se eles estivessem brincando. Uma consultora respeitada estimou os prejuízos causados pela Lava Jato (causado pelas investigações, não pela corrupção) em mais de R$ 140 bilhões.

É lógico, portanto, que boa parte da crise econômica nasceu da Lava Jato e da forma como ela foi conduzida.

Os procuradores agora alegam que não pretendiam quebrar as empresas, que elas podiam continuar fazendo negócios com o Estado.

Mentira.

Desde o início, tratou-se as empresas com inaudita violência judicial. As cúpulas inteiras das empresas foram encarceradas sem que os réus sequer soubessem de que estavam sendo acusados. Em seguida, os executivos foram mantidos em prisão preventiva por quase um ano, antes que pudessem se defender, num terrorismo judicial só visto em regimes totalitários.

É lógico que esse terrorismo desestabilizou completamente a vida dessas companhias. Os executivos poderiam ter sido acusados, poderiam ter se defendido, poderiam ter feito acordos para pagar multar ou mais impostos, sem o trauma das demissões em massa, e sem afetar a economia brasileira num momento crítico da economia mundial.

Só que a própria estratégia da república do Paraná, de usar a prisão preventiva como forma de tortura para extrair confissões, exigia o máximo de violência.

Os procuradores exibiram um fanatismo moral que a imprensa, ansiosa por usar sua principal arma - produzir crises - transformou facilmente num discurso de forte apelo popular e demagógico.

A palavra "crime" deriva do latim "crimen", e significava decisão judicial; num sentido pejorativo, tinha o sentido de calúnia, injúria, falsa acusação.

Em todo o mundo clássico antigo, o fantasma que mais assustava os regimes democráticos e republicanos era a "falsa acusação", provavelmente porque entendiam ser o principal ponto fraco de um sistema cujo poder nascia do debate entre opiniões contrárias.

Montesquieu conta que, na Roma Antiga, os caluniadores eram marcados na testa, com ferro em brasa, com a letra K.

Ainda em latim, o adjetivo "criminosus" denotava "acusação infame, infamante, caluniosa.

O verbo "criminare" significava, principalmente, acusar caluniosamente.

Aqui no Brasil, os falsos acusadores são premiados. Quando corruptos, são perdoados pela justiça. Quando jornalistas, são promovidos.

É com base, portanto, numa doutrina corrompida, baseada na calúnia, na mentira, na tortura psicológica, na irresponsabilidade, sustentada por uma mídia decadente que tenta, num gesto desesperado, aplicar um último golpe contra nossa democracia, que os estamentos judiciais tem levado adiante suas conspirações.

Infelizmente, talvez seja o movimento necessário para expor os vícios do judiciário, um setor que precisa ser oxigenado pela democracia.

Sim, porque essas conspirações um dia serão expostas e seus protagonistas se converterão em vilões - como tem acontecido, tantas vezes, em todo o mundo. A história não guarda rancor dos criminosos, mas jamais perdoa as violências do Estado contra os indivíduos.

Sejamos fortes e confiantes. A democracia brasileira resistirá a todos os golpes, a todas as conspirações, a todas as crise econômicas e políticas, porque ela ainda está amadurecendo. A cada cinco ou sete anos, milhões de adolescentes entram na vida adulta, outros milhões se consolidam em suas carreiras e os mais velhos saem de cena, mudando completamente a química política nacional.

E o melhor: a grande mídia é cada vez menos influente.

Todas as grandes nações emergiram mais fortes de suas lutas sociais domésticas. Roma antiga apenas se consolidou após séculos de embates políticos entre plebeus e patrícios, com a vitória dos primeiros.

Neste sentido, o sectarismo ideológico, ao negar importância, ou mesmo legitimidade às aspirações da classe trabalhadora, e ao destilar preconceito contra a esquerda, parece tão idiota, visto que são destas aspirações e suas lutas que nascem as forças que darão grandeza ao país.

(A foto é uma gravura antiga ilustrando as disputas entre plebeus e patrícios).



O Cafezinho

O ódio generalizado, do social ao político

TER, 29/09/2015 - 10:40



Do Justificando

Frederico de Almeida


Jovens negros e pobres sendo caçados em ônibus por milícias de jovens brancos de classe média no Rio de Janeiro. Ciclitas sendo chamados de comunistas por motoristas de carros por usarem a ciclovia na cidade de São Paulo. Praticantes e terreiros de candomblé sendo atacados supostamente por fiéis de seitas evangélicas. Estudantes de medicina fazendo piadas, sem qualquer pudor, com a pele e os cabelos de colegas universitários cotistas. Jovens pobres expulsos de shoppings e sua música, o funk, perseguida nas periferias. Sugestões de exclusão do direito de voto de beneficiários de programas sociais do governo. Imigrantes das piores tragédias do mundo contemporâneo sendo hostilizados em seus precários empregos e espaços de acolhida.

Ministros de governos petistas sendo expulsos de restaurantes. Militantes sendo agredidos por usarem camisetas vermelhas. Qualquer opinião à esquerda, mesmo que contra o atual governo federal, sendo raivosamente taxada de “petralha”, “bandida”. Páginas em redes sociais defendendo a morte de Dilma e Lula. Uma professora da Unicamp, pesquisadora do Bolsa Família, sendo continuamente agredida verbalmente por seu vizinho, que finalmente decide jogar seu carro contra a filha da vizinha, sob a acusação de “petismo”. O presidente da CUT falando em pegar em armas para defender o governo e uma militante petista furando um boneco inflável em plena manifestação contra o governo só ajudam a colocar lenha na fogueira.

Não me parece coincidência que as manifestações de intolerância que listei no primeiro parágrafo – um ódio social, chamemos assim – tenham despontado com mais intensidade juntamente com a exarcebação de certa oposição aos governos do PT, desde um pouco antes das eleições de 2014, e cujas manifestações de ódio político listei no segundo parágrafo. Não raro, os alvos das manifestações de ódio social são beneficiários de políticas de governos petistas (cotistas, beneficiários do Bolsa Família, ciclistas); além disso, não falta quem expressamente associe os alvos de seu ódio social a projetos políticos, ainda que ocultos, do PT (como o “ativista” Daniel Barbosa que hostilizou um haitiano na cidade de Canoas, ou o deputado Bolsonaro, que chamou os imigrantes atuais de “escória do mundo”, ambos insinuando que a chegada dessas pessoas está de alguma forma relacionada com planos secretos do PT e do Foro de São Paulo). E não acho exagero incluir aí manifestações menos explosivas e mais sutis dessas intolerâncias combinadas, como os manifestantes pro-impeachment que, em um de seus atos contra o governo, saudavam uma Polícia Militar suspeita de envolvimento em uma violenta chacina ocorrida menos de três dias antes.

Seria exagero dizer, porém, que o ódio social surgiu agora, juntamente ou por causa do ódio político aos governos do PT. Afinal, sabemos que o Brasil nunca foi um paraíso de paz social e tolerância, livre de preconceitos e discriminações. Acho possível, apesar disso, utilizar um bordão dos antipetistas para dizer que, sim, é culpa do PT – mas não no sentido ou pelas razões pelas quais antipetistas o afirmam.

Com todos os seus defeitos, os governos do PT no plano federal promoveram políticas de inclusão significativas, cujos efeitos foram visíveis em prazo curto. A redução da pobreza, a incorporação de novos contingentes sociais no mercado de consumo, a ampliação do acesso ao ensino superior, a expansão do emprego formal a ocupações antes precarizadas (como a construção civil e o trabalho doméstico) tornaram visíveis pessoas historicamente subalternizadas, muitas vezes sob a cínica máscara da democracia racial ou da cordialidade do brasileiro. Não demorou para que as classes privilegiadas passassem a expressar, de maneiras mais ou menos sutis, o seu desconforto por terem que conviver com aqueles subalternos nos mesmos espaços (aeroportos, shoppings, universidades). De certa forma, isso é culpa do PT, e o partido merece os parabéns por isso.

Por outro lado, tendo a oportunidade histórica de avançar no enfrentamento de outras desigualdades que não se fundam primariamente na desigualdade de renda, o PT foi tímido. Apesar de algumas medidas pontuais, não enfrentou adequadamente o problema da violência policial, de gênero e de orientação sexual, dos homicídios de jovens negros e pobres, do sistema penitenciário e do extermínio de populações indígenas. Em muitos casos, não só por timidez, mas por recuos estratégicos decorrentes de compromissos políticos imediatos. Para atender à bancada evangélica, abortou políticas de educação para a diversidade sexual. Para atender à bancada ruralista, retardou demarcações de terras indígenas. Para atender a moralistas em geral, recuou em mudanças de políticas sobre drogas e aborto. Para atender a uma população com justificado medo da violência, replicou o velho discurso punitivista da direita política. Quando jovens foram às ruas por mais direitos e políticas públicas, o governo federal aplaudiu a bárbara repressão das polícias paulista e carioca, tidas entre as mais violentas do país, e ainda prometeu ajuda aos governos estaduais.

Sem sequer propor uma reforma política que tornasse mais estáveis e representativos os arranjos partidários e parlamentares e rompesse com a influência do poder econômico na política, o PT se viu enredado em escândalos de corrupção que corroeram sua credibilidade. Sem enfrentar a questão da concentração de renda e da propriedade, dos juros da dívida e do desenvolvimento industrial, transformou a mobilidade social baseada em consumo, emprego formal e transferência de recursos em uma frágil construção política e social, incapaz de resistir a tempos de recessão e ajuste fiscal. Hoje, aqueles que o PT cortejava com seus recuos e sua timidez estão na linha de frente dos que os atacam. De outra maneira, isso também é culpa do PT.

Mas não somente do PT. A oposição partidária, PSDB à frente, alimentou os ódios sociais e políticos até o limite da irresponsabilidade, buscando ganhar no grito e nas ruas uma batalha que perdeu nas urnas. Deslocado ainda mais à direita pela própria guinada ao centro do PT, o PSDB se viu obrigado a abandonar compromissos históricos que teve com a democracia e os direitos humanos, para encampar despudoradamente bandeiras dos nossos velhos ódios sociais: o elogio à violência das polícias, defesa de políticas criminais repressivas e redução da maioridade penal, oposição a políticas sociais inclusivas, flerte com soluções extra-institucionais para resolver uma crise política que eles ajudaram a criar e a crescer. Parece-me que as antigas bandeiras e os compromissos democráticos do PSDB foram importantes para conter as falanges mais agressivas de nossa direita, moderando o conflito político nos embates contra o PT desde a redemocratização. Isso, porém, é passado.

Se o governo Dilma tiver seu fim antecipado, é provável que os propagadores do ódio ao PT tenham seus ânimos sossegados, satisfeitos com a falsa convicção de que foram os principais responsáveis pelo resultado de um jogo do qual são, na verdade, apenas os animadores de torcida (digo isso sem diminuir a importância de uma torcida animada para o resultado do jogo). Como parte do ódio social lhe vinha a reboque, pode ser que as manifestações de violência e intolerância difusa contra negros, pobres, LGBTT, imigrantes, ativistas, subalternos em geral se reduza. Mas como esse ódio social tem raízes históricas mais profundas, e aflorou justamente pelo aguçamento do conflito social (do qual o conflito político é apenas a superfície), pode ser que ele permaneça e até se propague, embalado pela vitória do ódio político. Se isso acontecer, a instabilidade econômica e política da crise do governo Dilma é apenas o mais imediato de nossos problemas; com um PT fragilizado e um PSDB cada vez mais à direita, a questão é saber quem vai colocar de volta a tampa no caldeirão fervente de bílis.


Frederico de Almeida é Bacharel em Direito, mestre e doutor em Ciência Política pela USP, é professor do Departamento de Ciência Política do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UNICAMP.



Jornal GGN

O que o Brasil pode aprender em educação com a Finlândia? Por Claudia Wallin, de Helsinque

Postado em 29 set 2015


As crianças finlandesas são “preparadas para a vida”: cena de uma escola num subúrbio de Helsinque

Esta é a primeira parte do Projeto Escandinávia, bancado por nossos leitores. O foco não poderia ser mais oportuno: educação num país que se tornou uma referência mundial no assunto, a Finlândia.



O texto é de Claudia Wallin, que se deslocou para Helsinque para investigar o caso de sucesso finlandês na educação. Claudia é uma especialista em Escandinávia. Moradora de Estocolmo e casada com um sueco, é autora de um livro fundamental para quem deseja conhecer o espírito escandinavo: Um País sem Excelências e Mordomias.


Nos próximos dias, publicaremos as demais partes do Projeto — e um vídeo feito por Claudia em Helsinque.

Soltaram as bestas do Apocalipse, dirão os arautos do fim do mundo: nas escolas finlandesas, o filho do empresário e o filho do lixeiro estudam lado a lado, em um eficiente e igualitário sistema educacional que tornou-se um dos mais celebrados modelos de excelência em educação pública do mundo atual.

É o chamado milagre finlandês, iniciado na década de 70 e produzido em sua maior exuberância a partir dos anos 90. Em um espaço de 30 anos, a Finlândia transformou um sistema educacional medíocre, elitista e ineficaz, que amargava resultados escolares comparáveis a países como o Peru e a Malásia, em uma incubadora de talentos que alçou o país para o topo dos rankings mundiais de desempenho estudantil, e alavancou o nascimento de uma economia sofisticada e altamente industrializada onde antes jazia uma sociedade substancialmente agrária.

Trata-se, à primeira vista, de um enigma digno da Esfinge de Tebas: os finlandeses estão fazendo exatamente o contrário do que o resto do mundo faz na eterna busca por melhores resultados escolares – e está dando certo. O aparentemente ensandecido receituário finlandês inclui reduzir o número de horas de aula, e limitar testes e provas escolares a um mínimo tolerável. 

Atônitas delegações de educadores internacionais vasculham o paradoxal modelo finlandês em busca da fórmula do milagre insondável. E ouvem, dos finlandeses, uma constatação capaz de produzir mais batimentos cardíacos do que o medonho encontro com um tubarão no mar: a educação de alta qualidade na Finlândia não é resultado apenas de políticas educacionais, eles dizem, mas também sociais.

“O Estado de Bem-Estar social finlandês desempenha um papel crucial para o sucesso do modelo, ao garantir a todas as crianças oportunidades e condições iguais para um bom aprendizado”, diz o educador Pasi Sahlberg, um dos idealizadores da reforma das políticas educativas da Finlândia nos anos 90.

Sahlberg fala do que vejo nas instalações da Escola Viikki, um dos centros educacionais de ensino médio e fundamental da capital finlandesa. No amplo refeitório, refeições fartas e saudáveis são servidas diariamente aos estudantes. Serviços de atendimento médico e odontológico cuidam, gratuitamente, da saúde dos 940 estudantes. Todo o material escolar é também gratuito. Equipes de pedagogos e psicólogos acompanham cuidadosamente o desenvolvimento de cada criança, identificando na primeira hora problemas como a dislexia de um aluno e fornecendo apoio imediato. Saudáveis e bem alimentadas, as crianças estão mais preparadas para aprender neste país singular, onde mensalidades escolares não existem.

Pasi Sahlberg fala ainda do impacto fundamental do modelo de igualdade e justiça social criado gradualmente pelos finlandeses a partir do pós-guerra, a exemplo dos vizinhos escandinavos: saúde, educação e moradia para todos, e uma vasta e solidária rede de proteção aos cidadãos.

“A desigualdade social, a pobreza infantil e ausência de serviços básicos têm um forte impacto negativo no desempenho do sistema educacional de um país”, pontua Sahlberg no livro “Finnish Lessons” (“Lições Finlandesas”), publicado pelo Teachers College da Columbia University.


Pasi Sahlberg, um dos renovadores da educação finlandesa: “O Estado de Bem-Estar social finlandês desempenha um papel crucial para o sucesso do modelo, ao garantir a todas as crianças oportunidades e condições iguais para um bom aprendizado”

O princípio da igualdade e da inclusão social marcou o desenvolvimento nos anos 70 da nova peruskoulu, a educação obrigatória finlandesa que abrange o ensino fundamental e médio. Em uma decisão histórica do Parlamento finlandês, todas as crianças, independentemente de background sócio-econômico ou região de domicílio, passaram a ter acesso igualitário e gratuito a escolas de qualidade para cumprir os nove anos da educação básica.

Nem todos, porém, concordavam com a ideia na época. Seguiu-se então um acalorado debate, neste país que acomoda 5,4 milhões de habitantes e mais de dois milhões de saunas.

Como que tomados pelo espírito dos mais destemperados analistas econômicos do Brasil, os críticos do novo sistema previram o caos: disseram que não seria possível ter as mesmas expectativas em relação a crianças de diferentes circunstâncias sociais. Argumentaram que o futuro da Finlândia como nação industrial estaria sob risco, uma vez que o nível educacional teria que ser ajustado para baixo a fim de acomodar os alunos menos favorecidos. Erraram, evidentemente.

O vital passo seguinte foi uma valorização sem precedentes do professor. A Finlândia lançou programas de formação de excelência para o magistério nas universidades do país, criou notáveis condições de trabalho e ampla autonomia decisória nas escolas, e paga bem seus professores. Mas o mais fundamental, diz Pasi Sahlberg, foi a criação de uma nova noção de dignidade profissional:

“Os professores adquiriram um alto grau de respeito e confiança em nossa sociedade. E os finlandeses continuam a considerar o magistério como uma carreira nobre, orientada principalmente por propósitos morais”, destaca Pasi Sahlberg, ex-diretor-geral no ministério finlandês de Educação e Cultura e atual professor visitante de Práticas Educacionais na Universidade de Harvard.

O terceiro ingrediente da fórmula finlandesa foi a elaboração de uma tresloucada teoria dos paradoxos. Talvez formulada em um estado coletivo de delirium tremens, a ideia provaria ser visionária.

Paradoxo 1: Os alunos aprendem mais quando os professores ensinam menos

A experiência finlandesa desafia a lógica convencional, que prescreve mais horas de aula e maior quantidade de lições de casa como fórmula para turbinar o desempenho estudantil. Os dias são mais curtos nas escolas da Finlândia: são menos horas de aula do que em todas as demais nações industrializadas, segundo estatísticas da OECD.

“É importante que crianças tenham tempo de ser crianças”, diz a professora Erja Schunk na Escola Viikki, que também funciona como um centro de treinamento de professores da Universidade de Helsinque. “O mais importante é a qualidade do tempo em sala de aula, e não a quantidade”.

Nos Estados Unidos, um professor gasta aproximadamente o dobro do tempo ensinando na sala de aula por semana, em comparação com um professor finlandês.

“Dar seis horas de aula por dia é uma tarefa árdua, que deixa os professores cansados demais para se dedicar a outras tarefas importantes no trabalho de um educador, como planejar, reciclar-se e dar assistência cuidadosa ao aluno”, diz Pasi Sahlberg. Em uma típica escola finlandesa, os professores dão cerca de quatro aulas por dia.

Na lógica do modelo finlandês, o papel central da educação pública não é criar indivíduos robotizados, e sim educar cidadãos dotados de espírito crítico e capazes de pensar de forma independente.

“Procuramos não dar respostas prontas aos alunos, na medida do possível, e sim orientá-los a pensar e refletir”, observa a diretora da Escola Viikki, Marja Martikainen. 

“A preocupação central da escola finlandesa não é atingir recordes de desempenho escolar, e sim ajudar a desenvolver as aptidões de uma criança a fim de formar indivíduos capazes de viver vidas felizes, dentro e fora do trabalho”.

Professores finlandeses também não acreditam que aumentar a carga de trabalho de casa dos estudantes leva necessariamente a um melhor aprendizado – especialmente se as lições forem entediantes exercícios que não desafiam a capacidade criativa do aluno. Pelas estatísticas da OECD, os estudantes finlandeses gastam menos tempo fazendo trabalho de casa do que os colegas de todos os outros países: cerca de meia hora por dia.

“Os alunos aprendem o que necessitam saber na sala de aula, e muitos fazem o dever de casa aqui mesmo, na própria escola. Assim, eles têm tempo para conviver com os amigos e se dedicar às coisas que gostam de fazer fora da escola, o que também é importante”, diz o professor Martti Mery na Escola Viikki, que está situada em um campus da Universidade de Helsinque. 
Diretor e aluno numa escola: diversão também é fundamental

Como no centro escolar de Viikki, as escolas finlandesas são tipicamente pequenas, e o tamanho das classes éem média de 20 alunos.

Na fase pré-escolar, a prioridade é desenvolver a auto-confiança das crianças: os dias na escola são preenchidos com tarefas como aprender a se orientar desacompanhadas em uma floresta, ou amarrar sozinhas seus patins de gelo.

Paradoxo 2: Os alunos aprendem mais quando têm menos provas e testes

Estudantes finlandeses só suam demais nas infernais saunas do país: seu sistema educacional não acredita na eficácia de uma alta frequência de provas e testes, que por isso são aplicados com pouca regularidade. Apesar disso, a Finlândia brilha nos rankings globais de educação, ao lado dos países com melhor desempenho escolar do mundo.

Milagre? A filosofia finlandesa é de que o foco principal dos professores deve ser ajudar os alunos a aprender sem ansiedade, a criar e a desenvolver a curiosidade natural, e não simplesmente a passar em provas.

“A pressão do modelo tradicional de ensino traz consequências dramáticas para os alunos, como o medo, o tédio e o receio de assumir riscos”, ensina o educador Pasi Sahlberg.

Relatórios do PISA indicam que apenas 7% dos alunos finlandeses sentem-se ansiosos ao estudar matemática. Já no rígido sistema de ensino do Japão, que ostenta altos níveis de desempenho escolar enquanto registra recordes de suicídio entre estudantes, esse índice chega a 52%.

À minha volta, nas salas de aula da escola Viikki, o ambiente é tranquilo e descontraído. Não há uniformes escolares, e muitos estudam descalços – refletindo o clima doméstico das casas escandinavas, onde ninguém usa sapatos.

As crianças finlandesas iniciam sua educação formal aos sete anos de idade, e a escola primária é praticamente uma zona livre de testes. A fim de evitar que as crianças sejam categorizadas de acordo com sua performance, o sistema finlandês virtualmente aboliu a avaliação por notas escolares nos cinco primeiros anos da peruskoulu.

Nos anos seguintes, a avaliação é feita com base em testes elaborados pelo professor e no desempenho do aluno em sala de aula, além de uma ampla avaliação de cada estudante realizada coletivamente pelos professores ao fim de cada semestre. Os que precisam de maior assistência no ensino, recebem atenção particular: a filosofia finlandesa preza a crença de que todas as crianças têm o potencial de aprender, se tiverem apoio e oportunidades adequadas.

O único exame padronizado de avaliação escolar na Finlândia é o concurso nacional prestado pelos estudantes ao final dos nove anos do ensino obrigatório, em que o conhecimento é testado através de dissertações desenvolvidas pelo aluno nas diferentes disciplinas como exigência para o acesso à educação superior.

E repetir de ano, na forma convencional, é algo que também não existe na Finlândia. Em vez de uma avaliação geral dos alunos ao fim de cada ano, as escolas finlandesas utilizam módulos curriculares em diferentes áreas do conhecimento. Assim, um aluno repete apenas os cursos nos quais seu desempenho não foi satisfatório.

Todos os aspectos por trás do sucesso finlandês parecem ser, assim, o oposto do que se faz na maior parte do mundo, onde a competição, a carga de provas e aulas, a uniformização do ensino e a privatização são via de regra os princípios dominantes.

“Exercer controles rígidos sobre as escolas e os alunos, pagar os professores com base no desempenho dos estudantes, entregar a liderança das escolas a especialistas em gerenciamento ou converter escolas públicas em privadas, são ideias que não têm lugar no repertório finlandês de desenvolvimento da educação em um país”, diz o educador Pasi Sahlberg.

Dizem ainda os finlandeses que o dinheiro não é “a” única solução para melhorar o desempenho de um sistema educacional.

“Os gastos da Finlândia com educação, da ordem de 6,3% do PIB, são na verdade bastante próximos à média registrada nos países da OECD em todos os níveis -com exceção da educação superior, em que estamos em oitavo lugar na lista dos que mais investem”, diz Niklas Nikanorov, do Ministério da Educação e Cultura finlandês.

“A eficiência do sistema é portanto mais importante para uma boa performance educacional do que o nível de gastos”, deduz o educador Pasi Sahlberg.

A História

Até o fim dos anos 60, a Finlândia parecia acreditar mais no Papai Noel da sua Lapônia do que no poder transformador da educação. Apenas 10 por cento dos adultos completavam o ensino secundário. A maior parte dos jovens abandonava os estudos após completar seis ou sete anos do ensino fundamental e médio.

As oportunidades eram limitadas, e o acesso desigual: apenas as crianças que viviam nas maiores cidades e municípios tinham acesso a escolas públicas, ou a instituições privadas que muitas famílias não tinham condições de pagar.

Um diploma universitário era considerado, na época, um troféu excepcional – apenas 7% da população tinham educação superior. Em todas as faixas de aprendizado, a Finlândia era um símbolo de atraso em relação aos vizinhos escandinavos.

Mas a história da Finlândia sempre foi marcada pela resiliência do seu povo, que só conquistou a independência em 1917 – depois de seis séculos sob o domínio do Reino da Suécia, e mais de cem anos como Grão-Ducado do Império Russo e seus cinco czares.

Na década de 70, a nação foi convocada a mudar. Uma educação pública estelar passou a ser percebida como a base fundamental para a criação de um futuro menos medíocre: desenvolver o capital humano do país tornou-se a missão primordial do Estado finlandês. A reforma levou o país, enfim, aos patamares do mundo desenvolvido.

Nos anos 90, o país anunciou uma revolução ainda mais radical:

“Estamos criando uma nova cultura de educação, e este é um caminho sem volta”, declarou o então diretor-geral do Conselho Nacional de Educação finlandês, Vilho Hirvi, chamando a sociedade a participar da discussão sobre os rumos da reforma:

“Não se pode educar uma nação à força”, completou o sábio Hirvi.

Associações de professores, políticos, pais, membros da academia e diferentes setores da sociedade contribuíram para a criação dos novos e revolucionários paradigmas da educação no país, que rejeitavam a fórmula convencional aplicada na maior parte do mundo como receita para melhorar o desempenho escolar.

“Particularmente significativo foi o papel desempenhado por variadas organizações da sociedade civil”, destaca Pasi Sahlberg, que foi um dos conselheiros do Ministério da Educação finlandês nos anos 90.

A transformação do sistema foi profunda, e rápida. Como resultado da nova política de educação, já no fim dos anos 90 a peruskoulu finlandesa tornou-se líder mundial em matemática, ciências e interpretação.

Os primeiros resultados do PISA publicados em 2001 surpreenderam os próprios finlandeses: em todos os domínios acadêmicos, a Finlândia despontou no topo do ranking mundial. E permanece, até hoje, entre os mais destacados membros do clube.

“Atualmente, 99,4% dos alunos completam com êxito o peruskoulu compulsório”, diz Niklas Nikanorov, do Ministério da Educação e Cultura finlandês.

Com o acesso gratuito às universidades e instituições de ensino técnico e profissionalizante, a educação de nível superior também passou a ser uma oportunidade igual para todos: a educação na Finlândia é livre de mensalidades para todos, do pré-escolar ao PhD.

Mais: a partir dos 17 anos de idade, todos os estudantes finlandeses contam com generosos benefícios do governo, que chegam a 337 euros mensais (cerca de 1,230 reais). Além disso, têm acesso a benefícios extras como ajuda de custo de até 200 euros por mês para pagar o aluguel de moradia, e recursos para complementar as despesas com transporte. Além disso, todos têm direito a um empréstimo especial para se manter durante o período de estudos, que chega a 400 euros mensais e só precisa ser quitado em sua totalidade quando o estudante completa 60 anos de idade.


A Lição da Finlândia


A Finlândia diz ter aprendido uma lição: políticas de educação efetivas devem estar necessariamente interligadas às demais políticas sociais, afirma o educador Pasi Sahlberg:

“As pessoas na Finlândia têm um profundo senso de responsabilidade compartilhada, e importam-se não apenas com as próprias vidas, mas também com o bem-estar dos outros”, ele observa.

“Os cuidados com o bem-estar da criança começam antes mesmo de ela nascer, e se estendem até a idade adulta. As creches públicas são um direito garantido para todas as crianças, que também têm acesso igualitário a todo tipo de serviço básico. A Educação em nosso país é considerada um bem público. É portanto protegida, na Constituição do país, como um direito humano básico.”

As estatísticas apontam o caminho, ele diz:

“As sociedades igualitárias têm cidadãos com grau de instrução mais elevado, raros casos de evasão escolar, menores taxas de obesidade, melhores indicadores de saúde mental e índices mais reduzidos de ocorrência de gravidez entre adolescentes, em relação aos países nos quais que a distância entre ricos e pobres é maior”, enfatiza Sahlberg.


Filhos de imigrantes se beneficiam também da educação finlandesa

Diz-se que o modelo nórdico do Estado de Bem-Estar Social teve como base três idéias políticas centrais: o legado dos camponeses livres, o espírito do capitalismo e a utopia do socialismo.

“Igualdade, eficiência e solidariedade, os princípios essenciais destas três ideias políticas, formam a raiz do terreno sólido no qual a política de educação finlandesa foi criada”, resume Erkki Aho, diretor-geral do Conselho Nacional de Educação da Finlândia entre 1973 e 1991.

Os gastos realizados para concretizar o ideal de um Estado de Bem-Estar social foram considerados não como um custo necessário – e sim como um investimento lúcido para alavancar a produtividade do país.

“É interessante ainda notar que a expansão do setor educacional na Finlândia coincidiu com uma impressionante transformação do país, que em um período relativamente curto deixou de ser uma sociedade agrária e atrasada para se tornar uma economia altamente industrializada, baseada no conhecimento”, diz Pasi Sahlberg.

Sahlberg resume assim o pensamento finlandês sobre a educação pública de qualidade:

“É uma obrigação moral, pois o bem-estar e em última análise a felicidade de um indivíduo depende do conhecimento, das aptidões e das visões de mundo que são proporcionadas por uma educação de qualidade.”

É também um imperativo econômico, uma vez que a riqueza das nações depende cada vez mais de know-how e conhecimento”. 


Sobre o Autor
A jornalista brasileira Claudia Wallin, radicada em Estocolmo, é autora do livro Um país sem excelências e mordomias.



Diário do Centro do Mundo