terça-feira, 22 de setembro de 2015

Não, Merval, a Dilma não é brizolista. Se fosse, a coisa ia esquentar…


POR FERNANDO BRITO · 21/09/2015



Paulo Henrique Amorim faz uma muito bem humorada brincadeira com a menção – aliás de segunda mão, porque a fala original é de Delfim Netto – de um suposto “brizolismo” da Presidenta Dilma Rousseff. Diz PHA, no vídeo que reproduzo abaixo, que Dilma tem conceitos sobre o capitalismo semelhantes ao de outro “brizolista”, o Papa Francisco, que diz que o capitalismo “é uma ditadura sutil”, que o direito à propriedade “não é absoluto” e que a mídia “é um instrumento do colonialismo ideológico”.

Merval pode ter certeza que se Dilma fosse mesmo tão “brizolista” ainda hoje, a batata de muita gente ia estar assando.

Porque, a esta hora, o velho Brizola estaria mais ou menos no milésimo discurso contra o golpismo.

Porque a esta hora, Brizola estaria indo ao rádio e a televisão, por horas, para dizer quem são e o que querem os conspiradores do atraso.

Porque o Brizola jamais ia deixar de se comunicar com a população durante meses, imobilizado pela pancadaria da imprensa e da república do Paraná.

Porque Brizola estaria carregando pela toga a imagem de Gilmar Mendes e dizendo que ali, sim, estava o homem das campanhas eleitorais cheias de dinheiro das empresas. Aliás, a quem Merval segue como “ministro informal do STF”, deitando em sua coluna a crítica professoral a oito juristas do Supremo, ao escrever que o “”.financiamento privado deveria ser regulamentado, não proibido

Eu nunca me arrogo a pretensão de dizer como Brizola votaria, nem se estaria aliado a A, B ou C.

Mas sei que Brizola – sei, não, ele provou isso dramaticamente na campanha da Legalidade, expondo-se, literalmente, a ser bombardeado pela junta golpista – não estaria tolerante com os que querem demolir o voto popular. “Impichar”, como sonha Merval.

Merval, não morra deste medo: Dilma não é uma brizolista. Se fosse, você e seu jornal estariam sendo expostos ao povo brasileiro como o que são: instrumentos das elites, do conservadorismo, dentro de uma estrutura de monopólio de comunicação semelhante a um cogumelo que vicejou à sombra ditadura.

Mas também não se acalme tanto, porque ainda há brizolistas, sem cargo ou poder para dizer-lhe o que, naquela tentativa espúria de tomada do poder em 61, Brizola disse a Costa e Silva.

Que, convenhamos, tinha muito mais divisões do que o Merval.

E para que ele se recorde, publico mais abaixo a fala de Brizola onde, por artes dele, Merval Pereira, Brizola era apresentado com um homem identificado como um “chefe do tráfico” da Mangueira. O homem era José Roque Ferreira, um humilde integrante da Associação de Moradores. Merval lembra bem desta história e sabe que tem de dobrar a língua ao falar de Leonel Brizola.







Tijolaço

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