sábado, 26 de setembro de 2015

PICCIANI AO 247: 'TENDÊNCIA PARA GOVERNO É DE MELHORA'

26 de Setembro de 2015
Blog do Paulo Moreira Leite



Liderança emergente na Câmara, o deputado federal Leonardo Picciani (PMDB-RJ), disse ao 247 que o projeto de impeachment não irá caminhar "por falta de fatos e de votos."

Um dos responsáveis pela articulação que permitiu a manutenção dos vetos na madrugada de terça-feira passada, vitória que deu um novo fôlego ao governo Dilma, Picciani atua em combinação direta com Luiz Fernando Pezão, um dos principais aliados do Planalto entre os governadores de Estado. Ele nasceu numa família de políticos liderada pelo pai, Jorge Picciani, que ocupou uma Secretaria no governo Leonel Brizola, já presidiu a Assembléia Legislativa do Estado e hoje é presidente regional do PMDB.

Defensor de uma maior aproximação com o Planalto, Picciani falou ao 247 depois da exibição do programa de televisão do partido, do qual é líder. No vídeo, o PMDB assumiu uma postura distante do governo, como se não tivesse a menor responsabilidade pelo que acontece país. Sem participar da concepção do programa, muito menos da definição de sua linha política, Leonardo Picciani gravou uma fala na qual limitou-se a necessidade de abrir o diálogo para a retomada do crescimento. Na mesma postura, Pezão disse que "estamos todos no mesmo barco."

Depois de uma vitória importante na manutenção da maioria dos vetos, ocorreu a sessão onde Eduardo Cunha começou a discutir o ritual do impeachment. Parece que toda semana o governo anda para frente e depois, para trás. Por que?

A tendência do momento é de melhora. A presidente tem feito mais diálogos, algumas reivindicações começam a ser atendidas. Isso deve consolidado com a reforma do ministério. O governo está no momento de consolidar a maioria.

Como é essa maioria? 

Temos, teoricamente, 300 parlamentares mas em Brasília há pelo menos 200 que não se alinham com a tese do impeachment, mas não seguem a orientação do governo. Este é o esforço. A reforma ministerial que está sendo negociada deve encontrar um novo ponto de equilíbrio político. A partir daí, será possível aprovar medidas do ajuste, o que dará credibilidade ao governo. Também será possível apontar para uma perspectiva de crescimento econômico. 

Como entender a postura do presidente da Câmara, Eduardo Cunha?

Ele tem uma visão um pouco mais crítica do que a nossa sobre o governo e tem expresso isso. Mas é possível que essa postura crítica diminua, se o governo ajudar para que ele se sinta mais confortável. O governo precisaria dialogar mais, conversar mais.

Um dos pontos do ajuste é a aprovação da CPMF. Ela será aprovada?

A CPMF será aprovada no momento certo. É uma medida necessária, mas que envolve um debate que precisa construído. Em princípio, ninguém quer mais impostos nem novas taxas. Claro que não. A CPMF virá como uma imposição da vida real, uma necessidade que aos poucos ficará clara para a maioria das pessoas.

Como será isso?

Hoje nós já temos uma noção das dificuldades na arrecadação da União e entendemos a necessidade de fazer cortes e elevar receitas. Mas é preciso entender que muitos governos estaduais e prefeituras enfrentam uma situação muito mais grave do que o governo federal. Em muitos casos, a queda de receitas está sendo muito maior.

No Rio de Janeiro, por exemplo...

O Rio enfrenta uma crise muito mais grave do que outros estados do país. Temos uma crise na indústria do petróleo, que envolve a paralisia de vários investimentos realizados nos últimos anos. A perda de receitas tem sido enorme. O governo está fazendo cortes e tem usado depósitos judiciais para enfrentar despesas que não podem ser adiadas. Nesta situação, como a CPMF prevê que uma parcela de seus recursos seja destinada para estados e municípios, não será difícil compreender que ela se tornou necessária.


Brasil 247

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