POR FERNANDO BRITO · 06/11/2015
O jornalista Kennedy Alencar prestou um enorme serviço ao país: entrevistar Lula.
Porque no Brasil, por incrível que pareça, ninguém na grande imprensa, em relação ao presidente mais importante do país nos últimos 50 anos, o entrevista: apenas cumpre as pautas acusatórias.
Kennedy não foge completamente a este roteiro, é verdade. Ao contrário, esmera-se em interromper, contraditar, apontar o que acha incoerente. Talvez tenha, até, receio de ficar “maldito” na mídia por não ser feroz.
Mas deixa Lula falar.
E Lula fala de maneira que as pessoas entendem, o que faz dele o terror da direita, embora nada de mau tenha feito a ela o ex-presidente.
Não fala de maneira pausada, formulando explicações. Fala o que pensa e quer ser entendido.
Lembra certa história que ouvi algumas vezes de Brizola, embora não recorde o nome dos personagens. Era a de um rei que, sob cerco, ia negociar junto às muralhas onde seu povo se apinhava para ver, a rendição da cidade. Só exige que o diálogo seja na língua dos atacantes, não na sua e dos que se penduravam nos muros para entender o que se passava.
Lula, falando, é um “perigo”. Por isso é preciso calá-lo. Ou, pelo menos, tirar-lhe o equilíbrio.
E o que se viu, ontem, foi um Lula absolutamente calmo, ciente que o clima de histeria só serve à direita.
Até o “não tenho medo de ser preso”, que virou manchete dos jornais, é apenas uma passagem casual.
Muito mais importante é o que diz – aliás, repete – no final da entrevista: “nós não podemos retroceder, nós temos é que avançar”.
Assista à entrevista, em duas partes.
Primeira Parte
PS. Kennedy, gentilmente, disponibiliza a transcrição integral da entrevista, em vídeo e em texto, em seu blog. Não é preciso mais que isso para, mesmo com toda a dureza da entrevista, mostrar que age com honestidade.
Tijolaço
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