quinta-feira, 19 de novembro de 2015

O que ninguém está falando na demissão de Sidney Rezende. Por Paulo Nogueira

Postado em 15 nov 2015

Sem direitos trabalhistas

Não foi só a demissão de Sidney Rezende um dia depois de um artigo crítico sobre a mídia que me chamou a atenção.

Foi também um aspecto lateral.

Rezende não foi demitido. Não renovaram seu contrato.

É igual, mas é diferente.

Significa que ele sai da Globo News e da Globo sem os direitos trabalhistas clássicos.

Significa, também, que a Globo, confiante em sua impunidade, há muito armou um esquema de sonegação no seu RH.

Você pode até tentar aceitar a utilização de PJs em empresas em condição desesperadora.

Mas na Globo?

Basta ver o patrimônio multibilionário de seus donos para verificar que este tipo de sonegação é um escárnio contra a sociedade e contra a decência.

Basta ver também a transfusão copiosa de dinheiro público para a empresa para ver o tamanho do descaro.

Apenas o governo federal, com suas empresas, coloca 500 milhões de reais por ano na Globo. Não estamos falando nos ingressos adicionais derivados de governos estaduais – Aécio foi uma mãe em seus oito anos em Minas – e prefeituras.

Com tudo isso, a Globo se julga no direito de sonegar em seus funcionários mais caros.

É uma vergonha, e também é um passivo considerável.

Nos últimos meses, a história de Claudia Cruz, mulher de Eduardo Cunha, veio à tona.

Um dos fatos marcantes de sua biografia é que ela processou a Globo quando foi demitida.

Claudia era apresentadora como Sidney Resende.

Ela ganhou na Justiça da Globo. Recebeu uma indenização na saída que não teria como PJ.

É presumível, hoje, que mais demissões virão entre PJs da Globo. E é provável, igualmente, que mais gente processe a empresa.

Isto porque as circunstâncias são outras.

Antes, romper com a Globo era uma decisão complicada para qualquer profissional. E um processo representa uma ruptura.

Agora mesmo Ali Kamel, ao falar da saída de Resende, disse que não renovar um contrato não quer dizer que o vínculo não pode ser retomado no futuro.

Não sei se existem casos assim na Globo.

Mas agora a Globo é uma empresa em declínio, e isso não vai mudar. A internet transformou as mídias da Globo em negócios declinantes, incluída aí a televisão aberta.

A Globo é a Abril amanhã.

Os profissionais sabem que seu futuro está na mídia digital, e não na Globo. Eles já não terão nada a perder acionando a Globo. Terão, na verdade, apenas a ganhar.

Isso muda tudo.

Será uma imensa surpresa se Sidney Rezende não for à Justiça contra a Globo.

Mas de novo.

É muita ganância dos donos da Globo a utilização de PJs.

E é inacreditável que o Estado – incluídos aí governos petistas nos últimos 13 anos – nunca tenha feito nada para coibir este crime contra o bolso do povo.

Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.


Diário do Centro do Mundo

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