POR FERNANDO BRITO · 13/11/2017
A privatização da Eletrobras – que o Luís Nassif definiu, com razão, como “a maior tacada da história” privatista, começa pela guerra da informação.
A companhia contratou uma agência – a FSB, aquela que se viu enrolada na delação do marqueteiro Renato Pereira como repassadora de dinheiro a Eduardo Paes – para “vender a venda” de uma empresa que os brasileiros não fazem ideia do tamanho que tem.
Porque a imprensa, bem cevada pelos privatistas, apresenta-a como um elefante branco, falida, “caindo aos pedaços”.Um caco velho.
A Eletrobras, ao contrário, é um gigante. É dona de Furnas, é dona de Itaipu, é sócia de Belo Monte, é dona das usinas nucleares. É dona de concessões que se estendem por décadas.
É, simplesmente, a maior empresa de energia elétrica da América do Sul. com uma rede de transmissão de alta tensão capaz que soma “apenas” uma vez e meia a volta ao mundo. É dona de usinas que geram um terço de toda a energia elétrica do Brasil, e de uma rede de distribuição que alcança um terço do território nacional (justamente o menos denso populacionalmente e, por isso, menos rentável, embora atenda quase sete milhões de famílias e empresas).
É tão importante que, ao lado da Petrobras, esteve na Carta Testamento de Vargas, ao matar-se – “A Eletrobras foi obstaculada até o desespero” – e explora um recurso público: a água e, mais recentemente, também o vento, com as usinas eólicas.
Vende um produto que ninguém pode parar de comprar: energia.
Pare e pense o caro leitor e a querida leitora qual foi a usina elétrica construída exclusivamente pelas empresas privadas – e multinacionais – que compraram parte do sistema elétrico com Fernando Henrique Cardoso. Quase nada, não é, pois onde entraram foi com a sociedade da Eletrobras (ou da Chesf) e financiamento barato do BNDES, dinheiro estatal, portanto.
A privatização da Eletrobras é um retrocesso de 50 anos, ao tempo em que, criança, aprendíamos a marchinha de gozação feita por Vitor Simon e Fernando Martins em 1954: “Rio de Janeiro/Cidade que nos seduz/De dia falta água/De noite falta luz.
Nestes tempos, também, o “apagou a luz” era a senha para cada guri pegar quantas bolinhas de gude pudesse e “se mandar”.
É por isso que precisam manter as pessoas no escuro, para que não vejam o crime de lesa-pátria, o desvio de bilhões de reais que estão por perpetrar.
Não se deve saber que há gente graúda nesta história, como o banqueiro José João Abdalla Filho, o “Juca Abdalla”, dono do Banco Clássico. Nem Jorge Paulo Lehman, o dono da cerveja nacional com suas Ambev e Inbev, que detém o controle – mesmo em minoria, como é na Eletrobras, de todos os negócios onde põe as mãos.
Isso não deve vir ao caso.
É preciso manter a atenção nos pedalinhos .
Tijolaço
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