quarta-feira, 14 de junho de 2017

A maldição dos pobres cai sobre Bethlem, o algoz dos camelôs



POR FERNANDO BRITO · 14/06/2017




Não me comprazo com a desgraça alheia, mas não posso deixar de registrar o bloqueio, pela Justiça, dos bens do ex-deputado e ex-secretário Rodrigo Bethlem, o do “Choque de Ordem” do início da primeira gestão de Eduardo Paes, no município do Rio de Janeiro, por desvio de R$ 60 milhões em verbas públicas.

Bethlem era o “xerife” do Rio, louvado pela mídia e personagem até de matéria do The New York Times. Seu mérito?

O mesmo desde que se iniciou na vida pública, como administrador regional de Cesar Maia: jogar a guarda municipal, de cassetetes, pistolas elétricas, gás de pimenta e botinadas sobre os camelôs.

Era o Rapa Boy mauricinho que não se importava se aqueles desgraçados da sorte teriam, rasgados ou apreendidas os badulaques que vendiam, do que tirar o dinheiro para que seus filhos tivessem o que comer.

Mas caiu sobre ele aquilo que Brizola chamava de “a maldição dos pobres”.

Numa briga com a ex-mulher por divisão de bens, foi gravado falando de “mesada” de fornecedores públicos e conta na Suíça.

Escapou na Comissão de Ética da Câmara dos Deputados, para onde voltou em busca de refúgio. Mas, agora sem mandato, teve da Justiça o mínimo que se esperava: o bloqueio dos ricos bens, apreendidos pelo Judiciário com muito mais dó e piedade do que ele fazia com os aqueles parcos dos pobres camelôs.

É uma velha regra, com raras exceções: onde houver um moralista, há um imoral; onde houver um defensor incondicional da ordem, há um ordinário.

Bethlem diz que o Ministério Público do Rio “está jogando para a platéia”.

Seja ou não, uma platéia de gente pobre, sofrida, maltratada, que está vendo a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar.



Tijolaço

Nenhum comentário:

Postar um comentário