Da jornalista brasileira Gisele Teixeira, que vive em Buenos Aires, no Blog do Noblat.
“A maioria dos amigos brasileiros que vem me visitar chega com a mesma imagem pré-concebida: que aqui ninguém suporta a presidente Cristina Kirchner e que ela passa o tempo todo comprando sapatos e colocando botox. Acho graça e a defendo, porque em um país que já teve as gestões de Carlos Menem, Fernando de la Rúa e Eduardo Duhalde, os resultados da era K. são um luxo!
A imprensa argentina, tanto opositora quanto oficialista, tem passado os últimos dias pré-eleição tentando entender o desempenho arrasador de Cristina nas pesquisas de intenção de voto. Segundo últimos levantamentos, ela venceria no primeiro turno a disputa marcada para 23 de outubro.
Pesquisa encomendada pelo La Nación à Poliarquia Consultores, publicada no fim de semana, mostra Cristina com 52% das intenções de voto. O segundo colocado, Hermes Binner, do Partido Socialista e governador da província de Santa Fé, vem muito atrás, com 16%.
Na matéria dominical de Clarin a vantagem é ainda maior: 55% segundo a consultoria Equis, 53,2% de acordo com a Management & Fit e um pouco menos (51%) pela Opinião Pública Serviços e Mercados (OPSM).
Como explicar esse desempenho?
O La Nación destaca que 52% dos entrevistados irão votar em Cristina porque acreditam que ela faz um bom governo; 48% crêem que a situação do país melhorou e 60% assinalam o aumento do nível de emprego, o crescimento da economia e a estabilidade.
O jornal Página 12, de tendência governista, entrevistou 10 consultorias sobre as razões do voto em Cristina e quase todos seguem a mesma linha.
Hugo Haime, da Haime e Associados, afirmou que o bom desempenho da presidente é resultado “de um forte impacto das políticas sociais: a incorporação de mais aposentados ao sistema, o bolsa escola, a assistência para mulheres grávidas, e a incorporação de trabalhadores ao mercado formal”.
Para Eduardo Fidanza, da Poliarquia, a resposta está na melhora econômica do país e, para Anália Del Franco (Analogias), o sucesso reside na boa gestão da presidenta. Para completar, Artemio Lopez, resume: uma população igual à da província de Buenos Aires saiu da faixa de pobreza, e um equivalente populacional às províncias de Córdoba, Santa Fé e Mendoza, juntas, deixaram de ser indigentes.
Um percentual acima de 52% daria à presidenta o maior triunfo em quase três décadas de eleições, consolidando a maior vitória eleitoral desde a redemocratização do país, em 1983.
“Algo habrá hecho” ou, em português, “algo deve ter feito”. Era a frase que sussurravam os vizinhos quando alguém era sequestrado durante a ditadura militar. Hoje serve para explicar outras coisas.
Tijolaço - Brizola Neto
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