quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Kirchner: o preconceito e a realidade

Da jornalista brasileira Gisele Teixeira, que vive em Buenos Aires, no Blog do Noblat.


“A maioria dos amigos brasileiros que vem me visitar chega com a mesma imagem pré-concebida: que aqui ninguém suporta a presidente Cristina Kirchner e que ela passa o tempo todo comprando sapatos e colocando botox. Acho graça e a defendo, porque em um país que já teve as gestões de Carlos Menem, Fernando de la Rúa e Eduardo Duhalde, os resultados da era K. são um luxo!

A imprensa argentina, tanto opositora quanto oficialista, tem passado os últimos dias pré-eleição tentando entender o desempenho arrasador de Cristina nas pesquisas de intenção de voto. Segundo últimos levantamentos, ela venceria no primeiro turno a disputa marcada para 23 de outubro.

Pesquisa encomendada pelo La Nación à Poliarquia Consultores, publicada no fim de semana, mostra Cristina com 52% das intenções de voto. O segundo colocado, Hermes Binner, do Partido Socialista e governador da província de Santa Fé, vem muito atrás, com 16%.

Na matéria dominical de Clarin a vantagem é ainda maior: 55% segundo a consultoria Equis, 53,2% de acordo com a Management & Fit e um pouco menos (51%) pela Opinião Pública Serviços e Mercados (OPSM).

Como explicar esse desempenho?

O La Nación destaca que 52% dos entrevistados irão votar em Cristina porque acreditam que ela faz um bom governo; 48% crêem que a situação do país melhorou e 60% assinalam o aumento do nível de emprego, o crescimento da economia e a estabilidade.

O jornal Página 12, de tendência governista, entrevistou 10 consultorias sobre as razões do voto em Cristina e quase todos seguem a mesma linha.

Hugo Haime, da Haime e Associados, afirmou que o bom desempenho da presidente é resultado “de um forte impacto das políticas sociais: a incorporação de mais aposentados ao sistema, o bolsa escola, a assistência para mulheres grávidas, e a incorporação de trabalhadores ao mercado formal”.

Para Eduardo Fidanza, da Poliarquia, a resposta está na melhora econômica do país e, para Anália Del Franco (Analogias), o sucesso reside na boa gestão da presidenta. Para completar, Artemio Lopez, resume: uma população igual à da província de Buenos Aires saiu da faixa de pobreza, e um equivalente populacional às províncias de Córdoba, Santa Fé e Mendoza, juntas, deixaram de ser indigentes.

Um percentual acima de 52% daria à presidenta o maior triunfo em quase três décadas de eleições, consolidando a maior vitória eleitoral desde a redemocratização do país, em 1983.

“Algo habrá hecho” ou, em português, “algo deve ter feito”. Era a frase que sussurravam os vizinhos quando alguém era sequestrado durante a ditadura militar. Hoje serve para explicar outras coisas.

Tijolaço - Brizola Neto

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