Os Estados Unidos da prosperidade, do progresso, dos salões iluminados sempre tiveram um enorme lado sombrio, que poucos puderam conhecer.
As imagens talvez traduzam com mais fidelidade isso do que discursos e teorias.
A foto da esquerda ficou famosa como símbolo da depressão americana dos anos 30. Florence Owens Thompson, com seus filhos – a mulher da foto à esquerda.tornou-se “anonimamente conhecida”, com seus filhos, como retrato da desesperança.
Agora, o movimento “Ocupar Wall Street”, que toma corpo por todos os EUA em protesto contra a situação econômica do país, está mostrando a sua cara anônima.
E, com a internet, a imagens e textos não dependem mais da sensibilidade da fotógrafa Dorothea Lange, que soube absorver numa lente a desesperança daquela mulher.
No site We are the 99% centenas de pessoas estão expondo suas mensagens e seus rostos, com a história de seus problemas econômicos. Impressiona, sobretudo, a quantidade deles que estão endividados com os empréstimos educacionais e que não vêm um médio há anos, porque não podem pagar pela saúde e não há sistema público de saúde na terra mais rica do mundo.
Eles, os 99%, se apresentam:
“Quem somos nós? Bem, quem é você? Se você está lendo isso, há 99 por cento de chance de você ser um de nós.
Você é alguém que não sabe se vai ter dinheiro suficiente para pagar o aluguel deste mês. Você é alguém que (…) nunca vai te dinheiro para pagar as contas do hospital. Você é alguém que tem uma montanha de dívidas que nunca parece ficar menor, não importa o quanto você tente. Você faz todas as coisas que é possível fazer. (…)Você começa num segundo emprego. Você faz cursos para melhorar suas habilidades. Mas não é suficiente. Nunca é suficiente. A ansiedade, a frustração, a impotência ainda estão lá, pairando como o corvo da tempestade. (…)
Eles dizem que é porque você é preguiçoso. Dizem que é porque você faz escolhas ruins. Dizem que é porque você é imprestável. Que se você apenas se aplicar um pouco mais, trabalhar um pouco mais duro, planejar melhor, as coisas correrão bem para você. Por que você precisa de mais ajuda? Eles não ajudaram o suficiente? Eles dizem que você não tem de culpar ninguém além de si mesmo. Eles dizem que é tudo culpa sua.
Eles são os 1 por cento. Eles são os bancos, a indústria de hipotecas, a indústria de seguros. Eles são os mais importantes. Quando eles precisam de ajuda, são socorridos e são elogiados como criadores de emprego. Precisamos de ajuda e não ganhamos nada (…). Vivemos em uma sociedade feita para eles, não para nós. É o mundo deles, não o nosso . Se tivermos sorte, eles vão nos deixar trabalhar nele, contanto que não questionemos o tamanho de sua caridade…”
Tijolaço - Brizola Neto
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