Há pouco mais de três décadas eles estavam lá, no Colégio Sion, no ato de nascimento do PT e foram dos primeiros assinar o livro de fundação do partido, ao lado de tantos outros pioneiros, dentre os quais o então sindicalista Lula. Nesta semana em que o partido comemora 32 anos, o advogado Antônio Funari Filho e o jornalista Sérgio Sister repassam as emoções daquele momento e falam da legenda ajudaram a fundar naqueles tempos heróicos, ainda sob a égide da ditadura militar que só terminaria cinco anos depois.
Sister conhecera Lula em 1974, como jornalista da revista Veja, cobria economia e sindicalismo. Ele lembra que uma característica importante marcava o surgimento do PT. “Foi a primeira vez que se criou um partido de massas no país”, pontua o jornalista. O PT trazia a novidade de juntar os movimentos da Igreja, de mulheres, saúde, moradia e tantos outros.
“Eu tinha sido militante no Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) que tinha proposta diferente. Assim, era meio estranho falar em partido de massas. Pensávamos em termos de partido comunista, socialista, de grupos”, resume Sister, também artista plástico. Apesar da estranheza inicial, lembra Sister, a ideia de fundar o PT seduzia a muitos.
Partido nasceu em clima festivo“A criação do PT se deu em um clima festivo”, recorda o deputado estadual pelo partido em 1982 e hoje presidente da Comissão de Justiça e Paz (CJP) da Arquidiocese de São Paulo, advogado Antônio Funari Filho. “Houve um esforço muito grande de articulação em que se juntou o movimento sindical com uma parte do pessoal que vinha do exílio, outra dos vários grupos de esquerda, e com ex-presos políticos”, rememora Funari.
Não foi pequeno, lembra ele, o esforço para harmonizar os diferentes atores políticos no momento da fundação do PT. O partido nascia com um forte viés sindicalista e se definiria ideologicamente com um viés socialista. “(no começo) Não chegava a ser um partido popular”, ressalta o presidente da CJP.
Para ele, só com a disputa de várias eleições é que o caráter ideológico do partido foi se definindo melhor: “só então o PT se consolidou como partido de massas e, sem dúvida, hoje é o único partido de esquerda do Brasil e um dos poucos do mundo com essa característica”.
Pragmatismo e democracia interna
Em sua análise, Funari considera que só ao longo do tempo e passando por transformações, o PT amadureceu e criou uma base trabalhadora de peso, com a virtude de nunca abandonar suas convicções e ética. “Naturalmente, ao longo do processo, ele passou de um partido mais ideológico, para um mais pragmático”, aponta o ex-deputado.
Sister também descreve o PT de hoje de forma semelhante. “Para governar, o partido teve que se aliar a muitas forças que não têm os mesmos objetivos do PT.” Ele lamenta que as alianças tirem “parte do vigor do partido”. Mas, reconhece: “Sem elas não dá para governar”.
Por outro lado, da mesma forma que Funari, elogia a manutenção dos valores éticos e sociais do partido: “É o que lhe garante uma base social forte e uma vitalidade muito grande. A democracia interna do partido ainda é muito forte. Talvez nenhum outro no Brasil tenha essa vida democrática”.
Blog do Zé Dirceu
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