8 de agosto de 2014
por Paulo Moreira Leite
Basta recordar que a mais confortável e limpa prisão do mundo não deixa de ser uma jaula, onde observamos leões, tigres, gorilas e outros animais em passos infinitos entre a parede e a grade, para reconhecer que o regime aberto conquistado por José Genoíno deve ser celebrado. Não se deve exagerar nos festejos, porém.
A volta para casa garante uma impressão de normalidade a uma história absurda de perseguição e injustiça. A esperança da família, ontem, era garantir que ele pudesse ser libertado ainda hoje, para poder passar o Dia dos Pais com filhos e netos.
O fato é que Genoíno nunca deveria ter sido condenado. Muito menos preso. Na cadeia, com um implante de 15 cm na aorta, deveria ter sido liberado após o primeiro exame médico para cumprir pena sob prisão domiciliar. Depois que isso aconteceu, não poderia ter sido mandado de volta. Nem deveria ter o pedido de prisão domiciliar negado, mais uma vez.
Nenhuma das autoridades que podiam libertar ou prender Genoíno nunca deixaram de tomar medidas que poderiam manter em sua jaula
Genoíno foi condenado por corrupção sem nunca ter mexido com dinheiro em mais de 50 anos de atuação política. Os empréstimos que avalizou para o PT não envolviam fraudes financeiras, mas recursos verdadeiros, que foram empregados na finalidade declarada. Seu único bem imóvel, um sobrado na região do Butantã, foi comprado através de financiamento da Caixa Econômica Federal.
A volta para casa garante uma impressão de normalidade a uma história absurda de perseguição e injustiça. A esperança da família, ontem, era garantir que ele pudesse ser libertado ainda hoje, para poder passar o Dia dos Pais com filhos e netos.
O fato é que Genoíno nunca deveria ter sido condenado. Muito menos preso. Na cadeia, com um implante de 15 cm na aorta, deveria ter sido liberado após o primeiro exame médico para cumprir pena sob prisão domiciliar. Depois que isso aconteceu, não poderia ter sido mandado de volta. Nem deveria ter o pedido de prisão domiciliar negado, mais uma vez.
Nenhuma das autoridades que podiam libertar ou prender Genoíno nunca deixaram de tomar medidas que poderiam manter em sua jaula
Genoíno foi condenado por corrupção sem nunca ter mexido com dinheiro em mais de 50 anos de atuação política. Os empréstimos que avalizou para o PT não envolviam fraudes financeiras, mas recursos verdadeiros, que foram empregados na finalidade declarada. Seu único bem imóvel, um sobrado na região do Butantã, foi comprado através de financiamento da Caixa Econômica Federal.
Integrantes da mais alta corte do país, ministros condenaram Genoíno soltando lágrimas de crocodilo. Com graus variados de docilidade, ele enfrentou na prisão sucessivas juntas médicas formadas exclusivamente pra dar argumentos técnicos para a decisão política já tomada de impedir que deixasse a prisão. Genoíno foi mantido no cárcere até ontem para garantir a continuidade de um regime de populismo barato, que trata direitos humanos como privilégio e mordomia. Queriam transformar sua decência em vergonha, sua coragem em crime.
Pense em todos os atos indecentes que uma autoridade pode comprometer contra um cidadão aprisionado. Pense na falta de caráter que pode se esconder atrás de tantas demonstrações de autoridade. Pense na malvadeza, na covardia. Genoíno sofreu tudo isso e continuou de pé. Deixa a prisão como aquilo que sempre foi. Um exemplo.
E é por isso que o Brasil lhe deve desculpas. É um pedido por ele. Mas, essencialmente, um pedido por nós.
Paulo Moreira Leite é diretor do 247 em Brasília. É também autor do livro "A Outra História do Mensalão". Foi correspondente em Paris e Washington e ocupou postos de direção na VEJA, IstoÉ e Época. Também escreveu "A Mulher que Era o General da Casa".
Brasil 247
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