Postado em 04 ago 2014
por : Paulo Nogueira
Aécio no G1
O momento mais engraçado da sabatina de Aécio no G1 veio da imagem de um internauta escolhido para fazer uma pergunta.
A pergunta foi gravada num vídeo.
Sem a menor cerimônia, como se estivesse numa roda na praia, o internauta fez sua pergunta sem camisa.
O descamisado queria saber se os impostos para games iriam diminuir.
Não que os entrevistadores devessem estar de paletó e gravata. Eu mesmo sempre me vesti casualmente.
Mas sem camisa?
Pausa para rir.
Outro instante divertido foi quando Aécio deu um furo. Anunciou, orgulhoso, a criação de um Ministério da Infraestrutura, na hipótese de vencer a eleição.
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Minutos depois, o entusiasmo de Aécio com seu novo ministério diminuiu consideravelmente. É que alguém lembrou que Collor criou o mesmo Ministério das Minas e Energia.
Justo ele, Collor?
Nova pausa para rir.
Mas o que a sabatina do G1 mostrou de mais valioso foi quanto é complicado para Aécio o caso do aeroporto, por mais que a mídia o poupe.
Quando lhe perguntaram por que demorara dez dias para admitir que usara o aeroporto, ele simplesmente não encontrou resposta.
Enrolou.
Disse que esperara ficar claro que o terreno do aeroporto fora desapropriado e já não pertencia a seu tio-avô.
O moderador do G1, Tonico Ferreira, lembrou que isso foi esclarecido logo nos primeiros dias.
Mas essa informação não deteve Aécio. Ele atropelou Ferreira e insistiu com sua justificativa, aspas.
Aécio foi além de não responder por que demorou dez dias. Ele tentou, também, mudar o foco do problema do uso da pista.
Ele está fingindo que a questão é que ele utilizou um aeroporto não homologado pela Anac.
Seria uma falha burocrática, e não uma falha moral.
Então ele aproveita para jogar a culpa na própria Anac — e portanto no governo — por não ter homologado a pista rapidamente.
Não é verdade.
O problema é o uso em si, com ou sem homologação. Porque fica a suspeita – para usar uma palavra branda, quase generosa — de que o aeroporto foi feito, ou refeito, para utilização pessoal de Aécio, já que ele tem uma propriedade ali por perto e sua viagem fica bem mais cômoda.
Neste caso, você tem uma despesa pública – 14 milhões de reais – para fins privados.
O aeroporto de Claudio é um drama para Aécio porque mina o discurso moralista que está na base de seus ataques a Dilma e ao PT.
Poucas coisas são mais patéticas que um moralista pego em flagrante. O povo perdoa o pecador, mas implica com o cínico.
Até aqui, como ficou patente na entrevista do G1, Aécio não achou uma explicação que se sustentasse de pé – provavelmente porque não existem mesmo palavras que justifiquem o injustificável.
O momento mais engraçado da sabatina de Aécio no G1 veio da imagem de um internauta escolhido para fazer uma pergunta.
A pergunta foi gravada num vídeo.
Sem a menor cerimônia, como se estivesse numa roda na praia, o internauta fez sua pergunta sem camisa.
O descamisado queria saber se os impostos para games iriam diminuir.
Não que os entrevistadores devessem estar de paletó e gravata. Eu mesmo sempre me vesti casualmente.
Mas sem camisa?
Pausa para rir.
Outro instante divertido foi quando Aécio deu um furo. Anunciou, orgulhoso, a criação de um Ministério da Infraestrutura, na hipótese de vencer a eleição.
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Minutos depois, o entusiasmo de Aécio com seu novo ministério diminuiu consideravelmente. É que alguém lembrou que Collor criou o mesmo Ministério das Minas e Energia.
Justo ele, Collor?
Nova pausa para rir.
Mas o que a sabatina do G1 mostrou de mais valioso foi quanto é complicado para Aécio o caso do aeroporto, por mais que a mídia o poupe.
Quando lhe perguntaram por que demorara dez dias para admitir que usara o aeroporto, ele simplesmente não encontrou resposta.
Enrolou.
Disse que esperara ficar claro que o terreno do aeroporto fora desapropriado e já não pertencia a seu tio-avô.
O moderador do G1, Tonico Ferreira, lembrou que isso foi esclarecido logo nos primeiros dias.
Mas essa informação não deteve Aécio. Ele atropelou Ferreira e insistiu com sua justificativa, aspas.
Aécio foi além de não responder por que demorou dez dias. Ele tentou, também, mudar o foco do problema do uso da pista.
Ele está fingindo que a questão é que ele utilizou um aeroporto não homologado pela Anac.
Seria uma falha burocrática, e não uma falha moral.
Então ele aproveita para jogar a culpa na própria Anac — e portanto no governo — por não ter homologado a pista rapidamente.
Não é verdade.
O problema é o uso em si, com ou sem homologação. Porque fica a suspeita – para usar uma palavra branda, quase generosa — de que o aeroporto foi feito, ou refeito, para utilização pessoal de Aécio, já que ele tem uma propriedade ali por perto e sua viagem fica bem mais cômoda.
Neste caso, você tem uma despesa pública – 14 milhões de reais – para fins privados.
O aeroporto de Claudio é um drama para Aécio porque mina o discurso moralista que está na base de seus ataques a Dilma e ao PT.
Poucas coisas são mais patéticas que um moralista pego em flagrante. O povo perdoa o pecador, mas implica com o cínico.
Até aqui, como ficou patente na entrevista do G1, Aécio não achou uma explicação que se sustentasse de pé – provavelmente porque não existem mesmo palavras que justifiquem o injustificável.
Sobre o Autor: o jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.
Diário do Centro do Mundo
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