segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Mudança de economia é o que deve cair do céu semana que vem e que não faz demagogia

23 de novembro de 2014 | 14:07 Autor: Fernando Brito



Entre segunda e sexta-feira é provável que aconteçam mudanças importantes na economia brasileira.

Não, não estou falando sobre as “previsões do mercado” sobre a economia brasileira com Joaquim Levy, Nélson Barbosa ou outro nome capaz de acalmar os apetites das finanças.

Algo mais importante, no curto prazo, do que o quanto o Ibovespa vá registrar.

Falo das previsões de outros, os meteorologistas, que estimam chuvas de até 200 milímetros (o equivalente a um mês inteiro de precipitação) sobre as cabeceiras do Rio Grande, do Paranaíba e do São Francisco.

Numa palavra, chuvas torrenciais, com possibilidades acima de 80% e projeções entre 30 e 80 mm diários, durante quatro dias ou cinco dias.

Quem não faz demagogia diz que, tanto quanto é dramática a situação de São Paulo – onde as chuvas cairão com menos força, infelizmente – é muito preocupante a situação dos reservatórios da hidrelétricas do Sudeste, tão ou mais atingidos pela seca que os mananciais que servem os paulistanos.

Chegamos ao final do período seco no pior dos mundos, o que coincidiu, aliás, com o projetado pelas autoridades energéticas.

Algo em torno de 15, 3% de acumulação de água nos reservatórios do Sudeste, contra 42% na mesma época do ano passado.

Claro que nem toda essa chuva vai fazer os reservatórios voltem àquele nível, mas ajuda a começar a recuperação que seguirá em dezembro e janeiro.

Recuperação que não será completa, diga-se já, mas que afasta o fantasma de um “apagão” que foi indevidamente agitado diante dos brasileiros por razões eleitorais.

Ninguém, mais que este blog, traçou tão dramaticamente as perspectivas de São Paulo quanto às chuvas.

Porque, fazendo a mesma comparação, o nível do Cantareira, no mesmo período, baixou de 32% para menos ( é, menos, porque volume morto é nível abaixo do zero) 20% de armazenamento.

No mundo das mudanças climáticas, o jornalismo brasileiro, salvo raríssimas exceções, ainda trata o tempo como algo a ser exibido por mocinhas bonitas sobre uma tela projetada de computado, dizendo obviedades.

Ou para fazer uma matéria espalhafatosa na base do “o nível da represa está em tanto” e pronto.

E no que tange à produção de energia, discutir superficialmente as questões, em nome de uma “preocupação ambiental” que não discute o essencial: não é possível pensar em um país economicamente viável se não for cuidado do suprimento de energia.

Ontem, muita gente deve ter lido pela primeira vez sobre o Complexo Hidrelétrico do Rio Tapajós.

Quatro anos de “atraso” por conta de procurar ajustar ambientalmente uma obra que aumenta em 10% todo o potencial de geração elétrica do país, com cuidados que jamais se teve antes na história.

Mas que é tratado como “crime ambiental”, enquanto 40 anos de imprevidência administrativa em São Paulo são “fatalidades climáticas” e se cobra dinheiro e autorizações a toque de caixa do governo federal para resolve-las em cima da perna.
 
 
 
Tijolaço

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