quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Petrobras: despejar a criança junto com a água do água do banho?

27 de novembro de 2014 | 14:08 Autor: Fernando Brito



É curioso o que ocorre na Petrobras.

A atual direção da empresa, mesmo em meio ao furacão de denúncias, não tem contra si nenhuma acusação.

Ao que parece, também não há contra ela nenhuma acusação de incapacidade técnica: a empresa registra aumentos expressivos de produção, cumpre com relativa regularidade o cronograma de incorporação de novos poços, aumenta significativamente o nível de eficiência de seu parque de refino.

Ao contrário, Graça Foster era saudade pela imprensa como uma técnica exigente e duríssima com qualquer desvio na empresa.

E, no entanto, está politicamente fraca.

Não porque, de maneira inédita, se tenha descoberto, durante sua gestão, casos de corrupção (ate aqui, passados) na empresa.

Isso nem vem só de FHC, mas do Governo Geisel, quando o Shigeaki Ueki – o homem que faria a operação de compra da Light um ano antes de que ela revertesse, sem custo, para o Governo Brasileiro – nomeado para a estatal pelo austeríssimo luterano Ernesto Geisel.

O problema da atual direção da Petrobras não é falta de competência ou de honradez, mas do entendimento de que a Petrobras tem um papel político que se confunde com os anseios de desenvolvimento e independência do Brasil.

E que o que se faz contra a empresa é, antes de tudo, o que se faz contra esta aspiração do povo brasileiro.

É que, embora asqueroso que servidores do quadro da companhia não apenas a roubem como fragilizem sua imagem, o tema serve a um duplo propósito.

Enfraquecer o Governo Dilma, agora.

E adiante, romper o semi-monopólio reconquistado pela Petrobras sobre o pré-sal.

Já recomeçou a cantilena de que o pré-sal “não é tão lucrativo assim” frente á queda dos preços do petróleo.

Mentira: no mix – pré e pós-sal – o petróleo brasileiro custa US$ 14 dólares por barril para ser extraído, o que o deixa ainda com muitíssima folga diante dos US$ 75 dólares para os quais caiu hoje, depois que a Opep (leia-se Arábia Saudita ou leia-se EUA, como preferir) não adotou o corte de produção que defenderia os interesses dos países exportadores.

Por isso, faço questão de reproduzir aqui o olhar muito mais atilado que o meu, do veterano jornalista Nílson Lage, que pratica, estuda e critica o comportamento do jornalismo brasileiro há mais de meio século. E que, depois de tantos anos de janela, conhece todos os personagens deste jogo, desde os tempos do “Petróleo é Nosso”.
O jogo está escancarado

Nilson Lage, no Facebook

O que se disputa é o Brasil.

A campanha mobiliza a mídia comandada pela Sociedade Interamericana de Imprensa através de organizações corporativas nos moldes das agências nacionais de jornais e de emissoras de rádio e televisão – destacadamente, as empresas sempre fiéis, como as Organizações Globo e o que restou dos Diários Associados.

Os recursos fluem através dos mecanismos hegemônicos de patrocínio publicitário implantados nos últimos 60 anos e do financiamento pelas multinacionais interessadas; para isso, elas cooptaram lideranças políticas ambiciosas dos estados mais industrializados no quadro do “desenvolvimento dependente”.

Numa sociedade em que todos os negócios têm comissões e que a corrupção é generalizada – embora se venha reduzindo nos últimos anos – , cuida-se de demonizar seletivamente as empresas brasileiras mais importantes e as principais detentoras de tecnologia com expressão internacional.

Trata-se, como sempre, de minar o poder nacional brasileiro, intimidar sua eventual base de suporte econômico e, afinal, tomar posse integral dos minérios e do bioma amazônico e, com maior urgência, do subsolo do Atlântico que a Petrobrás começou a explorar – o petróleo do pré-sal e muita coisa mais.

Para esse assalto, há traidores bastantes; uma esquerda cega que sonha impossível “revolução já”; bacharéis carreiristas ou alienados; vigilantes que se supõem super-heróis; e forças armadas de caça-fantasmas perseguindo um comunismo de araque que já foi trabalhismo e agora é bolivarianismo.
 
 
 
 
Tijolaço

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