sábado, 12 de setembro de 2015

A oposição só derruba Dilma se ela ajudar

SAB, 12/09/2015 - 16:08
ATUALIZADO EM 12/09/2015 - 16:10


Esqueçam erros cometidos após as eleições, que culminaram com a queda da popularidade de Dilma Rousseff em uma rapidez recorde. Deixem de lado também as tentativas golpistas da oposição, o infindável terceiro turno, por ser um dado da realidade, que independe de Dilma.

Fiquemos apenas com os últimos movimentos.

Quando o incêndio lavrava por todos os cantos, Dilma invocou o vice-presidente Michel Temer para rearticular a base. A temperatura baixou e pensava-se que se tinha encontrado o caminho para a estabilização política.

Foi só conseguir um pouco de oxigênio para tomar uma série de decisões, intrigas e trapalhadas desgastarem a relação entre ambos.

Desde o começo do ano, o MPOG (Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão) trabalha em um redesenho dos processos internos de governo. Trabalho completo, o anúncio teria um bom potencial político, mostrando a recuperação de conceitos de gestão abandonados por Dilma.

Aí Dilma obriga o Ministro do Planejamento a anunciar o trabalho antes de estar pronto, queimando um bom trunfo para a virada de mesa nas expectativas.

As quedas do nível de atividade e da receita criam um rombo nas previsões orçamentárias para 2016. Dilma decide ressuscitar a CPMF e toca a telefonar – ela e ministros – para políticos, jornalistas, economistas, buscando apoio. Por um momento, passa a ideia de pro-atividade e consegue uma breve aglutinação das forças pro-estabilidade, Delfim, alguns economistas responsáveis de mercado, alguns jornalistas econômicos.

Delfim faz mais: defende a medida para uma plateia de 300 homens de mercado reunidos no encontro anual em Campos do Jordão.

Dilma esquece de avisar Temer que iria tentar a CPMF, enfraquecendo uma aliança importante. No final do dia, abandona a ideia da CPMF e não avisa Delfim nem os jornalistas econômicos procurados, perdendo, em Delfim, outro aliado importante. E tem a criativa ideia de mandar o orçamento deficitário para o Congresso se virar, precipitando a decisão da Standard & Poor´s de rebaixar a nota do país.

Enquanto isto, alguns petistas ingênuos – como o Ministro Aloisio Mercadante e o prefeito de São Paulo Fernando Haddad – procuram aproximação com o mais improvável dos aliados, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Com mais de 80 anos, o único objetivo de FHC é destruir o legado de Lula.

A cada dia que passa, mais surpreende a falta de informação e de visão estratégica desse pessoal.

A notícia boa é que Dilma depende apenas dos seus pontos para se manter no campeonato. Basta conferir um mínimo de estrutura ao seu governo. A notícia ruim é que ela não está conseguindo. Desenvolveu uma incrível capacidade de queimar uma a uma as amarras que seguram no cais o navio da estabilidade.


Jornal GGN

Nenhum comentário:

Postar um comentário