POR FERNANDO BRITO · 28/10/2015
Enquanto não se teve um fiapo para usá-la politicamente contra o Governo, a Operação Zelotes, que investiga – ou deveria investigar – a anulação fraudulenta de créditos em impostos devidos à União – estimados, apenas os maiores deles, em R$ 19 bilhões – ela andou quieta, vagarosa e discreta aos olhos da grande mídia.
Ninguém se escandalizou com a presença, entre os supostos beneficiários, de megaempresas como a RBS, projeção gaúcha e catarinense da Rede Globo, o grupo Gerdau, a Ford, a Mitsubishi; os bancos Bradesco, Santander, Safra e Bank Boston.
De repente, por conta de um pagamento feito por uma das empresas que atuaria para estes grupos, quatro anos depois de ter sido aprovada a MP que as beneficiaria, feito à firma de um dos filhos do ex-presidente Lula,
acendeu um ardor indescritível na mídia e, segundo os jornais, na Polícia Federal, no Ministério Público e na Receita Federal.
Esqueceram-se, rapidamente, dos bilhões sonegados.
As menções a “um café” e “duas bonecas” numa anotação de um lobista que se referiria ao ex-Ministro Gilberto Carvalho são motivo de pedidos de quebra de sigilo bancário dele e de sua filha, a qual não se sabe porque foi metida na história.
Mas a declaração do mesmo lobista, Alexandre Paes dos Santos, dadas a Rubens Valente, da Folha, de que agenciou encontros com Aécio Neves e Eduardo Campos não são notícia.
Obvio que isso não torna Aécio ou tornaria Campos, se estivesse vivo, criminosos. Nem mesmo suspeitos.
Como ficou “resolvida” a questão do mesmo lobista pagar um motorista particular para um alto assessor de Pedro Malan: o assessor demitiu-se, alegando a necessidade de fazer uma cirurgia e tudo ficou cicatrizado.
Também esqueceu-se a informação de que o tal lobista foi processado por calúnia por outro filho de Lula, Fábio Luís (o tão investigado Lulinha), junto com a Veja e o autor da reportagem do tipo “mente-desmente” que ilustra o post, em outubro e novembro de 2006.
Processados e condenados pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, em sentença de segunda instância.
Está evidente que se prepara a cama para que algum dos envolvidos no surrupio de milhões (ou bilhões) da Receita apareça como “bom ladrão” através de delações.
Tal como Alberto Youssef, Alexandre Paes dos Santos é velho conhecido da Polícia, ao menos desde 1999.
Da Polícia e da Veja, que se valeu dele para atingir o filho de Lula, em 2006, cinco anos depois de tê-lo chamado de achacador, em matéria assinada nada menos que pelo todo-poderoso Policarpo Júnior na edição de 24/10/2001.
Como se vê, está aberta a nova temporada de banditismo, agora para atingir a família de Lula.
PS. A apuração da história deste lobista deve-se à memória implacável da leitora Celeste, que deu a dica de que Alexandre já tinha sido processado pelo filho de Lula.
Tijolaço
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