POR FERNANDO BRITO · 26/10/2015
Virou moda, agora, publicarem-se as coisas mais estranhas sobre Lula sem o pudor, sequer de registrar se ele confirma, nega ou, até, recusa-se a comentar.
Basta que “aliados” – que é como a Folha chama, várias vezes, os supostos interlocutores de Lula – falem algo que “se non è vero, è bene trovato”e. claro, ajudem a colocar o ex-presidente em alguma situação de desgaste ou conflito. Muy amigos…
Há alguns dias, foi o “acordo” com Eduardo Cunha, do qual Lula foi avisado pela imprensa.
Hoje, a irritação com Dilma, a quem responsabilizaria pela ação policial contra o escritório de seu filho, Fábio Luiz.
Que Lula fique indignado com a invasão do escritório do filho é obvio, não conheço um que não ficasse com este tipo de ação sobre seu filho sabendo que é contra o pai que se age.
Dai ém diante. a lenda: Lula sabe perfeitamente que Dilma não tem controle sobre o Ministério Público, o que faria ser uma absoluta ilusão que ele ou ela pudessem determinar o que fariam os promotores que, inclusive, neste caso do escritório de Fábio, foram os que o incluíram – combinados ou não com a PF – na Operação Zelotes, com a qual nada disso tem relação.
Obvio que já saiu a milésima nota do Instituto desmentindo mais uma “reportagem psicografada”, que a Folha coloca, claro, lá no final da matéria, porque não dá a menor importância ao que diz quem ela diz que disse o contrário.
Se não tem confirmação, daria, no máximo, uma notinha nas “colunas” de política que sucederam as antigas “colunas sociais”. Aquilo que no meu tempo a gente chamava de “cesta página” – cesta mesmo, não sexta, porque designava aquele cilindro de lata para papéis inservíveis.
Mas é interessante especular sobre a matéria.
Primeiro é a fixação em chamar de “aliados”. Não são amigos, não são companheiros de partido, não são assessores. São “aliados”, em oposição aos ” assessores presidenciais”.
Como todo bom boato, nasce de algo real e óbvio: a inapetência e a abulia com que José Eduardo Cardozo se comporta com tudo que se passa na área que deveria estar sob sua autoridade, que é apresentada como motivo de irritação de Lula.
Daí, porém, partem para uma teoria estrambótica de que seria uma orientação para “entregar Lula” como forma de “livrar Dilma”.
Será que existem tantas cabeças microcéfalas – existem, não viram o Rodrigo Constantino apontando um videogame americano como doutrinação comunista? – que acreditam que Dilma resistiria dois meses no Governo com o êxito de um plano para lançar Lula à desgraça?
Mas o pior, o pior de tudo é ver a política e o país sendo dirigidos pela meganhagem do MP e da PF, que vão enfiando suspeitas aqui e ali, onde der, com claríssimos objetivos políticos.
Estamos quase chegando ao ponto em que democracia será abolir o voto para governador e presidente e fazer eleições para delegado e promotor.
Tijolaço
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