sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Troca do Comando Sul é regra que o Exército lembra e os civis esqueceram

POR FERNANDO BRITO · 30/10/2015


Qualquer organização séria funda-se, entre outras regras, na hierarquia e na disciplina.

Muito mais ainda quando se trata de organizações armadas e com altas responsabilidades sobre a defesa das instituições democráticas .

Aqui e em qualquer parte do mundo.

Ninguém imaginaria um comandante de uma grande unidade militar norte-americana dizendo que o afastamento de Barack Obama na Presidência significaria ” o descarte da incompetência, má gestão e corrupção”. Ou que se passasse isso na França, ou na Alemanha ou em qualquer país democrático e moderno.

É lógico que os comandantes militares dos EUA, da França e da Alemanha têm opiniões políticas. É seu direito.

Expressá-las de público, envergando seus uniformes de combate, não.

Pior ainda quando o país assiste a uma horda de alucinados clamar pela ruptura da ordem institucional, portanto cartazes e até usando uniformes das forças armadas.

A demissão do General Hamilton Martins Mourão do Comando Sul, feita por seu superior, comandante do Exército, General Eduardo Villas Bôas ( na foto do post) não tem sua essência num ato político, mas disciplinar.

Como não é como política que se devem observar os atos do militar afastado, mas como quebra de hierarquia, usurpando a função reservada ao chefe da Arma de se pronunciar sobre as questões nacionais, o que Villas Bôas faz, com parcimônia e moderação.

Haverá quem queira politizá-la, à esquerda e à direita, sobretudo, transformando o oficial em vilão ou, sobretudo, em herói dos que desejam enfiar de volta o Exército brasileiro no mundo imundo da política e do controle indevido do Estado.

As instituições civis brasileiras, hoje sofrendo dos males do “cada um faz o que acha certo”, talvez funcionassem melhor se todos observassem esta pequena regra: cumprir o seu dever, sem espalhafato, sem politicagem, sem servir-se de sua função para dar vazão às suas – ainda que legítimas – simpatias ou antipatias políticas pessoais.


Tijolaço

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