POR FERNANDO BRITO · 24/01/2017
O que diz Jamil Chade, correspondente do Estadão na Suíça, é sempre resultado de um criterioso processo de apuração.
Quando ele conta que Rodrigo Janot pediu ajuda do FBI norte-americano para conseguir acessar um servidor da Odebrecht localizado naquele país, certamente tem boas informações para sustentá-lo.
Pode mesmo ser que o FBI tenha dito que levaria 103 anos para experimentar bilhões ou mesmo trilhões de senhas possíveis.
Embora seja esquisito que o MP suíço, certamente com muito menos recursos tecnológicos, tenha consegui ver parte do que havia gravado nestes arquivos.
O que não faz sentido é que, num megaacordo de delação premiada, onde os 77 executivos da empresa “contaram tudo”, esperar que se acredite no que dizem sobre corrupção de centenas de políticos não tenha havido a exigência de entrega das chaves de acesso aos dados gravados lá.
Afinal, se a Odebrecht pediu “desculpas” pela propinagem e diz que abriu todos os segredos, porque não a senha de acesso às contas na Suíça de onde partiram os pagamentos?
Ou será que só uma parte de suas listas importa? Ainda mais quando a parte que falta (dois terços!) é extensa como Chade descreve?
“Berna, segundo os brasileiros, conseguiu acesso a cerca de um terço do material contido nos servidores. Em um documento revelado pelo Estado no fim de dezembro, o Ministério Público suíço confirmou que os servidores têm “uma enorme quantidade de dados” sobre pagamentos de propinas.
Neles, informações equivalentes a 2 milhões de páginas de documentos poderiam ser retiradas, “incluindo e-mails, ordens de pagamentos, conferências e contratos que serviriam para justificar pagamentos”
E o Procurador Geral da República, em pessoa, pediu diretamente ao FBI, quando a lei manda que isso seja feito através do Ministério da Justiça?
Ou a parte que tiveram acesso já é suficiente para atingir “quem interessa” e evita que apareçam outros personagens, mais antigos e amigos?
Agora, além de vazamentos seletivos, temos senhas seletivas?
Tijolaço
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