terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Juiz que mandou prender Eike é o mesmo que condenou almirante que tentou suicídio

TER, 31/01/2017 - 14:24
ATUALIZADO EM 31/01/2017 - 14:49


Jornal GGN - O juiz federal Marcelo Bretas é a bola da vez da Lava Jato desde que autorizou a prisão do empresário Eike Batista, suspeito de pagar 16 milhões de dólares em propina para o ex-governador Sergio Cabral, em contas no exterior.

A BBC Brasil fez um perfil do magistrado, levantando biografia e reclamações da defesa de réus da Lava Jato sobre as mudanças nos métodos empregados por Bretas.

Em suma, os advogados dizem que Bretas era um juiz muito ponderado e preocupado em não cercear defesas. Mas desde que a Lava Jato caiu em seu colo por decisão do Supremo Tribunal Federal, Bretas passou a "pesar a mão" para mostrar rigor, a exemplo de Sergio Moro.

No caso da Eletronuclear - que o STF tirou das mãos de Moro e mandou para o Rio de Janeiro - Bretas condenou o ex-presidente da estatal, Othon Pinheiro, a mais de 40 anos de prisão por suspeita de receber propina sob contratos da usina de Angra 3.

O almirante, recentemente, tentou cometer suicídio numa prisão militar. A defesa confirmou a tentativa, mas não forneceu detalhes. Apenas informou que Othon recorre da decisão e que alega ser vítima de uma injustiça na Lava Jato.

Evangélico, Bretas consta numa lista da Ajufe (Associação dos Juízes Federais) com nomes encaminhados ao presidente Michel Temer para ocupar a vaga de Teori Zavascki no Supremo.

A reportagem da BBC diz que ele estava em um cruzeiro quando a Polícia Federal deflagrou a nova fase da Lava Jato com foco na prisão de Eike Batista. O juiz teria acompanhado tudo à distância, apreensivo com os desdobramentos.

Procuradores da Lava Jato relataram, em condição de anonimato, que têm "confiança" no trabalho de Bretas.

Já os advogados disseram que Bretas é o oposto de Sergio Moro, pois não é "espetaculoso" como o juiz de Curitiba, mas tem adotado expedientes questionáveis, como a banalização do uso de prisão preventiva e conduções coercitivas.

"Não existe o que muitos juízes estão fazendo, a lógica do 'mandar prender para ouvir'. Não podemos ter prisões preventivas como forma de espetáculo, por mais que não se goste da figura política", disse uma advogada que não foi identificada.

O juiz também foi definido como cordial, determinado e um "ser humano evoluído", um "juiz extremamente bem preparado".



Jornal GGN

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