O fracasso econômico e social do Brasil pós-golpe levou o brasileiro a novamente se identificar com ideias ligadas à esquerda, indica uma nova pesquisa do Datafolha; o avanço da esquerda sobrepujou o de algumas posições conservadoras, típicas da direita; o resultado líquido foi uma leve movimentação do perfil ideológico do brasileiro para a esquerda, retomando a situação de equilíbrio entre os dois polos
3 DE JULHO DE 2017
247 - O fiasco econômico e social causado pelo golpe que destituiu Dilma Rousseff e colocou Michel Temer no poder já foi amplamente sentido pelos brasileiros. Com isso, cresceu o apoio a ideias identificadas com a esquerda do espectro político, indica uma nova pesquisa do Datafolha, que mede a inclinação ideológica no país. As perguntas elaboradas buscam demarcar as diferenças entre convicções associadas à direita e à esquerda, em temas econômicos e comportamentais.
Esse fato sobrepujou o avanço de algumas posições conservadoras, típicas da direita. O resultado líquido foi uma leve movimentação do perfil ideológico do brasileiro para a esquerda, retomando a situação de equilíbrio entre os dois polos.
"Com base nas respostas, os eleitores são agrupados em uma das cinco posições da escala ideológica (esquerda, centro-esquerda, centro, centro-direita e direita).
Na comparação com o levantamento anterior, feito em setembro de 2014, nota-se uma maior sensibilização do brasileiro a questões que envolvem a igualdade, possível reflexo da crise econômica e do alto desemprego que atingem o Brasil nos últimos anos.
Subiu, por exemplo, de 58% para 77% a parcela que acredita que a pobreza está relacionada à falta de oportunidades iguais para todos. Já a que crê que a pobreza é fruto da preguiça para trabalhar caiu de 37% para 21%.
'Esses valores foram se tornando mais abrangentes, não apenas bandeiras exclusivas da esquerda. A direita também foi se apropriando dessas causas. Ao mesmo tempo, o discurso radical foi se deslegitimando na sociedade', afirma Cláudio Couto, cientista político e professor do curso de administração pública da FGV (Fundação Getúlio Vargas).
(...)
Um ano após o impeachment de Dilma Rousseff, a pesquisa põe em dúvida a hipótese de que a direita teria se beneficiado do declínio petista e do desgaste sofrido por algumas das principais lideranças do partido.
"As medidas de ajuste propostas após a queda de Dilma são muito duras e ainda não demonstraram efeitos nítidos para a população. Isso abalou a imagem da direita. E ficou comprovado que o PT não detinha o monopólio da corrupção", diz Couto."
As informações são de reportagem de Marco Rodrigo Almeida na Folha de S.Paulo.
Brasil 247
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