SEG, 21/08/2017 - 11:33
Haddad está cada vez mais no jogo da eleição presidencial
por Carlos Motta
O ex-prefeito paulistano Fernando Haddad deu uma longa entrevista à BBC Brasil, na qual analisa a crise brasileira e fala sobre seu futuro político e o de seu partido, o PT, entre outros temas importantes.
Haddad é bom de papo, tem raciocínio rápido e um grau elevado de conhecimentos gerais e históricos - é um acadêmico sem os ares esnobes do acadêmico.
Foi um dos melhores ministros de Educação do país e, aos poucos, os paulistanos vão percebendo que foram ludibriados pelo "João Trabalhador" e que a vida no tempo de Haddad não era tão ruim assim como falavam.
Não só por essa e outras entrevistas a órgãos da chamada "grande imprensa", mas pelas viagens e contatos que tem feito Brasil afora, fica mais que evidente que Haddad é o "Plano B" do PT para a eleição presidencial do ano que vem, na eventualidade - para muitos, quase certeza - da manutenção da condenação do ex-presidente Lula em segunda instância.
Claro que ele nega essa possibilidade, mas é sempre bom ler as entrelinhas.
Os trechos selecionados da sua entrevista à BBC Brasil são uma clara indicação de que ele é, sim, um nome muito forte no jogo político-eleitoral do país:
BC Brasil - O senhor viajou para diversos Estados nos últimos seis meses. Está iniciando uma pré-campanha, como Lula e Dória?
Fernando Haddad - Não. Na verdade, eu estou atendendo a um pedido do Lula. Ele me pediu para rodar as universidades. Eu me coloquei à disposição para integrar a equipe que vai formatar o plano de governo dele. No começo do ano, quando ele me perguntou o que eu queria, falei que gostaria de ajudar a formular uma plataforma para a sua candidatura. Aí, ele falou: 'Une o útil ao agradável. Você está sendo convidado para dar palestras no Brasil. Nesse périplo, você pode se conectar a pessoas, estabelecer relações com pessoas no Brasil inteiro. Você tem um nome forte na educação em função do seu trabalho no MEC (Ministério da Educação) e seria uma oportunidade ótima para nós."
(...)
BBC Brasil - Lula teve que escolher a Dilma como pessoa de confiança quando não podia concorrer novamente à Presidência. Caso ele fique sinucado judicialmente, o senhor seria uma opção?
Haddad - Eu acho que ninguém deveria encarar essa possibilidade dessa forma. Os esforços não podem ser outros a não ser o de fortalecer a candidatura do Lula, de pedir Justiça, o que significa a revisão da sentença. Qualquer outro movimento é um movimento que não deveria ser feito.
BBC Brasil - O Fernando Haddad em 2018 pretende se candidatar a senador, a deputado, governo de São Paulo?
Haddad - Eu vou querer ouvir o Lula sobre isso.
BBC Brasil - O senhor aceitaria ser vice do Lula?
Haddad - Eu vou querer ouvir ele. Fui ministro a convite dele. Fui candidato a prefeito a convite dele. O mínimo que eu devo é a lealdade de perguntar para ele o que seria melhor para o projeto que ele e todos nós representamos. Tem mais experiência política do que eu. Eu vou querer ouvi-lo antes de tomar qualquer decisão. Não que necessariamente eu vou acatar, mas eu quero ouvi-lo.
BBC Brasil - É possível trazer o Ciro ou o PSB para uma candidatura em volta do Lula?
Haddad - Está havendo muita conversa. Os dirigentes do PT conversam com os dirigentes de outros partidos. O Ciro é uma pessoa próxima nossa. Foi ministro nosso e um bom ministro. Um bom governador. É uma pessoa muito qualificada. O PSB também tem quadros importantes. Tem governadores muito próximos. Ricardo Coutinho (governador da Paraíba), um grande quadro. Tive com o Paulo Câmara (governador de Pernambuco) esses dias no Recife.
Jornal GGN
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