terça-feira, 4 de outubro de 2011

Bancários mantêm greve ante negativa do patronato

A greve dos bancários não só poderá se estender ao longo desta semana, como ampliar a sua adesão nacionalmente. É o que acredita Carlos Cordeiro, também conhecido por “Carlão”, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (CONTRAF) da Central Única dos Trabalhadores.

De acordo com Carlão, o movimento está aberto a conversar com os banqueiros. “Até trouxemos para São Paulo hoje o comando de 32 entidades de todo o país. Mas como não houve conversa, todo mundo vai voltar para seus Estados, inclusive para ampliar o movimento”, conta ele, creditando a decisão ao “silêncio” contundente da outra parte. Os bancários reivindicam um reajuste de 12,8% (ou 5% de aumento real) e o piso salarial recomendado pelo DIEESE, de R$ 2.297,00.

Em entrevista exclusiva a este blog, dada em uma manifestação em frente ao Centro Técnico Operacional do Itaú, o líder sindical nos informou que a greve é o resultado da postura irredutível dos bancos. Ela já abrange 7.950 agências - cerca de 40% do total de 20 mil agências bancárias existentes no Brasil. “Todos os Estados já aderiram, até Roraima que estava reticente”, informa.

Cinco rodadas para uma oferta de meros 0,56% de aumento real

De acordo com Carlão, sindicatos patronais e de funcionários já tiveram cinco rodadas de negociação e o patronato colocou apenas duas propostas na mesa. “A última delas foi de um reajuste salarial de meros 8%, ante uma inflação de 7,4%, inclusive para o piso da categoria, que é de R$ 1.250,00. Isso representa apenas 0,56% de aumento real”, diz.

A proposta patronal é tida como inaceitável diante do resultado dos bancos neste ano. “Apenas os seis maiores alcançaram um lucro de R$ 26 bi no primeiro semestre; o setor bancário, como um todo, lucrou 20% a mais no primeiro semestre deste ano em comparação com o primeiro semestre de 2010”, argumenta Carlão.

O coordenador do movimento também ressalta o total arrecadado pelos bancos apenas em tarifas bancárias: “ele equivale a 170% do valor destinado às suas folhas de pagamento”. “Nesta conta sequer estão incluídos os spreads”, faz questão de frisar o sindicalista.

A rentabilidade do setor está perto de 24% ao ano

“Em suma, com uma rentabilidade na casa dos 24% ao ano, a cada três anos os bancos estão dobrando de tamanho. Mas o trabalhador não se beneficia desse movimento”, acusa. “Somos a 7ª. economia do mundo e o 10º pior país em distribuição de renda não é a toa”, acrescenta.
Carlão lembra, ainda, que um executivo de banco ganha 400 vezes mais que um bancário que recebe o piso da categoria. “Dá para avançarmos muito nesta discussão”, garante ele, enquanto convocava - com sucesso - seus companheiros do Centro Técnico Operacional do Itaú a engrossarem o movimento.

Blog do Zé Dirceu

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