O Estadão dá, a seu modo, notícias sobre "A Privataria Tucana"

Ponto para a blogosfera. Sua intensa divulgação e debate sobre "A Privataria Tucana", do jornalista Amaury Ribeiro Jr, a mais completa devassa sobre as falcatruas, propinas, irregularidades e corrupção ocorridas durante as privatizações promovidas pelo tucanato (1995-2002) força mais um jornalão, hoje, a abrir espaço para a divulgação do livro.

A obra mostra, de forma documentada, que parentes, contra parentes e aliados de José Serra teriam se beneficiado daquele processo. Ontem foi o Folhão, hoje é O Estado de S.Paulo. O jornalão da família Mesquisa dá matéria grande, de meia página a respeito.

A matéria vai na mesma linha adotada ontem pela Folha: o foco maior não é nas denúncias do livro, mas em desqualificar seu autor. O Estadão preocupa-se em dar um enfoque de que as denúncias do livro não são novidade e se fundamentam em documentos arrolados na CPI do BANESTADO (Comissão que apurou denúncias de desvio de divisas para o Exterior, via Banco do Estado do Paraná).

Até FHC e o PSDB se viram obrigados a divulgar notas

Além de forçar os jornalões a darem matéria a respeito, a blogosfera levou o grão-tucano ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o próprio PSDB a divulgarem notas oficiais de repúdio ao livro - ao livro, mas não refutam provas, nem denúncias nele relacionadas. FHC e o partido sequer falam nelas.

Falar a respeito é tudo o que José Serra não quer. Para não responder às denúncias, ele classificou o livro como "lixo" e queria, claramente, que o assunto morresse. Não conseguiu.

Mesmo com o Estadão sendo forçado a falar sobre o livro - e FHC e o partido também - a mídia vem com notícias mais extensas hoje sobre a campanha movida contra o ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior, Fernando Pimentel. Fala de "novas denúncias" e que, diante destas, a oposição cobra mais explicações.

Requentam denúncias contra o governo, para não falar do livro

Não há denúncias novas e o ministro nunca se negou a prestar esclarecimentos. Mas, a mídia mantém o assunto em pauta para se contrapor ao livro, para que "A Privataria Tucana" não tenha mais espaço nos jornais. É isso que a torna desmoralizada.

Ela não cobra nada e ainda defende José Serra, a priori e incondicionalmente, antes de qualquer investigação. Já se fosse um político de outro partido, ela já estaria mobilizando céus e terra, ouvindo tudo quanto é instituição, pedindo devassas, cabeças, cobrando demissões, afastamentos, CPIs, investigações...

Blog do Zé Dirceu