quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Crise joga no desemprego 16 milhões de europeus em dois anos

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Europa
Enquanto as lideranças europeias bravateiam e se perdem nos descaminhos da busca de uma solução para a grande crise ainda insolúvel deles, a população dos 17 países da zona do euro resiste bravamente e amarga ferozes índices de desemprego.

Pesquisa da Eurostat apontou uma taxa de desocupação de 10,4% em dezembro de 2011 no Velho Continente. Isso significa, em termos numéricos, 16,469 milhões de pessoas sem trabalho apenas nos dois últimos anos - o mais alto índice dos últimos 14 anos na Europa.

Para que vocês tenham uma ideia, o número de desempregados na Europa já equivale a quase toda a população do Chile (17 milhões), e há muito superou a população de Portugal (10,642 milhões). Mais grave, ainda, é que o desemprego continua crescendo.

Em novembro de 2011, Portugal apresentava uma taxa de 13,2% que passou a 13,6% em dezembro. O mesmo aconteceu com a França, passou de 9,8% a 9,9%. O índice de desemprego em dezembro (2011) foi de 14,5% na Irlanda; 8,9 na Itália e chegou a 22,9% na Espanha.

Daí ter se tornado agenda das mais frequentes e diárias dos noticiários europeus. Pauta, aliás, bem diversa da brasileira, onde os jornais - ainda que ideologicamente - tratam do crescimento da "nova classe média". Lá, o destrambelhamento do Estado de Bem Estar Social deles é que dá o tom. No El País, levantamento do periódico espanhol informa um aumento de 30 milhões no número de pessoas que estão no limite entre a classe média e a pobreza na Europa.

Mais pobres, menos classe média

O jornal estabelece a divisão entre classe média e pobres de acordo com uma renda anual de 7.980 euros por ano (R$ 18.200), ou 665 (R$ 1.500) por mês. O grave é que este aumento registrado pelo El País não se deve à ascensão de quem estava embaixo (como ocorreu nos últimos nove anos no Brasil), mas ao desemprego que atingiu os que estavam na faixa média de renda. Antes da crise (em 2007), havia 85 milhões de europeus no limite da pobreza (17% da população). Em 2009, este número chegou a 115 milhões (23%).

As diferenças regionais ficam ainda mais evidentes se olharmos país por país. Na Bulgária e na Romênia, os que mais apresentaram queda na estratificação social, a proporção chega a 46% e a 43% da população, respectivamente. Já, em melhor situação, a República Tcheca, Holanda e Suécia apresentam índices de queda na estratificação social de 14%, 15% e 16%, respectivamente.

"Estamos num momento de encruzilhada de viragem", considera o sociólogo Elísio Estanque, em artigo publicado no Diário Econômico de Portugal (leia aqui) sobre as transformações no Velho Continente. Para ele, o mundo vive um período de transição que pode ser "para o bem ou para o mal". "A História está em aberto", conclui.

Estanque avalia que a classe média tal como é conhecida, em Portugal, poderá desaparecer. "Está em risco de um empobrecimento muito rápido" que pode levar a um "descontentamento mais amplo na sociedade portuguesa" e ao "enfraquecimento do sistema socio-econômico e do sistema democrático", explica.

Blog do Zé Dirceu

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