Carolina Gonçalves*
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A interligação do Brasil e do Chile a partir dos oceanos
Atlântico e Pacífico deve se tornar realidade em pouco tempo. Os debates
em torno do corredor interoceânico foram aprofundados hoje (26) em
Santiago, capital chilena, entre a presidenta Dilma Rousseff e o
presidente do Chile, Sebastián Piñera.
Durante reunião de trabalho no início da manhã, que antecedeu a
abertura da 1ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e
Caribenhos (Celac) – União Europeia (UE), Piñera apresentou um mapa à
presidenta brasileira ao retomar o debate sobre essa integração. Segundo
Dilma Rousseff, depois de discutir “intensamente” o tema, os dois
países vão começar a trabalhar pela integração dos principais portos
marítimos.
Em declaração conjunta, Dilma e Piñera destacaram a relação de
amizade mantida entre os dois países ao longo dos anos. A presidenta
lembrou que o Chile foi o destino de muitos brasileiros que tiveram que
deixar o país durante o período militar. “Muitos membros do meu governo
viveram aqui [no Chile] no período da ditadura militar no Brasil e por
isso sabemos que nossos laços estão muito além de simplesmente laços
econômicos. São, sobretudo, laços humanos que construímos no correr do
tempo”.
Segundo Dilma, é justamente porque não há fronteiras, mas dois oceanos,
que a relação de infraestrutura é estratégica. "Essa amizade sem
limites [entre o Brasil e o Chile} vira agora uma amizade sem
fronteiras”, disse ela, destacando que também está sendo discutida a
interligação entre as duas economias vizinhas por um corredor
ferroviário.
A presidenta lembrou que, mesmo diante de todas as dificuldades
impostas pela crise financeira internacional, o Brasil e o Chile
conseguiram manter uma trajetória de crescimento e de distribuição de
renda e mantiveram uma relação comercial estratégica, principalmente em
relação aos investimentos. “Por isso, fica claro que podemos mais. Os
grandes investimentos que as empresas chilenas fazem no Brasil são muito
bem-vindos”, acrescentou.
No encontro bilateral, que Dilma definiu como uma reunião de trabalho, a
presidenta brasileira e Piñera fecharam acordos de cooperação nas áreas
de educação e intercâmbio cultural e iniciaram discussões sobre futuras
parcerias, como na área energética. Piñera destacou o potencial da
relação entre os dois países na área energética, como em energias
renováveis, fontes hidrelétricas e a partir de biomassa.
Em relação à cooperação na área de ciência e tecnologia, Piñera
assegurou à presidenta que os militares e pesquisadores brasileiros que
atuam na Antártica vão poder usar a base chilena mantida no continente
branco, até que seja concluída a reconstrução da Estação Comandante
Ferraz, destruída no início de 2012 por um incêndio.
Em Santiago, Dilma Rousseff ainda terá reuniões bilaterais com o
presidente do México, Enrique Peña Nieto, e com a chanceler da Alemanha,
Angela Merkel. No fim da tarde, a presidenta participa da abertura da
1ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos
(Celac) – União Europeia (UE), onde os chefes de Estado vão definir
cooperações regionais e continentais e discutir soluções para minimizar
barreiras comerciais e intensificar as relações entre os países.
No fim da manhã, Dilma destacou que o encontro tem importância
histórica, considerando o atual cenário mundial. “Em um mundo altamente
globalizado - que vive uma conjuntura em que os temas da cooperação e da
integração regional e do enfrentamento das dificuldades que as crises
nos países desenvolvidos lançaram sobre o mundo - esta cooperação
inter-regional passa a ser elemento fundamental para a superação e a
construção de um mundo que cresce, que distribui renda e que beneficia
as suas populações”.
*Colaborou Danilo Macedo
Agência Brasil
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