sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Considerações sobre o modelo de concessões ferroviárias

Política Industrial

sex, 08/08/2014 - 12:29
Atualizado em 08/08/2014 - 12:39


 
Por Sergio Toggler

Comentário ao post "Brasil 2015: as ferrovias e o território nacional"

A recomendação do modelo de livre acesso para viabilizar as operação ferroviárias não é tão promissor assim.

Veja, o modelo resgatou o sistema do abismo mas a DB (Deutsche Bahn) ainda está longe de ser um modelo vitorioso. A análise das demonstrações contábeis de 2013 indicaque a DB teve um ROI de apenas 3,58% a.a., remunerou seus investidores (Ke) foi de apenas 4,35% a.a., isto porque o custo de capital de terceiros (Ki) foi de apenas 2,16% a.a. numa estrutura de capital alavancada 67%. O que acontecerá se os juros subirem?

A SNCF, empresa francesa semelhante a DB, teve desempenho pior ainda, o ROI foi de apenas 1,62% a.a. e os acionistas ficaram no vermelho.

Devemos entender que o modelo ferroviário alemão prioriza o transporte de pessoas. O transporte de cargas continua sendo majoritariamente feito por rodovias.
O problema das ferrovias para o transporte de cargas é o modelo operacional em composições que é incompatével com a demanda de transporte moderno. As ferrovias são tecnológicamente feitas para transporte de altos volumes para poucos destinos enquanto o mercado de carga moderno tende para as cargas pulverizadas de muitas origens para muitos destinos. O resultado é rodovias saturadas e linhas férreas ociosas.

Construir ferrovias em territórios de carga geral é uma estratégia temerária, tal como a Transnordestina. A era de ouro das ferrovias não acabou por falta de ferrovias. O problema é a qualidade do serviço prestado que é incompatível com o desejado pelo mercado.

No meu modo de entender, as ferrovias precisam romper com o modelo de tráfego em composições para atender a demanda na qualidade desejada. 
 
 
Jornal GGN

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