terça-feira, 2 de setembro de 2014

Marina admite semelhança com programa econômico do PSDB

ter, 02/09/2014 - 17:52
Atualizado em 02/09/2014 - 18:43

Cíntia Alves



Jornal GGN - A presidenciável Marina Silva (PSB) admitiu, na tarde desta terça (2/9), que seu programa para a economia nacional é muito similar à plataforma de Aécio Neves (PSDB). Os dois candidatos de oposição pregam a retomada do tripé econômico, a independência do Banco Central e mais parcerias com a iniciativa privada.

Segundo ela, as semelhanças se devem por reconhecimento aos anos FHC na condução do Palácio do Planalto. “Nós reconhecemos os ganhos com aquele governo, da mesma forma que reconhecemos os avanços sociais do governo Lula. Temos de parar de inventar a roda e apostar no que deu certo”, comentou.

Marina ainda disse que vai manter os investimentos em pré-sal, pois os frutos dessa exploração serão fundamentais para garantir mais recursos para educação e saúde. A fala acontece um dia após a presidente Dilma Rousseff (PT) afirmar que Marina deixa o pré-sal em "segundo plano", ameaçando abandonar o projeto.

“Pré-sal é riqueza que vai ser utilizada, inclusive, em Educação. Já temos os 10% do PIB garantidos, e vamos usar isso para antecipar a meta da escola em tempo integral”, disse Marina. Na sequência, a candidata, que mal cita em seu programa de governo o pré-sal, fez uma ressalva: “pré-sal é fundamental, mas é fundamental também investir em outras fontes de energia. O mundo todo faz isso, por que o Brasil não faria?”, rebateu a pessebista.

Ainda sobre programa de governo, Marina foi questionada sobre as erratas que fez em relação a propostas para o segmento LGBT e sobre energia nuclear. Segundo ela, sua plataforma ainda está aberta a debates. Ela ainda fez uma provocação aos adversários: “De repente, todo mundo está debatendo o programa do PSB. Que bom que Dilma e Aécio, que ainda não apresentaram o programa, estão lendo o nosso. Que sirva de inspiração.”

“Sou de um partido clandestino”

Questionada sobre o futuro abandono do PSB para se dedicar à criação oficial do partido Rede Sustentabilidade, Marina disse que Eduardo Campos, seu antecessor na cabeça da chapa presidencial, sabia e concordava com o objetivo da Rede. “Eu tenho solidariedade profunda pelo PSB. Que eles possam encontrar seu caminho, seu novo pólo estabilizador, após a perda de Eduardo. Eles vão ter que fazer isso, com base em várias novas lideranças que estão surgindo", disse

Mais à frente na sabatina, ela acrescentou que o "partido Rede Sustentabilidade é uma realidade. Colheu, em cinco meses, mais de 900 mil assinaturas e lamentavelmente não foi reconhecido pelo Tribunal [Superior Eleitoral]. Mas isso vai ser reparado. Na ditadura, nós criamos o PT. Na democracia, eu não consegui criar a Rede. Eu sou membro de um partido clandestino, que precisa viver dentro de outro partido."

Projeto pessoal de poder

Em função da relação instável com o PSB, Marina foi questionada sobre a migração intensa de partido que viveu nos últimos anos. A ex-senadora teve iniciação no PT, mudou para o PV para disputar a eleição de 2010 e, diante da impossibilidade de ser candidata da Rede, fez as malas rumos ao PSB, de última hora.

De acordo com Marina, sua estadia no PT terminou porque a legenda não soube entender os novos desafios da sustentabilidade, entre outros problemas. Sobre o PV, afirmou que não filiou-se lá apenas para disputar uma eleição, mas sim para revisar o programa da sigla.

“Quando terminamos com 20 milhões de votos, em 2010, o PV não aceitou fazer a democratização do partido. Eles não têm dirigentes eleitos, são todos indicados. Por isso fui para a Rede. Eu fui para o PSB apoiar o Eduardo, não para ser candidata. Mas ninguém pode me culpar por uma fatalidade de assumir o legado de Eduardo. A sociedade entende isso”, resumiu.

Governabilidade programática

Novamente usando o discurso sobre “nova República” e questionada sobre como irá governar com “as pessoas de bem” de partidos tão diferentes, Marina disse que não é possível manter uma visão pessimista do Congresso e que sua postura seletiva não é antidemocrática.

“Pessoas boas, honestas e competentes existem em todos os partidos e lugares. Existem aqueles que estão presos a velhas estruturas que não acreditam nisso. Estão acostumado a conseguir maioria no Congresso com base no pragmatismo, trocando ministérios por apoio. Nossa governabilidade será programática, em torno de projetos”, prometeu.

Ainda de acordo com ela, a frase dita na semana passada, sobre querer apoio de Lula e FHC em seu governo, sinaliza uma aversão pessoal a caciques de partidos fisiológicos. “Falar com Fernando Henrique e Lula, com certeza, é melhor do que falar com Antônio Carlos Magalhães, com Sarney, Maluf, Renan Calheiros”, disparou.

Marina também criticou a política econômica de Dilma Rousseff, repetindo o discurso de Eduardo Campos, sobre a petista entregar o país pior do que deixou. Afirmou que vai manter o Progama Bolsa Família e aprofundar a política de transferência de renda, transitando para o que chamou de "políticas de terceira geração", mas não detalhou a proposta.

Ela disparou contra a gestão da Petrobras, adiantou que será preciso reajustar inúmeras tarifas no próximo ano e ainda comentou a propaganda do PT na televisão, que associa sua imagem aos governo Collor e Itamar, sinalizando que ela não vai terminar o mandato, se eleita. Nesse momento, Marina disse que é tudo "uma questão de escolha" para o eleitor, e sugeriu que tem mais experiência nas urnas que Dilma, "que se tornou presidente sem nem ter sido eleita vereadora".
 
 
Jornal GGN

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