segunda-feira, 8 de setembro de 2014

“Não darei à imprensa um caráter que ela não tem”



Presidente Dilma diz ter questionado a Polícia Federal sobre se há algum membro do governo envolvido no esquema delatado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, a fim de "poder tomar todas as providências baseadas em informações oficiais"; "Caso o Ministério Público não possa me responder, vou pedir ao STF", anunciou; "É prudente saber se isso é verdade. A própria revista que divulga os fatos não diz da onde tirou nem como tirou", disse, em sabatina realizada pelo Estadão; sobre anúncio de "equipe nova", respondeu que foi o próprio ministro Guido Mantega quem disse a ela que não poderia continuar no governo; sem citar Aécio Neves (PSDB), declarou que "quem anuncia ministro antes da hora dá azar"; e sobre Marina Silva, acredita ser "bem intencionada", mas que "quem acha que pode governar sem apoio geralmente tem alguém muito poderoso por trás, geralmente os mais ricos"

8 de Setembro de 2014 às 15:44


247 - A presidente Dilma Rousseff reafirmou nesta segunda-feira 8 ter determinado ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que pedisse à Polícia Federal "informações oficiais" sobre suposto envolvimento de algum membro do governo no esquema denunciado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Ela declarou que então poderá "tomar todas as providências baseadas em informações oficiais". "Caso o Ministério Público não possa me responder, vou pedir ao STF", anunciou Dilma.

Em sabatina realizada pelo jornal O Estado de S. Paulo, a presidente, candidata à reeleição pelo PT, disse também que não dá à imprensa "um caráter que ela não tem", em alusão à denúncia feita pela revista Veja no fim de semana, que citou o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, como um dos beneficiados no esquema de corrupção da estatal. "Se ela (a pessoa) estiver comprometida, é afastamento", defendeu Dilma. "É prudente saber se isso é verdade. A própria revista que divulga os fatos não diz da onde tirou nem como tirou".

"É uma coisa engraçada. Um órgão da imprensa sabe as informações, e nós, que somos os acusados, não sabemos. Isso é inadmissível. Eu não quero dentro do meu governo quem esteja envolvido. Mas não quero dar à imprensa um caráter que ela não tem diante das leis brasileiras. Eu quero a informação a mais aprofundada possível", ressaltou. "É possível ficar divulgando sem a Justiça homologar a delação premiada?", questionou, acrescentando que as acusações de Costa têm que ser apuradas. "Porque quem faz delação pode não gostar de uma pessoa e acusá-la e proteger uma outra que é mais culpada. É possível que haja informações em controversa".

A candidata à reeleição também criticou que outros escândalos não tenham sido investigados com o mesmo rigor, como estão sendo as denúncias que envolvem o PT. "O que me estranha é que outros esquemas de corrupção não sejam investigados com o mesmo rigor. Como é o caso do mensalão do DEM, o caso do mensalão originário, que tem gente indiciado concorrendo ao governo", exemplificou. "Ninguém investigar uma plataforma de US$ 1,5 bilhão ter afundado? Foi durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. Ninguém fez uma CPI sobre isso, ninguém investigou", criticou. Dilma citou ainda o caso da Repsol, também da gestão FHC.

"Equipe nova"

Questionada sobre a "equipe nova" que anunciou na semana passada, caso seja reeleita para o segundo mandato, o que causou um mal-estar com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, Dilma explicou que foi ele quem disse a ela que já não iria ficar em um eventual próximo governo, por "motivações pessoais". "Eu falei isso em tese, vale pra todo mundo", afirmou, sobre sua declaração. Sem citar o adversário do PSDB, Aécio Neves, que anunciou que Arminio Fraga será seu ministro da Fazenda caso seja eleito, Dilma comentou: "Quem anuncia ministro antes da hora dá azar".

Marina Silva

Ao falar sobre a adversária do PSB, Marina Silva, a presidente defendeu a "democracia" e ressaltou que só é possível governar com apoio no Congresso e do povo. "Quem acha que pode governar sem partidos, sem apoio popular, geralmente tem alguém muito poderoso por trás, geralmente os mais ricos", alfinetou. A presidente acrescentou que "não tem essa questão de nova política e velha política", como é pregado pela candidata, e sim que é preciso envolver a participação popular.

Dilma afirmou também ver Marina como "uma pessoa bem intencionada", mas critica suas propostas de como fazer política. Em relação à comparação que sua campanha fez em propagandas na TV entre Marina e os ex-presidentes da República Jânio Quadros e Fernando Collor, que não terminaram seus mandatos, a petista declarou que não está "personalizando" as críticas, mas "falando de política, sobre a falta de apoio no Congresso". "Não são acusações pessoais", defendeu.

"Volta Lula"

A presidente falou também sobre sua "relação fortíssima" com o ex-presidente Lula. "Convivi diariamente com ele, todo dia, o dia inteiro, enfrentando tudo o que foi problema", detalhou. Dilma mencionou ainda uma "imensa amizade". "Gosto muito do Lula e tenho certeza que ele tem o mesmo afeto por mim. Não me incomoda um milímetro o 'Volta Lula', o que ele quiser fazer eu apoiarei, em qualquer circunstância", ressaltou. Caso ele queira se candidatar novamente à Presidência em 2018, ela disse que também estará com ele. "Em 2018 e quando for necessário eu estarei com ele", garantiu.
 
 
Brasil 247

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