08/09/2014
A usina de escândalos alerta de novo: sem reforma política, teremos sempre mais do mesmo em qualquer governo
As campanhas de Marina e Dilma entenderam a bomba de efeito antecipado das delações ainda não premiadas mas já vazadas de Paulo Roberto Costa e querem acesso ao inteiro teor das declarações. Premiado o delator será se suas acusações forem provadas mas isso vai demorar, o primeiro turno terá passado e o linchamento eleitoral terá sido executado.
Algo de podre existe mesmo no reino dos negócios do setor privado com a Petrobrás. A teia é grande e vai além do PT, PMDB e PSB, alvejados pelo delator. Mas o que é, o que é este negócio que Aécio Neves está chamando de “mensalão dois” e a mídia decidiu chamar de “petrólão”? Como contado pelo portal 247, Aécio ia lançar este rótulo mas achou mais eficaz a comparação com o mensalão, que feriu o PT a ferro embora não o tenha tirado do poder central. Seria mensalão para comprar o voto de quem? De Renan e Henrique Alves? De Vaccari, tesoureiro do PT, que nem congressista é? De Eduardo Campos, que não votava no Congresso nem está mais aqui para se explicar? O “petrolão” tem cara e jeito é de “big box”, um super caixa dois que beneficiou políticos de vários partidos, inclusive da oposição tucano-demista, como já dito em outras situações por Costa. Seu funcionamento era o de sempre. Aos grandes empresários que faziam negócios com a empresa (e com o Estado em geral), o operador indicava políticos (geralmente seus protetores) que deviam receber doações para suas atividades políticas. Uma parte foi para o bolso? Sempre vai mas o grosso banca a atividade política que teimamos em deixar sendo financiada por doações privadas.
Nem por isso, deixa de ser grave. Nem por isso estou pregando a leniência. O caso requer apuração e punição mas agora virou instrumento eleitoral, o que também não merece aplauso. É tentar ganhar no tapetão do udenismo, como aconteceu em 2006, depois do dito mensalão, que também tinha focinho de jacaré mas era outro bicho, embora já tenha passado à História como jacaré.
Outros bichos terríveis vão continuar aparecendo, de preferência em momentos eleitorais, espantando a cidadania e o eleitorado, desmoralizando a política, esteja quem estiver no poder. Assim será enquanto a elite política, que inclui todos eles, de todos os partido, não enfrentar a reforma política. E mais particularmente, a ferida do financiamento de campanhas. Os negócios entre o setor privado e o Estado sempre existirão mas, havendo o financiamento público, quando fornecedores pagarem “propina”, será mesmo caso de corrupção clássica e de punição impiedosa.
Como virá a reforma política? Por emendas constitucionais propostas a partir do Congresso, já vimos que não sai. Por iniciativa do Governo – embora nenhum a tenha tomado para valer – dificilmente sairá. Só sai se o povo exigir, e só poderá fazer isso através do plebiscito, dizendo claramente que não aceita mais o sistema que temos.
Tereza Cruvinel atua no jornalismo político desde 1980, com passagem por diferentes veículos. Entre 1986 e 2007, assinou a coluna “Panorama Político”, no Jornal O Globo, e foi comentarista da Globonews. Implantou a Empresa Brasil de Comunicação - EBC - e seu principal canal público, a TV Brasil, presidindo-a no período de 2007 a 2011. Encerrou o mandato e retornou ao colunismo político no Correio Braziliense (2012-2014). Atualmente, é comentarista da RedeTV e agora colunista associada ao Brasil 247.
As campanhas de Marina e Dilma entenderam a bomba de efeito antecipado das delações ainda não premiadas mas já vazadas de Paulo Roberto Costa e querem acesso ao inteiro teor das declarações. Premiado o delator será se suas acusações forem provadas mas isso vai demorar, o primeiro turno terá passado e o linchamento eleitoral terá sido executado.
Algo de podre existe mesmo no reino dos negócios do setor privado com a Petrobrás. A teia é grande e vai além do PT, PMDB e PSB, alvejados pelo delator. Mas o que é, o que é este negócio que Aécio Neves está chamando de “mensalão dois” e a mídia decidiu chamar de “petrólão”? Como contado pelo portal 247, Aécio ia lançar este rótulo mas achou mais eficaz a comparação com o mensalão, que feriu o PT a ferro embora não o tenha tirado do poder central. Seria mensalão para comprar o voto de quem? De Renan e Henrique Alves? De Vaccari, tesoureiro do PT, que nem congressista é? De Eduardo Campos, que não votava no Congresso nem está mais aqui para se explicar? O “petrolão” tem cara e jeito é de “big box”, um super caixa dois que beneficiou políticos de vários partidos, inclusive da oposição tucano-demista, como já dito em outras situações por Costa. Seu funcionamento era o de sempre. Aos grandes empresários que faziam negócios com a empresa (e com o Estado em geral), o operador indicava políticos (geralmente seus protetores) que deviam receber doações para suas atividades políticas. Uma parte foi para o bolso? Sempre vai mas o grosso banca a atividade política que teimamos em deixar sendo financiada por doações privadas.
Nem por isso, deixa de ser grave. Nem por isso estou pregando a leniência. O caso requer apuração e punição mas agora virou instrumento eleitoral, o que também não merece aplauso. É tentar ganhar no tapetão do udenismo, como aconteceu em 2006, depois do dito mensalão, que também tinha focinho de jacaré mas era outro bicho, embora já tenha passado à História como jacaré.
Outros bichos terríveis vão continuar aparecendo, de preferência em momentos eleitorais, espantando a cidadania e o eleitorado, desmoralizando a política, esteja quem estiver no poder. Assim será enquanto a elite política, que inclui todos eles, de todos os partido, não enfrentar a reforma política. E mais particularmente, a ferida do financiamento de campanhas. Os negócios entre o setor privado e o Estado sempre existirão mas, havendo o financiamento público, quando fornecedores pagarem “propina”, será mesmo caso de corrupção clássica e de punição impiedosa.
Como virá a reforma política? Por emendas constitucionais propostas a partir do Congresso, já vimos que não sai. Por iniciativa do Governo – embora nenhum a tenha tomado para valer – dificilmente sairá. Só sai se o povo exigir, e só poderá fazer isso através do plebiscito, dizendo claramente que não aceita mais o sistema que temos.
Tereza Cruvinel atua no jornalismo político desde 1980, com passagem por diferentes veículos. Entre 1986 e 2007, assinou a coluna “Panorama Político”, no Jornal O Globo, e foi comentarista da Globonews. Implantou a Empresa Brasil de Comunicação - EBC - e seu principal canal público, a TV Brasil, presidindo-a no período de 2007 a 2011. Encerrou o mandato e retornou ao colunismo político no Correio Braziliense (2012-2014). Atualmente, é comentarista da RedeTV e agora colunista associada ao Brasil 247.
Brasil 247
Nenhum comentário:
Postar um comentário