Velocidade e disseminação da queda de Marina Silva nas pesquisas e, especialmente, desempenho da presidente Dilma Rousseff em campanha reanimam PT; economia cresce 1,50% em julho sobre junho, melhor resultado desde 2008; com 101.425 empregos com carteira assinada em agosto, ano tem saldo positivo de 751 mil vaga abertas; direção partidária projeta eleger maior bancada do Congresso; diferença entre resultado de Dilma no Ibope fica nove pontos abaixo da soma dos adversários; favoritismo que existia até a morte de Eduardo Campos vai sendo retomado; desempenho em São Paulo pode ser decisivo; ganhar na primeira volta é mesmo uma missão impossível?
12 de Setembro de 2014 às 20:49
247 – Os números da economia estão se somando à recuperação da presidente Dilma Rousseff nas pesquisas eleitorais. Ao mesmo tempo, a principal adversária dela, Marina Silva, do PSB, perde pontos nos levantamentos de opinião na mesma velocidade com que os ganhou após a morte do ex-governador Eduardo Campos. No campo tucano, o senador Aécio Neves aparece estacionado no patamar de 15%.
A conjunção desses e outros fatores está levando a cúpula do PT a uma euforia contida e controlada, mas que parece mesmo ter base real: vencer em primeiro turno a eleição presidencial não se parece mais com uma missão impossível. Ao contrário, a vinte e dois dias do 5 de outubro, está mais perto do que parecia.
Nos números quente da pesquisa Ibope divulgada nesta sexta-feira 12, Dilma marcou 39% contra 48% da soma de seus adversários – Marina, com 31%, Aécio, com 15% e os demais com o total de 2%. Significa, na matemática da eleição, que a presidente está a nove pontos percentuais mais um voto de ganhar a disputa já na primeira volta.
Essa possibilidade era presente até a morte do ex-governador Eduardo Campos, quando Dilma aparecia, em todos os levantamento, ao menos em situação de empate técnico com sua primeira vitória em primeiro turno. Agora, a distância ainda é grande, mas as condições para a escalada são diferentes – para melhor.
A comoção pela morte de Campos já foi assimilada em benefício de Marina Silva e não prejudicou o desempenho de Dilma, que manteve-se, a toda prova, folgadamente acima dos 30% de intenções em quaisquer pesquisas.
O que se tem agora é que, por erros e contradições de sua campanha, os novos levantamentos mostrados esta semana apontaram para uma queda rápida de Marina, quase na mesma velocidade e disseminação com a qual ela cresceu ao substituir o candidato falecido.
Dilma demonstrou reflexo apurado e faturar, de imediato, dois escorregões da ex-ministra, nas questões de falta de prioridade de Marina ao pré-sal e na proposta reafirmada de autonomia do Banco Central. A presidente tomou, ainda, a decisão corajosa de liberar o marqueteiro João Santana para uma desconstrução pesada de Marina no horário eleitoral gratuito e nos comercias de 30 segundos aos quais o PT tem direito.
O que se vê é uma inversão da tendência que se apresentava no final do mês passado. Após abrir dez pontos de vantagem num eventual segundo turno, de acordo com o Datafolha da primeira semana de setembro, Marina tem agora, no Ibope da metade da primeira metade do mês, apenas um ponto de frente. Quase igual a zero, uma vez que representa o empate técnico.
A cúpula do PT está concentrada na campanha presidencial, mas não apenas. Com a recuperação de Dilma e a elevação proporcional da avaliação do governo, também a chapa nacional de deputados federais e senadores do partido vai se beneficiando. O partido já projeta, sobre pesquisas internas, a eleição de até 95 parlamentares à Camara Federal de 2015-2018. Dilma, que ajuda a puxar a tropa, só tem a ganhar com o resgate dessa sustentação de base.
Mas não é apenas a política com seus números que estão fazendo os petistas a voltar a sonhar com a chance de liquidar a eleição já em 5 de novembro. É também a economia que os anima.
O IBC-Br, Índice de Atividade Econômica do Banco Central e um dos dados oficiais mais respeitados por analistas, apontou um crescimento de 1,50% no conjunto da economia brasileira em julho sobre julho. Não se um salto dessa dimensão desde junho de 2008. Na outra ponta da balança, o Caged exigiu a criação de 101 mil empregos com carteira assinada em agosto, totalizando 751 mil desde janeiro. Na comparação com períodos anterior, houve sim um declínio na geração de vagas, mas é certo que ela ainda é bastante positiva – e isso é o que conta para efeito de comunicação de massa e sentimento do eleitorado.
Nesse cenário, enquanto Aécio se mostra estacionado e Marina desce, não apenas para de crescer, Dilma apresenta uma trajetória ascendente em grandes eleitorados, como os do Rio de Grande do Sul e da estratégica região Nordeste. Ela ainda está, segundo as pesquisas, na frente de Aécio em Minas Gerais, parece perto de ampliar sua frente no Rio de Janeiro, em razão da polêmica a seu favor do pré-sal, mas ainda tem em São Paulo seu calcanhar de Aquiles. Se conseguir avançar no maior reduto tucano do País, Dilma pode estar feita presidente reeleita.
Brasil 247
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