12 de setembro de 2014
Enquanto Dilma recupera o favoritismo, candidata do PSB perde apoio pela dificuldade de sustentar uma perspectiva política clara
A arrancada de Dilma no Ibope confirma aquilo que era fácil de imaginar. Após o imenso impacto da tragédia que matou Eduardo Campos, a campanha presidencial retorna ao ponto de partida e Dilma se aproxima da posição original de favorita. Já tem oito pontos de vantagem no primeiro turno — e se encontra em empate técnico nas pesquisas sobre o segundo.
A dúvida, agora, é o futuro de Marina Silva.
Capaz de navegar na onda emocional, que deixou o país em estado de choque, chegou o momento de demonstrar que é uma candidata competitiva. Seu desempenho, até aqui, tem sido desastroso.
Quanto mais aparece como candidata, o que implica em comprar o debate a partir de uma perspectiva política, perde pontos e credibilidade. Aprovada com louvor no teste de imagem pessoal, não conseguiu demonstrar consistência na discussão de ideias ou propostas.
A queda rápida se explica em função disso. O bom candidato é aquele que cresce toda vez que abre a boca.
Em função de posições políticas abertamente conservadoras, Marina tornou-se irreconhecível para seus antigos eleitores.
Em função do caráter improvisado de suas propostas, perdeu sustentação entre aqueles que poderiam lhe dar apoio como um instrumento mais eficaz para cumprir a prioridade absoluta do empresariado, que é derrotar Dilma Rousseff.
Nos últimos dias, circulavam sinais nítidos de que a própria direção do Itaú mostrava-se insatisfeita com a identificação excessiva da instituição com a candidata.
A campanha está longe de encerrada e pode dar muitas voltas. A dúvida é saber como será capaz de sobreviver até 5 de outubro.
Paulo Moreira Leite é diretor do 247 em Brasília. É também autor do livro "A Outra História do Mensalão". Foi correspondente em Paris e Washington e ocupou postos de direção na VEJA, IstoÉ e Época. Também escreveu "A Mulher que Era o General da Casa".
Brasil 247
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