Em Brasília desde ontem, ex-presidente dá as cartas nos bastidores do governo; reunião com a presidente na Granja do Torto, que durou mais de seis horas, resultou no fortalecimento da candidatura de Henrique Meirelles para o ministério da Fazenda; hoje, Dilma tenta apaziguar os ânimos com a base aliada ao se reunir com as bancadas da Câmara e do Senado; amanhã, é Lula quem se encontra com deputados e senadores petistas, em São Paulo, na intenção de passar uma ordem unida pelo fortalecimento do partido; primeira providência pedida por Lula à presidente é anunciar, o quanto antes, o nome do chefe da economia; enquanto a oposição tem Aécio na chefia, que promete "não dar trégua" a Dilma, governo coloca Lula em campo
5 de Novembro de 2014 às 11:18
247 – Em um cenário de insatisfações de partidos aliados, especialmente o PMDB, dificuldades no Congresso e expectativa de anúncios para a economia, como o novo ministro da Fazenda e até mesmo o reajuste da gasolina pela Petrobras, o ex-presidente Lula deixou definitivamente o banco de reservas para entrar em campo e jogar pelo governo nos bastidores do poder.
Em Brasília, Lula teve ontem a primeira reunião com a presidente Dilma Rousseff para discutir o segundo mandato. O encontro na Granja do Torto, que também teve a participação do ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, durou mais de seis horas, se estendendo pela noite. Até então, desde a vitória do PT em segundo turno, o ex-presidente havia se recolhido e se limitado a reuniões de seu instituto em São Paulo.
Agora, porém, defende junto à sua afilhada política a nomeação – mais rápida possível – do novo chefe da economia, que substituirá Guido Mantega no ministério da Fazenda. Lula faz campanha pelo ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, que saiu fortalecido no diálogo travado na terça-feira 4.
Outro papel importante do cacique petista é acalmar a inquieta base aliada. De um lado, o PMDB quer presidir novamente a Câmara dos Deputados, lançando o líder do partido Eduardo Cunha, apesar do acordo firmado com o PT de que o comando da Casa seria alternado entre as duas maiores bancadas no Congresso. O cenário, se concretizado, prejudicará significativamente o governo em obter resultados com os parlamentares.
De outro, o próprio PT quer participar mais do segundo governo Dilma, como mostra o documento elaborado pela Executiva do partido em reunião nessa semana. O receio dos dirigentes da legenda é de que a presidente, apesar de ter pregado o "diálogo" desde que foi reeleita, comande um governo mais independente.
A estratégia é apaziguar os aliados e o plano já começa a ser colocado em prática hoje, com reunião no Palácio da Alvorada entre a presidente e as bancadas da Câmara e do Senado, além dos governadores petistas eleitos. É nessa conversa que o PT deverá ficar sabendo como funcionará exatamente sua participação nos próximos anos de governo. Amanhã, é a vez de Lula, que se reúne com deputados e senadores do partido em São Paulo.
Ao mesmo tempo, o PSDB, presidido pelo candidato derrotado ao Planalto Aécio Neves, dá sinais de que pretende fazer uma oposição mais dura. Ontem, ao voltar ao Senado, o tucano foi recebido com clamor por militantes e prometeu liderar o "exército" da oposição, cobrando mais o governo. Ele também já havia declarado que "não dará trégua" ao governo Dilma.
Brasil 247
Nenhum comentário:
Postar um comentário