14 de abril de 2015 | 13:42 Autor: Miguel do Rosário
Pedimos desculpas aos leitores pelo post publicado neste final de semana, que menciona um elogio do presidente Obama à presidenta Dilma.
O post, já deletado, intitulava-se: “Obama: foi preciso que uma mulher chegasse ao poder, para se começar a limpar a corrupção no Brasil”.
A fonte da notícia era o blog Portal Metrópole, que por sua vez citava o Estadão.
Entramos em contato com o blog, que não deu explicações satisfatórias. A notícia do Estadão que, supostamente, embasaria o post do Portal Metrópole, também não traz a informação publicada.
Demorei um pouco para me decidir a deletar porque achei que a declaração de Obama pudesse ter acontecido em algum momento informal, fora do discurso registrado do presidente dos EUA, assim como foi o elogio de Obama a Lula, anos atrás, dizendo que “Lula é o cara”.
Não era uma notícia absurda, porque o governo americano, em outra oportunidade, fez elogios públicos à luta contra a corrupção no governo Dilma, através da secretária de Estado, Hillary Clinton, conforme se pode ver na imagem acima e consta, agora sim, em inúmeras fontes confiáveis.
Trecho de matéria publicada na BBC: “Seu comprometimento [de Dilma] com abertura e transparência, sua luta contra a corrupção estão estabelecendo um padrão global”, disse a secretária de Estado americana Hillary Clinton, durante encontro da Parceria para Governo Aberto – iniciativa liderada pelo Brasil e pelos EUA que reúne 55 países dispostos a melhorar suas práticas para aumentar a transparência e combater a corrupção.
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Desde a declaração de Clinton até hoje, o período Dilma assistiu inúmeras investigações corajosas contra a corrupção, inclusive atingindo partidos governistas e servidores federais. Às vezes criticamos exageros, a tentativa de manipulação desses escândalos pela imprensa, e até mesmo a cooptação de setores mais partidarizados do MP.
Mas não negamos um fato: a luta contra a corrupção, para ser objetiva, tem de atingir o governo e os partidos governistas. Só assim se luta de verdade contra a corrupção.
Não vou repetir, contudo, o que disse a Folha, quando resolveu pedir desculpas pela publicação, na primeira página do jornal, de uma ficha falsa de Dilma: o jornal disse, textualmente que a veracidade da ficha “não pode ser assegurada -bem como não pode ser descartada.”
Ali Kamel, certa feita, ao se confrontar com acusações nas redes sociais contra publicação, na Globo, de notícias não confirmadas, alegou que o jornal estava apenas “testando hipóteses“.
Isso não existe.
Não existem provas científicas de um monte de coisa, mas o jornalismo, que eu saiba, só deveria publicar fatos confirmados.
Só quem publica diálogos mediúnicos, sem necessidade nenhuma de confirmação, sem apresentação de fontes, nada, é o blogueiro e colunista Ricardo Noblat, jornalista da maior empresa de mídia no país, a Globo. Ele acaba de fazer isso novamente, ao citar uma história de briga de cabides entre Dilma e uma camareira.
A história é reproduzida por jornalistas famosos. Ninguém se preocupa com o básico: confirmar a história.
Mas a Globo pode contar qualquer mentira. Credibilidade, para nossa grande mídia, é uma quimera.
Para nós, do Tijolaço, credibilidade é a única coisa que temos.
Então, mais uma vez, desculpa pela publicação de uma notícia sem confirmação.
Prometo ficar mais atento.
O Cafezinho - Tijolaço
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