Postado em 21 abr 2015
por : Paulo Nogueira
Política de cotas
O que levou a Folha a expor Alckmin no caso Implicante?
Esta pergunta ganhou a internet logodepois que se soube dos 70 mil mensais em dinheiro público – sempre ele, o dinheiro público – dados por Alckmin a um dos blogs mais canalhas que já foram vistos no Brasil.
Em seu otimismo inabalável, o blogueiro Eduardo Guimarães enxergou ali um sinal de que a Folha decidiu ser um “jornal imparcial”.
Segundo Guimarães, o mercado clama por um “jornal imparcial”.
Ri sozinho, confesso.
No mesmo momento em que Guimarães postava seu otimismo, a manchete do UOL falava em impeachment.
Nas últimas semanas, esta sem sido uma fixação da Folha: o impeachment.
O que as urnas não deram para o candidato da Folha, que uma canetada permita. É mais ou menos esta a lógica.
Quer dizer: existe algo próximo de zero em propósitos de jornalismo imparcial na mordida – branda, aliás – da Folha em Alckmin.
O que há, ali, é a política de “cota” da Folha.
Funciona assim. Você dá, uma vez ou outra, uma informação negativa para o PSDB para tentar do ridículo supremo o marketing do “rabo preso só com o leitor”.
A mesma política de cotas se observa nos colunistas. Para cada lote de Josias, Reinaldos Azevedos, Pondés, Magnolis etc, a Folha abre espaço para um articulista “progressista”, uma voz solitária para a manutenção das aparências e do cinismo editorial.
O leitor sabe disso.
A Folha, nos anos 1980 e 90, era lida por “progressistas” – acadêmicos, universitários, toda uma tribo que se orgulhava das posições do jornal.
Isso acabou a partir da eleição de Lula, em 2003.
A Folha abandonou o pluralismo na caça ao PT, e os antigos leitores em troca a foram abandonando também.
Tente encontrar um universitário – o sonho de toda publicação — com uma Folha nas mãos.
Não foi um movimento muito diferente do realizado pela Globo e pela Veja.
O que distingue a Folha é a fidelidade a seu marketing e, dentro disso, sua política de cotas.
Uma das características disso é não dar seguimento aos assuntos desagradáveis para os políticos amigos.
Por exemplo: a Folha nunca mais voltou ao aeroporto de Cláudio, como se o assunto tivesse se esgotado.
Também largou a cobertura do Implicante. O DCM deu que uma ex-secretária de Serra é sócia do site, e nem assim a Folha tirou a bunda do lugar para informar seus leitores.
Enquanto isso uma sucessão de notícias sobre impeachment se amontoam no jornal, impresso ou digital.
Eduardo Guimarães é um otimista.
Mas, neste caso, quem acredita numa vontade da Folha em ser “imparcial”, acredita em tudo.
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.
Diário do Centro do Mundo
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