Postado em 16 abr 2015
por : Paulo Nogueira
Se Moro fosse um produto lançado recentemente, e não um juiz, caberia para ele a seguinte palavra: flopou.
Moro flopou.
Flopar, como sabemos todos, vem de flop, fracasso em inglês.
Pois é. Moro fracassou. Fracassou miseravelmente.
A maior de todas as razões é que ele acabou trazendo ainda mais divisão a um país que já estava suficientemente dividido antes que ele saísse da obscuridade paranaense em que vivia e trabalhava.
Como Joaquim Barbosa antes dele, Moro é hoje idolatrado pelos conservadores e detestado pelos progressistas.
A culpa é dele ou das circunstâncias? — você poderia perguntar.
Claro que as circunstâncias favorecem. Você tem hoje um Brasil parecido, sob certos aspectos, com a Venezuela – visceralmente dividido.
Mas Moro com certeza deu sua contribuição pessoal. Ele jamais emprestou à Lava Jato uma coloração apartidária, assim como Joaquim Barbosa e o STF, um pouco atrás, para o Mensalão.
Mais uma vez, fica a sensação que o principal alvo não é exatamente a corrupção, mas o PT e o governo Dilma.
E disso resulta a percepção, entre tantos brasileiros, de uma justiça injusta, simbolizada há algum tempo em JB e agora em Moro.
Os desvios de conduta da Lava Jato se manifestaram, ao longo da campanha eleitoral, em vazamentos descaradamente construídos para minar Dilma.
Só agora, muito depois das eleições, é que se soube, por exemplo, que o doleiro Youssef citou Aécio e sua irmã no jamais investigado Caso Furnas.
Imagine o impacto que isso teria nas urnas.
Aécio foi poupado dos vazamentos, como em tantas outras coisas, ao passo que Dilma foi massacrada.
Que Aécio ainda assim tenha sido derrotado mostra a sua fragilidade como candidato, e a deterioração de seu partido.
Moro jamais se pronunciou contra os vazamentos, ou tomou alguma atitude que demonstrasse seu desagrado.
Especulo aqui que seu comportamento seria provavelmente outro se vazassem coisas sobre Aécio.
Passadas as eleições, Moro cometeu uma monumental tolice ao aceitar um prêmio da Globo e subir ao palco, num contentamento provinciano, com João Roberto Marinho.
Justiça e imprensa não podem se misturar. Não em circunstâncias normais, e menos ainda no quadro vivido pelo país.
Você jamais vê na Inglaterra, para pegar apenas um exemplo, um juiz confraternizando com Murdoch. É ruim para a imagem de ambos, e a sociedade simplesmente não tolera esse tipo de associação.
Agora, a discutível prisão do tesoureiro do PT — no mesmo dia em que a esquerda marcara protestos contra a terceirização – lança ainda mais sombras sobre a isenção de Moro.
No twitter, uma hashtag que viralizou nesta quinta retrata o que muita gente pensa, e não estou falando apenas de petistas.
Ei-la: #ExplicaMoroPorqueSoPT.
O fato é que Sérgio Moro não tem nenhuma explicação razoável para isso.
O país necessita, com urgência, vencer uma divisão que o vai tornando parecido com a Venezuela.
Moro veio para dividir ainda mais.
Por isso flopou. Por isso fracassou.
Por isso, também, ele é uma figura que faz mal ao país.
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.
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