sexta-feira, 11 de setembro de 2015

O erro colossal que é confundir Dilma com Collor. Por Paulo Nogueira

Postado em 11 set 2015


Ela tem que ir até 2018



É hora de defender vigorosamente a permanência de Dilma até o final de seu mandato.

Sobretudo nas ruas, mas não só nelas: as redes sociais são hoje um importante polo formador de opiniões.

Não se trata de defender Dilma em si e muito menos o PT: é a defesa da democracia, da justiça, da Constituição.

E, mais que tudo, é a defesa da decência.

O pequeno grupo que fez o Brasil ser a sociedade abjetamente desigual que é tenta, com métodos grotescos e argumentos sórdidos, cassar 54 milhões de votos.

Desde o momento em que a derrota de Aécio foi confirmada, iniciou-se uma louca cavalgada pelo golpe.

Da suspeição absurda sobre as urnas eletrônicas até o dinheiro de doações que irrigaram tanto a campanha de Dilma quanto a de Aécio, sucedem-se argumentos aos quais cabe um adjetivo: criminosos.

A direita brasileira, inflada pela imprensa, já provou que não é mais civilizada que a direita venezuelana, ou a equatoriana, ou a argentina.

Todas essas direitas fazem, neste momento, a mesma coisa: sabotam a democracia. Tratam seus países como republiquetas, passíveis de serem ludibriadas para a perpetuação de privilégios e mamatas ancestrais. E para a manutenção e ampliação do maior câncer da região: a desigualdade social.

O país seria atirado a um abismo com um impeachment, a uma noite longa e escura.

O maior erro é confundir Dilma com Collor. Collor não tinha sustentação nenhuma. Ninguém iria chorar a morte de sua presidência, sabia-se, e ninguém chorou exceto ele mesmo.

Mesmo com o desgaste de todos estes anos de poder, o PT tem uma base forte, a começar pela CUT e pelo MST.

Outros movimentos sociais haveriam certamente de se insurgir contra um golpe. Guilherme Boulos, do MST, já disse que é vital a união dos progressistas contra as manobras dos golpistas.

O Brasil, num caso de impeachment claramente forçado como este ora tramado, ficaria simplesmente ingovernável.

Para reprimir os que se manifestarem contra o golpe, a polícia vai ter que bater pesado. Seremos um enorme Paraná.

Ecos da ditadura ressurgirão na repressão aos protestos. Sangue de brasileiros correrá, como aconteceu num passado ainda recente.

É uma distopia, e é também um cenário altamente provável no caso de um golpe.

Tenho para mim que, no fundo, os sabotadores sabem disso. E estão, essencialmente, promovendo um terror contínuo para manter Dilma imobilizada e para sangrar o PT até 2018.

A hipótese de que eles acham mesmo que poderiam roubar a presidência é simplesmente tétrica.

Eles teriam que ser muito cegos e muito canalhas para imaginar que um golpe seria engolido com docilidade pelos brasileiros.

Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.


Diário do Centro do Mundo

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