Crítica ao lado "monstruoso" de Michel Temer, como fez Época na capa inspirada no livro "O Médico e o Monstro", ou o registro da luta "Temer versus Temer", como fez Veja, visa preservar aquele que seria o lado virtuoso do presidente interino: a sua escolha por Henrique Meirelles na economia; como tem sido cada vez mais difícil defender um governo com três ministros demitidos em menos de quarenta dias e outros tantos em perigo, os meios de comunicação que se engajaram no projeto Temer atacam o presidente interino pelo aspecto moral, mas ainda tentam preservar seu programa econômico
19 DE JUNHO DE 2016 ÀS 18:46
247 – Coincidência ou não, Veja e Época circularam com capas parecidas neste fim de semana. Ambas tratam do choque entre o que seria um Michel Temer moderno e virtuoso contra um Temer arcaico e cercado de corruptos.
Época foi mais explícita e se inspirou no livro "Dr. Jekyll e Mr. Hide" ("O Médico e o Monstro"), de Robert Louis Stevenson, sobre um médico em cuja personalidade convivem o bem e um lado monstruoso (leia mais aqui).
As duas capas refletem a dificuldade que os meios de comunicação brasileiros, que se engajaram no projeto Temer, vêm tendo para defender um governo que perdeu três ministros em menos de 40 dias. Romero Jucá, do Planejamento, caiu por tramar contra a Lava Jato. Fabiano Silveira, da Transparência, idem. E Henrique Eduardo Alves pediu para sair depois que a procuradoria-geral da República descobriu suas contas secretas na Suíça.
Se isso não bastasse, a PGR pediu inquérito contra Mendonça Filho, da Educação, e o Ministério Público também requereu o bloqueio dos bens de Eliseu Padilha, da Casa Civil. Além disso, Geddel Vieira Lima foi citado na delação da OAS – o que também pode vir a ocorrer com o chanceler José Serra.
Com tantos dissabores, o governo Temer se torna praticamente indefensável pelo ângulo da ética pública. Por isso mesmo, ao denunciar o lado B do presidente interino, Veja e Época tentam salvar o lado A, que seria a escolha de nomes ortodoxos na economia, como Henrique Meirelles, na Fazenda, e Ilan Goldfajn, no Banco Central.
Ou seja: Temer não foi abandonado, ainda, pelos meios de comunicação que se tornaram sócios do projeto de impeachment. Para essa turma, o que importa é levar adiante o Plano Meirelles.
Brasil 247
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