Presidente Dilma Rousseff afirmou em entrevista à rádio Guaíba nesta segunda-feira 27 que a perícia do Senado entregue à comissão do impeachment, que desmonta a tese de que ela praticou "pedalada fiscal", comprova que o processo "não tem base legal"; "Começamos sendo acusados de seis decretos, agora a perícia diz que são três. E nesses três decretos não foi constatada nenhuma participação dolosa minha", destacou ainda a presidente; em novas críticas contra o governo interino de Michel Temer, ela destacou que "o vice-presidente não foi eleito para ser presidente, tampouco o programa que ele está colocando em prática foi o aprovado pela população"; e condenou vazamentos "seletivos" na Operação Lava Jato; "Deveriam ser punidos gravemente", cobra
27 DE JUNHO DE 2016
247 - A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira, 27, que a perícia de técnicos do Senado entregue à comissão do impeachment, que rebate denúncia de que ela praticou "pedalada fiscal" com o atraso do repasse de R$ 3,5 bilhões do Tesouro ao Banco do Brasil para o Plano Safra, comprova que o processo de impeachment "não tem base legal".
"Para o impeachment, deveria de haver um crime de responsabilidade. Hoje por exemplo ficou caracterizado pela própria perícia feita pelo Senado que os motivos pelos quais eles me acusam não caracterizam crime. No que se refere ao Plano Safra, nem a minha presença em algum ato foi constatada, portanto, consideraram que eu não participei em nenhum momento do Plano Safra. Porque isso não é papel do presidente da República. Nós vínhamos dizendo há muito tempo", afirmou Dilma em entrevista à Rádio Guaíba.
Dilma prossegue mostrando a fragilidade da acusação contra ela. "Começamos sendo acusados de seis decretos, agora a perícia diz que são três. E nesses três decretos não foi constatada nenhuma participação minha dolosa. Não há nenhum parecer técnico dizendo que se eu tivesse assinado esse decreto, eu estaria comprometendo a meta fiscal", afirmou.
A presidente também denunciou retrocessos no governo interino de Michel Temer e destacou que o projeto dele não foi eleito pela população. "O vice-presidente não foi eleito para ser presidente, tampouco o programa que ele está colocando em prática foi o aprovado pela população", disse. "Nós não queremos eleição indireta no Brasil, seria um retrocesso, seria voltar ao período da ditadura, onde o povo não participava", acrescentou.
Dilma também afirmou não ter "provas cabais", mas acredita haver "fortes indícios de que [o golpe] foi premeditado". Na carta de Michel Temer endereçada a ela, "o vice reclamava de responsabilidades que são do presidente da República. Vejo que havia pitadas de inequívoca ambição pelo poder", destacou ainda.
Ela destacou que o cenário político pode ser revertido no Senado. "Tenho não só esperança, como tenho feito tratativas na direção de reverter o processo de impeachment", frisou. Dilma adiantou, porém, que ainda está avaliando a possibilidade de se defender pessoalmente em plenário durante o processo de impeachment no Senado.
Em outro trecho da entrevista, Dilma criticou características nefastas do vazamentos seletivos da Operação Lava Jato. "São ilegais, muitas vezes estavam sob segredo de Justiça". "Muitas vezes se escolhe o que será falado, dá a entender que foi cometido um crime que não foi, aí não se dá direito de defesa. Vazamentos deveriam ser punidos gravemente", cobrou.
Brasil 247
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