segunda-feira, 20 de junho de 2016

Delator que delatava Temer agora não delata mais



POR FERNANDO BRITO · 20/06/2016




Segundo Renato Onofre e Thiago Herdy, em O Globo, o executivo da Engevix José Antunes Sobrinho “decidiu interromper unilateralmente a negociação de um acordo de colaboração premiada com a força-tarefa da Lava-Jato”.

Antunes prometia provas de uma propina de R$ 1 milhão a um representante do vice-presidente, Michel Temer “como forma de agradecimento pela participação em contrato de R$ 162 milhões na construção da Usina de Angra 3, da Eletronuclear.

Os advogados do “ex-delator” alegam que a desistência deveu-se à absolvição de seu cliente, em maio, em uma das ações da Lava-Jato, por falta de provas de participação em crimes relacionados à Petrobras. Como foi apenas uma das três frentes de acusação a Antunes, poucos acreditam nisso.

E o que disse e agora desdisse o executivo, segundo os repórteres?

“O executivo contou ter ido duas vezes ao escritório de Temer no Itaim Bibi, em São Paulo, para tratar de contratos na Eletronuclear. Em ambas, estava acompanhado de um dos donos da empresa Argeplan, o coronel da Polícia Militar João Baptista Lima Filho, tratado por ele como “pessoa de total confiança de Michel Temer”. Por meio de uma parceria com um fornecedor internacional, a AF Consult, Lima conseguiu, em 2012, um contrato de R$ 162 milhões na estatal e subcontratou a Engevix para realizar a obra.

Após os encontros com Temer, Sobrinho diz ter sido cobrado por Lima a pagar R$ 1 milhão de propina, supostamente a pedido do presidente. Segundo o executivo, o pagamento foi realizado por meio de uma fornecedora da Engevix. Depois da Lava-Jato, Lima teria tentado devolver o valor a Sobrinho, que não aceitou. O executivo disse que Temer era o padrinho político do ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva, o que o presidente nega. Parte das negociações foi publicada em abril pela revista “Época”.(…)

Quando questionado sobre as acusações de Sobrinho, Temer admitiu ter se encontrado com o executivo e com Lima em seu escritório, mas negou ter tratado de contratos da Eletronuclear. Em nota divulgada quando a denúncia veio à tona, disse que “não intermediou interesses empresariais escusos em qualquer órgão público nacional” e que “não cobrou ou delegou poderes a quem quer que seja para arrecadar recursos”.

Nem manchete dá. Portanto, assunto morto e enterrado. Daqueles que ficam esperando a hora – em geral tardia – de sair da cova.


Tijolaço

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