sexta-feira, 16 de setembro de 2016

E o senador Perrella vestiu a carapuça quando Lula citou o helicoca. Por Paulo Nogueira

Postado em 15 Sep 2016


Provas, mas não convicção


O senador Zezé Perrella se entregou.

Lula, em seu pronunciamento, fez um contraponto entre as acusações dos procuradores contra ele e o infame caso do helicoca.

Contra ele, Lula, conforme admitiram os procuradores, não havia provas, mas convicção — uma das maiores estupidezes jamais proferidas no âmbito da (in) justiça brasileira em todos os tempos.

Lula lembrou que no caso do helicóptero havia provas, mas não convicção.

O helicóptero pertencia ao senador Zezé Perrella, amigo do peito de Aécio. Eram vésperas das eleições presidenciais, e a imprensa ignorou o caso para não prejudicar Aécio, dada a fama deste de playboy de vida não exatamente regrada.

Também a PF não fez nada para elucidar a história.

De concreto, o helicóptero pertencia a Zezé Perrella e dentro dele havia uma carga de 450 quilos de casa de cocaína, uma quantidade digna de Pablo Escobar.

Lula, oportunamente, fez o paralelo, sem citar Perrella.

No Twitter, Perrella mordeu a isca. Ameaçou processar Lula e alguns internautas que entraram na conversa.Falou como se fosse o papa Francisco.

Mas um momento: não era dele o helicóptero? A pasta de cocaína não estava ali?

É a sociedade que deve satisfações a Perrella ou o inverso?

Perrella mostrou viver num universo paralelo.

Apenas para lembrar, recentemente ele inaugurou a temporada de chantagem a Temer ao dizer, numa entrevista à BBC, que era precária a vantagem do número de senadores que tinham votado pela admissibilidade do impeachment.

Uns poucos que se bandeassem, disse ele, e Dilma retornaria. Temer começou a agir freneticamente. Arrumou, por exemplo, uma sinecura para o filho de Perrella.

E é este varão da República que tem o desplante de simular indignação porque o helicoca voltou à cena com Lula.

Sua indignação é tão crível quanto a de Eduardo Cunha quando fala das contas suíças.

Um e outro são grandes exemplos de como o dinheiro comprou o pior Congresso que este pobre país poderia ter.

Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.


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