Integrantes de seis delegações - Equador, Costa Rica, Bolívia, Venezuela, Cuba e Nicarágua - se levantaram e deixaram o local onde ocorre a Assembleia Geral das Nações Unidas, na sede da entidade, em Nova York, logo que Michel Temer começou seu discurso; governos desses países consideraram o impeachment de Dilma Rousseff um golpe; alguns convocaram seus embaixadores quando Temer assumiu a presidência; em seu discurso, Temer disse que o impeachment foi depuração; "Não há democracia sem Estado de direito. É o que o Brasil mostra ao mundo. E o faz por processo de depuração do seu processo político", afirmou
20 DE SETEMBRO DE 2016
247 - Integrantes de seis delegações - Equador, Costa Rica, Bolívia, Venezuela, Cuba e Nicarágua - se levantaram e deixaram o local onde ocorre a Assembleia Geral das Nações Unidas, na sede da entidade, em Nova York, logo que Michel Temer começou seu discurso, nesta terça-feira 20.
Os governos desses países consideraram o impeachment de Dilma Rousseff um golpe. Os presidentes de alguns países, como Venezuela, Equador e Bolívia,convocaram de volta seus embaixadores lotados em Brasília quando Temer assumiu definitivamente a presidência.
Em seu discurso, que abriu a Assembleia, como é tradicional com o presidente brasileiro, Temer disse que o impeachment foi depuração. "Não há democracia sem Estado de direito. É o que o Brasil mostra ao mundo. E o faz por processo de depuração do seu processo político", afirmou.
Leia abaixo na reportagem da Agência Brasil:
Temer diz na ONU que impeachment respeitou ordem constitucional
Pedro Peduzzi – No discurso em que abriu hoje (20) a 71ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente Michel Temer reiterou o compromisso "inegociável" do Brasil com a democracia, citando, inclusive, o processo que resultou no impedimento da presidenta Dilma Rousseff, feito, segundo ele, "dentro do mais absoluto respeito à ordem constitucional".
Temer abordou também alguns conflitos internacionais, como o entre Israel e Palestina e a guerra da Síria. Segundo o presidente, em um mundo "ainda tão marcado por ódios e sectarismos, os Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio mostraram que é possível o encontro entre as nações em atmosfera de paz e harmonia".
O presidente elogiou também o restabelecimento das relações diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos e criticou o protecionismo agrícola patrocinado por diversos países.
Sobre a atual situação política brasileira, pós-afastamento de Dilma, Temer disse trazer às Nações Unidas uma mensagem de compromisso inegociável do país com a democracia. "O Brasil acaba de atravessar processo longo e complexo, regrado e conduzido pelo Congresso Nacional e pela Suprema Corte brasileira, que culminou em um impedimento. Tudo transcorreu dentro do mais absoluto respeito à ordem constitucional."
"Temos clareza sobre o caminho a seguir: o caminho da responsabilidade fiscal e da responsabilidade social", afirmou o presidente, ressaltando que a confiança já começa a se restabelecer-se e que um horizonte mais próspero começa a se delinear.
Temer aproveitou a oportunidade para convocar investidores estrangeiros a fazerem negócios com o Brasil. "Nosso projeto de desenvolvimento passa, principalmente, por parcerias em investimentos, em comércio, em ciência e tecnologia. Nossas relações com países de todos os continentes serão, aqui, decisivas."
O presidente enfatizou que o Brasil tem um Judiciário independente, um Ministério Público atuante e órgãos do Executivo e do Legislativo que cumprem seu dever. "Não prevalecem vontades isoladas, mas a força das instituições, sob o olhar atento de uma sociedade plural e de uma imprensa inteiramente livre", disse Temer, pouco antes de apontar como tarefa atual do país a retomada do crescimento econômico, a fim de restituir empregos aos trabalhadores brasileiros.
Tradição
Ter uma autoridade brasileira abrindo a série de pronunciamentos de chefes de Estado e de governo na assembleia geral é uma tradição na ONU, iniciada em 1947 pelo diplomata brasileiro Osvaldo Aranha. A exemplo de discursos feitos anteriormente por outros presidentes brasileiros, Temer reiterou a posição brasileira em defesa de uma reforma do Conselho de Segurança da entidade.
"As Nações Unidas não podem resumir-se a um posto de observação e condenação dos flagelos mundiais. Devem afirmar-se como fonte de soluções efetivas. Os semeadores de conflitos reinventaram-se. As instituições multilaterais, não. O Brasil vem alertando, há décadas, que é fundamental tornar mais representativas as estruturas de governança global, muitas delas envelhecidas e desconectadas da realidade. Há que reformar o Conselho de Segurança da ONU. Continuaremos a colaborar para a superação do impasse em torno desse tema", disse Temer.
Brasil 247
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