terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Parceria da Lava Jato com EUA fez Odebrecht ser investigada em mais 5 países da América Latina

TER, 10/01/2017 - 13:06
ATUALIZADO EM 10/01/2017 - 14:48


Jornal GGN - Após os Estados Unidos terem divulgado dados sobre pagamento de propina pela Odebrecht em cima de obras espalhadas pelo mundo, mais cinco países da América Latina se viram pressionados a abrir investigações contra a empreiteira, além de exigir pagamento de multas em decorrência da corrupção envolvendo contratos com o poder público.

Segundo reportagem do Estadão, desta terça (10), a Odebrecht será alvo de inquéritos no Peru, Argentina, Equador, Panamá e República Dominicana. México, Colômbia, Guatemala e Angola, na África, ainda não se pronunciaram sobre a possibilidade de também levar a empresa aos tribunais.

Chama atenção da reportagem o fato de que, em alguns países, os procuradores que anunciaram os inquéritos sequer têm ideia de quem seriam os agentes públicos beneficiados pelos esquemas de corrupção envolvendo a Odebrecht. Mas já anunciaram que vão existir ressarcimento por parte da companhia.

Além disso, a oposição aos governos atingidos, a exemplo do que ocorre no Brasil, aproveitam o escândalo para atingir seus oponentes. Estão na mira governantes e ex-governantes, como Cristina Kirchner (Argentina), Ollanta Humala (Peru) e Ricardo Martinelli (Panamá), Danilo Medina (República Dominicana) e Rafael Correa (Equador).

No Panamá, desde o final de 2016, a Odebrecht foi proibida de firmar novos contratos no país. E ainda há críticas pelo fato de o atual governo já ter firmado contratos avaliados em US$ 2,5 bilhões com a empresa. Lá, a reação do Ministério Público foi um pouco "tardia". Foi necessário entidades da sociedade civil organizada anunciar uma investigação independente para que os procuradores decidissem entrar no caso.

No Peru, o chefe do Ministério Público Pablo Sánchez Velarde anunciou na semana passada a formação de uma força-tarefa local para investigar a corrupção ligada à Odebrecht. Ele se encontrará com o colega brasileiro, Rodrigo Janot, na sexta-feira (13) para acelerar a troca de informações e as apurações no país andino, diz o Estadão.

"O MP peruano alega não saber, por ora, quais são as autoridades do país que se envolveram em corrupção, o que dependerá de tratativas diretas com a empreiteira e da cooperação com outros países", destacou. Por enquanto, há a estimativa de que foram pagos R$ 29 milhões em propina entre 2005 e 2014, e que este valor será cobrado da Odebrecht.

O Equador, por sua vez, tomou uma atitude diferenciada. Ao invés de tocar uma investigação própria, pediu que os Estados Unidos enviem "as informações com nomes e provas de funcionários que receberam subornos”.

"O MP equatoriano sustenta desconhecer quais autoridades foram subornadas. A Justiça do país proibiu novos contratos com a Odebrecht. No mês passado, houve busca e apreensão nos escritórios da empreiteira", lembrou o Estadão.

Na Repúbica Dominicana, "após a divulgação dos documentos do Departamento de Justiça dos EUA, a Procuradoria-Geral do país pediu às estatais os contratos com a Odebrecht e uma equipe especializada em combate à corrupção está à frente das investigações."

E, na Argentina, dois nomes importantes dos governos Kirchner estão envolvidos nas acusações. "O do deputado Julio de Vido, que foi ministro do Planejamento, pasta responsável pelas obras de infraestrutura, e o do ex-secretário de Transportes Ricardo Jaime – preso em 2016, em outro caso de corrupção internacional. O Ministério Público da Argentina tem ao menos duas investigações relacionados à Lava Jato."


Jornal GGN

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