Contrariando a euforia de Michel Temer e do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que comemoram "o fim da recessão" e o "dia histórico" marcado pelo anúncio do crescimento de 1% do PIB no primeiro trimestre, a gerente de contas nacionais do IBGE, Rebeca Palis, avalia que ainda é cedo para falar que a crise chegou ao fim; "É preciso esperar um pouco para ver o que vai acontecer este ano. A gente teve crescimento no trimestre, mas foi sobre uma base muito deprimida. E, se olharmos no longo prazo, ainda estamos no mesmo nível de 2010", analisou; temor é que o PIB recue no segundo trimestre em razão da crise política gerada a partir das gravações feitas pelo empresário Joesley Batista, do grupo JBS, que atinge Temer diretamente; a professora dos cursos de MBA da FGV Virene Matesco fez uma análise na mesma direção: "Ainda não é possível afirmar que a recessão acabou"
1 DE JUNHO DE 2017
247 - O IBGE contrariou a euforia de Michel Temer e do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que afirmaram nesta quinta-feira 1º que o crescimento de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre representa o fim da recessão e "um dia histórico" para o País.
Para a gerente de contas nacionais do instituto, Rebeca Palis, ainda é cedo para falar que a crise chegou ao fim. "É preciso esperar um pouco para ver o que vai acontecer este ano. A gente teve crescimento no trimestre, mas foi sobre uma base muito deprimida. E, se olharmos no longo prazo, ainda estamos no mesmo nível de 2010", analisou.
O temor é que o PIB recue no segundo trimestre em razão da crise política gerada a partir das gravações feitas pelo empresário Joesley Batista, do grupo JBS, onde Temer aparece avalizando o pagamento de propinas para comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, preso e condenado na Lava Jato. "Temos que ver a conjuntura para ter uma avaliação melhor", ressaltou.
A doutora em economia e professora dos cursos de MBA da FGV Virene Matesco fez uma análise na mesma direção: "Ainda não é possível afirmar que a recessão acabou". Segundo ela, trata-se de um resultado "positivo, mas bastante frágil".
"A boa notícia é a performance da agricultura – que tinha recuado 0,2% no último tri de 2016, agora registra o melhor resultado do setor em 21 anos. Isso vai refletir nos preços dos alimentos e, principalmente, na inflação, porém os números da indústria, do consumo das famílias e dos serviços estão muito ruins", analisa.
Ela destaca ainda que o mais preocupante é o nível de investimento da indústria, que recuou 3,7%, e o consumo das famílias, com queda de 1,9%, enquanto o consumo do governo se retraiu 1,3%. "As empresas não estão tirando seus projetos do papel nem investindo em novos maquinários. Considerando os setores da economia, o pior resultado nesse tipo de comparação foi o de serviços, que responde por cerca de 60% da economia brasileira e recuou 1,7%", aponta.
Virene Matesco lembra que o dado divulgado hoje, um retrato dos meses de janeiro a março, não contempla acontecimentos recentes, como a turbulência política que fez o país mergulhar em uma crise de incerteza. "Podemos comprometer os resultados de 2018", observa.
No primeiro trimestre, o a economia cresceu concentrada em itens de exportação, como a soja, milho, petróleo e minério de ferro. No mercado interno, houve queda no consumo das famílias, dos governos e nos investimentos. A conclusão é que com este cenário ainda é cedo para se falar em crescimento sustentável.
Desde que chegou ao poder, há um ano, por meio de um golpe parlamentar que tirou a presidente eleita Dilma Rousseff, Temer deixou 2,6 milhões de desempregados, além de ter derrubado a indústria e o comércio.
Brasil 247
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