SEX, 07/07/2017 - 08:05
Mas afinal, quem elegeu esse bando?
por Carlos Motta
Tem horas em que vejo pensando com os meus botões: mas, afinal, por que existe tanta gente indignada com os deputados, com os senadores, com o governador, com presidente da República, ou mesmo com o prefeito e os vereadores de sua cidade?
Está certo que, descontando as exceções, os parlamentares e os chefes de Executivo do Brasil são, com a maior boa vontade que possamos ter, deploráveis.
Num chute bem dado, é possível dizer que 90% deles são semialfabetizados, defendem seus próprios interesses, não fazem distinção entre o público e o privado, foram eleitos sem respeitar a legislação eleitoral, e usam o cargo como mero balcão de negócios - são corruptos, ou picaretas, como queiram.
Mas, insisto com os meus botões, quem votou nessa súcia, ou seja, quem botou essa corja nas câmaras municipais, assembleias legislativas, Congresso Nacional, governos estaduais ou nas prefeituras?
O povo brasileiro, responde o Grilo Falante, aquela voz interior que existe para nos apoquentar sempre que dúvidas desconfortáveis nos assaltam.
"Eles não são fruto de geração espontânea", me explica o hóspede indesejado.
Daí em diante, o comichão me rói o cérebro e, vítima de enorme desconforto, chego à conclusão que, se esse povo vota nesses desclassificados, eleição após eleição, é porque confia neles, acha que eles merecem representá-lo, está contente com o "trabalho" que fazem - ou então não dá a menor importância a eles ou à sua atuação.
Seja como for, os parlamentares e os chefes de Executivo brasileiros representam o que é o povo deste imenso país - uma nação, afinal, é formada por seus cidadãos, com suas virtudes e defeitos.
A essa altura, meus botões me viram as costas, tampam seus ouvidos, e se recusam a ouvir a minha peroração.
Não querem ser cúmplices, nem mesmo testemunhas, de tamanho sacrilégio.
Afinal, quem sou eu para criticar o povo brasileiro, tão elogiado por poetas, escritores, intelectuais, pessoas de muito mais valor do que este ordinário indivíduo?
E, sem essa audiência, me calo, certo de que, se falei muita bobagem, sempre haverá um Tiririca, um Bolsonaro, um Dória, qualquer um desses ilustres representantes da classe política, para me contrariar com seus notáveis exemplos.
Jornal GGN
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