Resultados recentes da Petrobras revelam que a suposta crise tão alardeada por economistas alinhados ao privatismo era, na verdade, uma crise de conjuntura; o coordenador da FUP (Federação Única dos Petroleiros) José Maria Rangel afirma: "como vínhamos avisando, a crise pela qual a Petrobrás passou foi eminentemente conjuntural e não estrutural, como alegavam os gestores e o mercado para justificar as privatizações”; produtividade do pré-sal, que está sendo arrancado da companhia, é altíssima
7 DE NOVEMBRO DE 2018
Da FUP (Federação Única dos Petroleiros) - Beneficiada por indicadores externos, como a valorização dos preços do barril de petróleo e a subvenção do diesel pelo governo federal, a Petrobrás fechou o terceiro trimestre de 2018 com um lucro líquido de R$ 6,64 bilhões. Apesar do valor ter caído 34% em relação ao trimestre anterior, quando a empresa registrou R$ 9,7 bilhões de lucro líquido, a Petrobrás já acumula R$ 23,6 bilhões de lucro em 2018. Os resultados positivos da empresa são reflexos, principalmente, do aumento de 81% do preço do barril do petróleo, registrado entre os terceiros trimestres de 2017 e de 2018.
“Como vínhamos avisando, a crise pela qual a Petrobrás passou foi eminentemente conjuntural e não estrutural, como alegavam os gestores e o mercado para justificar as privatizações”, afirma o coordenador da FUP, José Maria Rangel. “O caminho para a recuperação da empresa é retomar os investimentos e não o contrário. Os resultados da companhia refletem isso”, destaca.
O lucro da Petrobrás neste terceiro trimestre poderia ter sido maior, não fossem os R$ 3,5 bilhões que a empresa despendeu com os acordos judiciais firmados em 27 de setembro com as autoridades dos Estados Unidos para encerrar investigações do Departamento de Justiça (DOJ) e Securities & Exchange Commission (SEC).
Assim como no trimestre anterior, o resultado da companhia também foi impulsionado pela ampliação da sua participação no mercado de derivados (o volume de vendas aumentou 2,9%), principalmente em função do subsídio do diesel. “Com o preço subsidiado, a Petrobrás ocupou o espaço das importadoras de derivados e, por outro lado, recebeu um montante compensatório de subvenção na ordem de R$ 1,6 bilhão neste terceiro trimestre”, explica Rodrigo Leão, diretor técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Zé Eduardo Dutra (Ineep).
Outro fator que tem sido determinante para os resultados positivos da Petrobrás é a alta produtividade do Pré-Sal, que, em setembro, atingiu a marca de 1,783 milhão de barris de óleo equivalente por dia, o que já representa 55,8% de toda a produção brasileira. Não à toa, o segmento de Exploração e Produção (E&P) da empresa registrou lucro operacional de R$ 12,3 bilhões no terceiro trimestre, um aumento de 190% em relação ao mesmo período de 2017.
Só o E&P consumiu 89% dos R$ 32,3 bilhões de investimentos feitos pela Petrobrás ao longo dos três trimestres do ano. Neste terceiro trimestre, os investimentos do setor cresceram 39%, retomando a um patamar próximo ao do terceiro trimestre de 2015. Para Rodrigo isso reflete a intenção da empresa em acelerar a produção do Pré-Sal. Ele, no entanto, alerta que, apesar do potencial destas reservas, "a produção de petróleo e LGN diminuiu 5% em relação ao segundo trimestre de 2018, principalmente pela cessão dos direitos de parte de Roncador”.
Mesmo com a desaceleração dos desinvestimentos, a Petrobrás já acumula R$ 16,8 bilhões em vendas de ativos neste ano. “Precisamos saber se, apesar do Pré-Sal, a trajetória declinante da produção reverterá de forma estrutural o ciclo de queda dos investimentos”, destaca o diretor técnico do INEEP. Outra dúvida que, segundo ele, precisa ser esclarecida é se a maior participação da Petrobrás no mercado de derivados é artificial, já que a companhia foi altamente beneficiada pela política de subvenção do diesel.
O fato é que os resultados positivos deste terceiro trimestre demonstram que a Petrobrás tem plenas condições de ampliar seus investimentos, aumentar a produção e coordenar o mercado de derivados brasileiros, como defendem a FUP e seus sindicatos. “Cabe esperar os próximos resultados da companhia para avaliar se a retomada dos investimentos, principalmente no E&P, é um fenômeno estrutural ou conjuntural”, ressalta Rodrigo.
Brasil 247
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